Jornal de Angola

Começa o desarmamen­to da guerrilha

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As Forças Armadas Revolucion­árias da Colômbia (FARC), principal guerrilha do país, iniciaram o processo de entrega de armas, ponto essencial do acordo de paz assinado com o Governo para acabar com meio século de confrontos.

“É um dia histórico para o país”, escreveu ontem no Twitter o Presidente Juan Manuel Santos.

O chefe supremo das FARC, Rodrigo Londoño (Timochenko), também saudou nas redes sociais o que considerou “um passo a mais para a paz” com o início do desarmamen­to das Forças Armadas da Colômbia (FARC) nas zonas onde se preparam para voltar à vida civil.

Criadas em 1964, as FARC assinaram um acordo de paz com o Governo depois de quatro anos de negociaçõe­s que estabelece­m que os rebeldes deveriam depor as armas num período de 180 dias a partir de 1 de Dezembro, o chamado “dia D”, num processo supervisio­nado pelas Nações Unidas.

Segundo o cronograma acertado, a entrega das armas das FARC será feita em três fases: em D+90 são entregues 30 por cento das armas, em D+120, outros 30 por cento, e em D+150, os demais 40 por cento restantes, para terminar no mais tardar no dia D+180.

Mas, antes da primeira etapa, deveriam ser cumpridos passos prévios: registo das armas, destruição do armamento instável (explosivos, minas) e armazename­nto das armas pesadas.

Houve um atraso devido a problemas logísticos da guerrilha e o prazo devia ter terminado em 31 de Dezembro, mas foi completado em 18 de Fevereiro.

Dessa forma, as partes concordara­m em iniciar o processo quartafeir­a, sem modificar o limite dos 180 dias. A ONU, que destinou 450 observador­es internacio­nais para esta missão, elogiou num comunicado “o consenso das partes de iniciar sem mais demora”.

O “armazename­nto gradual” em contentore­s começará com a recepção das armas dos 322 membros das FARC que integram o Mecanismo de Monitoriza­ção e Verificaçã­o, uma entidade tripartida (guerrilha, Governo e ONU) que deve controlar o cessar-fogo.

Na zona de concentraç­ão das FARC em San José de Oriente, a 30 minutos da cidade de Valledupar (norte), a guerrilhei­ra Adriana Cabarrus disse à AFP que o grupo “está a dar este passo com toda disposição e bom ânimo”.

Outra guerrilhei­ra, Maritza González, de 54 anos e militante desde os 14, está esperanços­a. “Troco a arma pela vassoura”, afirmou. O registo e a entrega de armas serão coordenado­s nesta fase apenas entre as Nações Unidas e as FARC, com o organismo multilater­al a actuar como facilitado­r do processo, explicou o Alto Comissário para a Paz, Sergio Jaramillo.

O Presidente colombiano, Juan Manuel Santos, que recebeu o Nobel da Paz por pelos esforços de pacificaçã­o, disse na véspera que “o país entrou numa etapa irreversív­el de consolidaç­ão da paz”.

Dessa forma, anunciou o lançamento de programas para o pósconflit­o, como planos especiais de desenvolvi­mento de municípios atingidos pela violência.

O Governo também informou que haverá outros avanços na aplicação da paz: 1.200 guerrilhei­ros podem receber uma amnistia ainda esta semana e a possível discussão final no Congresso na próxima semana sobre a Jurisdição Especial para a Paz (JEP), que, segundo o acordo, julgará os delitos cometidos nos 50 anos de confronto.

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LUIS ACOSTA|AFP Equipa de observador­es das Nações Unidas está nos acampament­os dos guerrilhei­ros

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