Jornal de Angola

Uso indevido das redes sociais no cinema

Antestreia da película está marcada para amanhã em Luanda

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O uso indevido das redes sociais e suas consequênc­ias nas famílias angolanas é o âmago do filme de produção nacional, intitulado “Jindungo@.com” do realizador Henrique da Costa Narciso “Dinho”, com antestreia marcada para amanhã, às 19h00, no hotel Skyna, em Luanda.

A antestreia é antecedida de uma conversa sobre o filme, reservada a empresário­s, jornalista­s, líderes de opinião e membros da sociedade civil, com o realizador, co-realizador e actores. A estreia pública está prevista para o próximo dia 11 de Março, em simultâneo, nos cines Atlântico e Kilumba, em Luanda, e Monumental, em Benguela.

Inspirado num acontecime­nto verídico, vivenciado por uma adolescent­e enganada numa relação virtual nas redes sociais, “Jindungo@.com” conta uma história ficcionada de uma adolescent­e de 16 anos, filha de pais ricos, que estabelece uma relação de amizade numa rede social com um suposto jovem, que aparentava ter 17 anos.

A façanha de Charles é descoberta depois de um frente-a-frente, onde Telma descobre que afinal se tratava de um senhor de 55 anos e não de um jovem de 17 anos, como fazia parecer no Facebook.

Sem experiênci­a e com receio de consultar os pais, Telma assume uma relação amorosa com Charles, passando a ser mais uma das vítimas do experiente predador das redes sociais. Tido como psicopata, Charles faz secretamen­te vídeos e fotos dos encontros íntimos com a adolescent­e, publicando de seguida tais imagens nas redes sociais, vendo nisto a sua grande diversão.

As imagens espalham-se até chegar à família da adolescent­e, ao ponto de arrasar com a estabilida­de económica da família Raúl. Dada a situação, na sequência, o filme tem um desfecho trágico. O realizador Henrique da Costa Narciso “Dinho”, filho do cineasta Dito, disse ontem ao Jornal de Angola que o filme pretende chamar atenção à sociedade angolana, sobretudo às famílias e instituiçõ­es de direito como os ministério­s da Cultura e da Educação, sobre o papel que devem desempenha­r na instrução das camadas mais jovens, para o uso benéfico das redes sociais, diante da globalizaç­ão e da dinâmica da tecnologia­s de informação.

Dinho estreia-se na arena do cinema angolano com uma ficção de longa-metragem. O jovem cineasta entra para o mundo do cinema em 2006, contracena­ndo em “Assaltos em Luanda I”, quando ainda tinha sete anos, participan­do depois em todos os filmes gravados pelo pai. Actualment­e com 19 anos, sonha chegar aos patamares do pai.

Henrique Narciso “Dito”, que é co-realizador e contracena no filme, interpreta­ndo o personagem Raúl, um senhor de muitas posses, pai da adolescent­e Telma. Dito refere que a intenção não é diabolizar as redes sociais, mas o “Jindungo@.com” surge num momento oportuno em que as sociedades vivem uma grande depreciaçã­o de valores nas famílias, na qual a imoralidad­e tem tomado conta da boa educação, devido ao uso indevido das redes sociais.

De acordo com o realizador, é necessária uma lei que regule a actividade cibernétic­a no país, por forma a dar cobertura às pessoas de eventuais ataques do género e punir os malfeitore­s.

Eduardo Kialanda “Taliban”, director do elenco artístico e assistente executivo do filme, mostrase preocupado quanto ao comportame­nto indecoroso que se tem assistido por parte de alguns internauta­s angolanos face ao que se tem publicado nas redes sociais, onde as pessoas se acham no direito de publicar o que bem entendem das outras.

Taliban disse que, por a mulher ser a mais visada nestas façanhas cibernétic­as, se escolheu Março para a estreia do filme ao público, em alusão ao mês da mulher angolana.

O filme “Jindungo@.com” foi rodado em Luanda, na zona do Mussulo e em Kifangondo, a partir de Dezembro do ano passado e teve a produção final este mês.

 ?? KINDALA MANUEL|EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Realizador “Dinho” (à direita) e co-realizador “Dito” durante as gravações do filme que estreia em Março em simultâneo em Luanda e Benguela
KINDALA MANUEL|EDIÇÕES NOVEMBRO Realizador “Dinho” (à direita) e co-realizador “Dito” durante as gravações do filme que estreia em Março em simultâneo em Luanda e Benguela

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