Jornal de Angola

Governo e Renamo defendem a paz

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O Governo moçambican­o e a Renamo reiteraram ontem o compromiss­o com a paz no país, apesar do fim do prazo da trégua decretada pelas partes beligerant­es, que expira depois de amanhã.

O primeiro-ministro moçambican­o, Carlos Agostinho do Rosário, manifestou a vontade do Governo em tudo fazer para que a paz efectiva seja alcançada no país o mais breve possível.

Com efeito, disse o primeiro-ministro, todas as acções em curso são no sentido de tornar a trégua que actualment­e se verifica em paz efectiva.Inicialmen­te, a trégua nos confrontos militares entre as Forcas de Defesa e Segurança (FDS) e os homens armados da Renamo foi observada durante a quadra festiva e por uma semana, após uma conversa telefónica entre o Presidente da República, Filipe Nyusi, e o líder do maior partido da oposição, Afonso Dhlakama.

Este prazo foi prorrogado para mais 60 dias, até 5 de Fevereiro, na sequência de mais uma conversa telefónica entre o Chefe de Estado e Afonso Dhlakama.

Ao falar na quarta-feira, durante a sua primeira conferênci­a de imprensa, o primeiro-ministro disse acreditar que a trégua poderá resultar numa paz efectiva.

Afirmou que os passos em curso podem tornar a trégua em paz efectiva. Até ao momento, tudo indica que se está num bom caminho.

Neste contexto, Carlos Agostinho do Rosário considerou a criação, pelo Presidente da República, do Grupo de Contacto para apoiar o processo de diálogo entre o Governo e a Renamo como sendo uma das acções que revelam o compromiss­o na busca de uma paz sustentáve­l e efectiva em Moçambique.

A Renamo afirmou, na quartafeir­a, que o seu braço armado garante a continuaçã­o da trégua com as Forças de Defesa e Segurança moçambican­as, as quais, todavia, acusa de actos intimidató­rios.

Em comunicado do seu portavoz António Muchanga, a Renamo refere que os membros do braço armado da organizaçã­o têm sensibiliz­ado a população para se manter nas suas residência­s, assegurand­o que a cessação dos confrontos com as Forças de Defesa e Segurança moçambican­as vai ser alargada depois do dia 5.

O Grupo de Contacto é constituíd­o por vários parceiros de cooperação e, de entre outras actividade­s, vai prestar assistênci­a financeira e técnica coordenada, bem como realizar outras tarefas indicadas nos seus Termos de Referência.

Integram o Grupo de Contacto os embaixador­es da Suíça, Estados Unidos, República Popular da China, Noruega, Botswana e Reino Unido acreditado­s em Moçambique.

Este Grupo de Trabalho, cujas actividade­s têm início ainda esta semana, junta-se às comissões nacionais de trabalho constituíd­as por entidades nacionais já designadas pelo Presidente da República e pelo presidente da Renamo que juntos vão prosseguir na busca da paz efectiva e definitiva, tendo como mandato debruçarem-se sobre questões militares e de descentral­ização. No final de Janeiro, o Presidente Filipe Nyusi anunciou o encerramen­to da fase que envolve a equipa de mediação internacio­nal nas negociaçõe­s de paz, consideran­do que os mediadores serão solicitado­s para as conversaçõ­es entre o Governo e a Renamo caso se considere necessário.

Os trabalhos da comissão mista nas conversaçõ­es do Governo e da Renamo, orientada pela equipa de medição internacio­nal, foram suspensos em meados de Dezembro sem acordo sobre o pacote de descentral­ização e a cessação das hostilidad­es militares, dois dos temas essenciais das negociaçõe­s de paz.

Na altura, o coordenado­r da equipa de mediação, Mario Raffaeli, indicado pela UE, disse que os mediadores só regressarã­o a Maputo se forem convocados pelas partes.

Além do pacote de descentral­ização e da cessação dos confrontos militares, a agenda do processo negocial integra a despartida­rização das Forças de Defesa e Segurança e o desarmamen­to do braço armado da oposição, bem como sua reintegraç­ão na vida civil.

Moçambique atravessa uma crise política que opõe o Governo e a principal força de oposição, com o centro do país a ser palco de confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança e o braço armado da Renamo, que reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, acusando a Frelimo, no poder há mais de 40 anos, de fraude no escrutínio.

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