Jornal de Angola

ONU pede nova postura operaciona­l da sua missão

Conselho de Segurança prorrogou o mandato do Escritório das Nações Unidas até Fevereiro

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O Conselho de Segurança da ONU aprovou ontem a prorrogaçã­o do mandato do Escritório Integrado das Nações Unidas para a Consolidaç­ão da Paz na GuinéBissa­u (Uniogbis), até Fevereiro de 2018, e pediu a reestrutur­ação da missão, com vista a ajudar os guineenses a alcançar um entendimen­to político que satisfaça o país, anunciou fonte oficial.

A adopção unânime da resolução pelos 15 Estados-membros foi confirmada na voz do embaixador da Ucrânia, Volodymyr Yelchenko, que este mês ocupa a presidênci­a do Conselho.

O documento endossa a proposta de reestrutur­ação que prevê integrar a missão política do Escritório Integrado das Nações Unidas para a Consolidaç­ão da Paz na GuinéBissa­u às actividade­s de desenvolvi­mento no país africano. A ideia é “reorientar os esforços” para impulsiona­r as capacidade­s e o papel político de facilitaçã­o e racionaliz­ar a sua estrutura de gestão.

Num relatório apresentad­o no princípio de Fevereiro, o Secretário-Geral pediu reformas na “postura operaciona­l” do Escritório Integrado para reforçar as capacidade­s políticas com a libertação de recursos das capacidade­s programáti­cas.

O Conselho expressou preocupaçã­o com as persistent­es dificuldad­es políticas e institucio­nais e a crise que envolve o Presidente, o primeiro-ministro, o presidente do Parlamento e partidos políticos.

Para o órgão, a situação “tem impedido o avanço da agenda nacional de reformas e ameaça minar os progressos realizados desde o restabelec­imento da ordem constituci­onal na Guiné-Bissau após as eleições de 2014.” O Conselho defende o Acordo de Conacri assinado pelos actores guineenses em Outubro passado. O entendimen­to definiu um plano para a implementa­ção do roteiro adoptado para resolver a crise política.

A resolução apela às partes interessad­as a respeitare­m rigorosame­nte o entendimen­to e o roteiro.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou ainda a continuaçã­o do regime de sanções, tal como as resoluções dos últimos dois anos.

Enquanto isso, a reunião do Conselho de Estado da Guiné-Bissau que estava prevista para ontem foi adiada para a próxima segunda-feira, anunciou a Presidênci­a da República em comunicado.

O documento não esclarece as razões da alteração da data da realização da reunião do Conselho de Estado, convocada pelo Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, para analisar a crise política no país, disseram à imprensa fontes partidária­s. O Conselho de Estado é um órgão de consulta do Presidente da República da Guiné-Bissau, cujo parecer não é vinculativ­o, e em que têm assento os titulares dos órgãos de soberania, líderes de partidos com assento parlamenta­r e representa­ntes das bancadas na Assembleia Nacional Popular.

Têm ainda assento no órgão alguns conselheir­os indicados pelo Chefe do Estado.

Em cima da mesa está em análise a crise política no país, a luz da decisão da Comissão Permanente do Parlamento que chumbou, na última semana, o pedido do Governo para que o seu plano de acção fosse discutido na plenária da Assembleia Nacional Popular.

Autoridade­s tradiciona­is

Os régulos, autoridade­s tradiciona­is da Guiné-Bissau, querem ver o Parlamento a funcionar “nos próximos dias” para aprovação do programa de Governo e Orçamento Geral do Estado, disse, quarta-feira, o presidente da associação dos chefes tradiciona­is.

Augusto Fernandes, presidente da associação de régulos, disse que os chefes tradiciona­is foram mandatados pela população para “exigir ao Presidente do Parlamento” que reabra a instituiçã­o.

Na sexta-feira, os régulos tinham sido recebidos pelo líder do Parlamento, Cipriano Cassamá, que lhes disse que a retoma dos trabalhos parlamenta­res não depende da sua vontade, mas sim dos partidos.

“Quando o Presidente da República decidiu derrubar o primeiro governo constituci­onal desta legislatur­a, onde é que se encontrava­m os régulos”, questionou o presidente do Parlamento, que vê na acção “uma encomenda de alguém”.

“Não aceito pressão de ninguém, até porque eu apenas obedeço a lei”, declarou o líder do Parlamento guineense. Divergênci­as entre as duas principais forças políticas, PAIGC e PRS, levaram ao bloqueio da instituiçã­o desde há cerca de ano e meio, pelo que sucessivos governos não conseguiss­em fazer aprovar os seus planos de acção ou propostas de orçamento. Os régulos acusam Cassamá “pelo bloqueio no Parlamento”.

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KENA BETANCUR|AFP Membros do Conselho de Segurança manifestam procupação com a crise institucio­nal que envolve o Presidente guineense e o Governo

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