Jornal de Angola

A FESTA DA CULTURA Amazonas do Prenda é referência na capital

- MANUEL ALBANO |

Embora não tenha sido da época da Cidrália e os Invejados, que na década de 60 foram os grandes da festa carnavales­ca na capital do país, ou do Kabocomeu, Mundo da Ilha, Kiela, 54, Kazucuta do Sambizanga, o Amazonas do Prenda é já uma referência do nosso Carnaval.

O grupo começou a participar no Carnaval em 1987, tendo participad­o pela primeira vez no desfile de apuramento com mais de 80 grupos que disputaram os lugares em aberto no desfile central na classe de adultos.

O desfile na altura realizou-se no Largo do Kinaxixi, tendo o grupo ficado em vigésimo lugar. Neste mesmo ano, teve a sua primeira participaç­ão no Carnaval de Luanda, no então desfile livre no largo do Kinaxixi com Eva Santos a (primeira rainha), São João (rei), Sebastião Bessa (comandante) e Ana Miguel, Miller Gomes e Zito João (vocalistas), Bernardo João, Zé Osso, Sebastião Mendes e Santos Latim (chefe da marinha), Rei Kid e Zeca Bangão (adjunto e chefe dos fiscais) e Balazo e Domingos Mboloy (adjuntos), tendo na época se classifica­do em 20º lugar.

A falta de experiênci­a foi dando lugar à maturidade e, em 1988, o grupo posicionou-se em 12º lugar, tendo melhorado oito. Melhor preparado do ponto de vista da estrutura organizati­va, em 1989, o grupo carnavales­co União Amazonas do Prenda conquista o seu primeiro lugar e melhor canção, isso na classe B. Esse mérito valeu-lhe o apuramento para participar no desfile central na Marginal, tendo superado grupos já tradiciona­is na época como União 10 Dezembro, 1 de Dezembro, União 54 e União Kassola.

Foram precisos apenas cinco anos, após a sua ascensão à classe dos adultos para que o grupo conquistas­se o seu primeiro grande feito. Mas antes, o grupo teve que fazer um percurso aleatório. Em 1990, classifica-se em quarto lugar e no seguinte, em 1991, baixa uma posição, ocupando o quarto.

Em 1992, com a melhor canção, o grupo conquista o primeiro lugar ao som do semba. Entre altos e baixos desde que atingiu o escalão máximo do Carnaval de Luanda, o grupo tem-se mantido firme e unido, apesar das imensas dificuldad­es passadas, disse, o secretário­geral do grupo, Domingos Mboloy.

De lá para cá, o grupo tem feito o seu percurso alternando entre subidas e descidas, ora na classe A, ora na B. Com a morte do então primeiro presidente e fundador, António Neto Salvador “Kunho”, assume a responsabi­lidade do grupo Fernando Domingos “Muxima”, Zeca Bangão (vice-presidente) e Domingos Mboloy (secretário-geral), depois da realização de uma assembleia testemunha­da pelo representa­nte da Associação Provincial do Carnaval de Luanda (Aprocal), José de Castro.

Em 13 de Novembro de 2000, morre o primeiro presidente e fundador do grupo, António Neto Salvador “Kunho”. A sua morte abalou o grupo, razão pela qual teve inúmeras dificuldad­es em apresentar-se na sua plenitude. “Recebemos a notícia uma semana antes do desfile, o que nos afectou muito, psicologic­amente, mas assim ainda conseguimo­s mobilizar os integrante­s e dançámos o Entrudo”. Neste mesmo ano, ficamos em oitavo lugar.

Sete anos depois, a 20 de Maio de 2007, morre o segundo presidente, Fernando Domingos “Muxima” eleito em 2001. Nessa altura, o grupo é dirigido por Zeca Bangão e Mboloy, numa época em que tinha que competir na liguilha, tendo-se classifica­do em primeiro lugar, acto realizado no Largo das Escolas.

No dia 28 de Novembro de 2009, foi realizada a assembleia do grupo acompanhad­a pelo membro da Aprocal, José de Castro, e, pela administra­ção municipal, o camarada Constantin­o, tendo sido eleito presidente do grupo José da Conceição Pedro Damião “Zeca Bangão” e como secretário-geral Domingos Francisco Mendes Pereira “Mboloy”.

Actualment­e, o grupo carnavales­co União Amazonas do Prenda tem as classes de adulto e infantil, e uma direcção composta por Zeca Bangão (presidente), Domingo Mboloy (secretário-geral), João Lourenço (comandante-geral), Charumbo Paulo (director cultural), João Pico (chefe dos tocadores) e Maria Francisco (logística).

O tema da canção em quimbundo é “Mukwa sanzala”, que fala sobre a história do grupo, conta um pouco da sua trajectóri­a, sucessos e insucessos, sítios, lugares e a cultura do povo do bairro Prenda. O União Amazonas do Prenda vai-se apresentar na sua máxima força, por forma a continuar a dignificar a maior manifestaç­ão cultural dos angolanos. Para isso, disse, o secretário­geral, Domingos Mboloy, à Marginal da Praia do Bispo, o grupo vai levar mais de 250 integrante­s.

Para esse ano, a aposta do grupo passa por criar condições no sentido de conquistar o primeiro lugar da classe infantil. Para o efeito, realçou, está a trabalhar para manter uma boa logística, investimen­to na alegoria e na indumentár­ia, categorias que acredita serem um dos seus pontos fracos.

Com o lema “Amazonas 30 anos”, Domingos Mboloy explicou que precisam de três milhões de kwanzas, um orçamento para os dois grupos. Para essa empreitada, o grupo conta com o apoio dos empresário­s Pinto Conto e Fernando Gomes. “Estamos a mobilizar mais de 300 crianças para fazer o assalto à nova Marginal da Praia do Bispo, por forma a conseguirm­os conquistar o primeiro lugar.”

Criar fontes de rendimento por forma a dar maior dignidade ao grupo tem sido uma das maiores apostas do grupo, disse, Domingos Mboloy. Actualment­e, o grupo carnavales­co União Amazonas do Prenda tem um salão de festa, que tem sido uma das alternativ­as de angariação de receitas para o cofre da agremiação.

A ideia, destacou, é tornar o espaço, multifunci­onal, que possa ser aproveitad­o para outros serviços. Tem sido o “quartel general” do Cassules do Prenda. “Queremos melhorar as condições para oferecer um melhor serviços aos clientes que procuram o nosso espaço para aluguer.”

O recinto, com cobertura total, tem aproximada­mente as dimensões de um campo de futebol salão e serve igualmente para as actividade­s pessoais dos integrante­s do União Amazonas do Prenda. “Não tem sido fácil manter a estrutura do grupo funcional, porque nos dias de hoje, temos que ser engenhosos para conseguir convencer alguns foliões a dançarem pelo grupos, porque têm sido aliciados por outros grupos da capital.”

Com a sua sede localizada na rua da Capela, o grupo já tem no seu palmarés as seguintes classifica­ções:

Em 1987- teve a primeira participaç­ão no Carnaval, desfile livre no Largo do Kinaxixi, tendo-se classifica­do em 20º lugar;

Em 1988- ficou em 12º lugar no desfile livre realizado no Largo do Kinaxixi;

Em 1989- classifico­u-se em primeiro no Largo do Kinaxixi;

Em 1990- 4º lugar e melhor canção no desfile central;

Em 1991- 5º lugar no desfile central;

Em 1992- 1º lugar e melhor canção no desfile central; Em 1993- não houve carnaval Em 1994- 5º lugar e melhor canção no desfile central;

Em 1996- 2 º lugar e melhor canção no desfile central;

Em 1997- 3º lugar e melhor canção no desfile central;

Em 1998- 7º lugar e melhor canção no desfile central;

Em 1999- 5º lugar e melhor canção no desfile central;

Em 2000- 9º lugar e melhor canção no desfile central;

Em 2001- 7º lugar e melhor canção no desfile central; Em 2002-3º lugar na classe B; Em 2003- 8º lugar e melhor canção no desfile central; Em 2004- 5º lugar na classe B; Em 2005- 10º lugar e melhor canção no desfile central; Em 2006- 3º lugar na classe B; Em 2007- 8º lugar e melhor canção no desfile central; Em 2008- 5º lugar na classe B; Em 2009- 11º lugar e melhor canção no desfile central; Em 2010- 4º lugar na classe B; Em 2011- 10º lugar e melhor canção no desfile central; Em 2012- 3º lugar na classe B; Em 2013- 12º lugar no desfile central;

Em 2014- 10º lugar no desfile central;

Em 2015- 1º lugar e melhor canção no desfile central;

Em 2016- 15º lugar e melhor canção no desfile central.

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O grupo carnavales­co União Njinga Mbandi de Viana venceu o Carnaval 2016 dançando ao estilo Cabecinha levando ao palco centenas de foliões

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