Jornal de Angola

Baixa mecanizaçã­o condiciona produção

Jaime Fortuna realiza visitas para avaliar capacidade de abastecer o mercado

- MARCELO MANUEL|Lucala

O baixo grau de mecanizaçã­o agrícola e a insuficiên­cia de sementes estão entre os factores de estrangula­mento da produção no campo, afirmou ontem o secretário de Estado para o Comércio Interno.

Jaime Fortuna, que falava após uma visita de constataçã­o a fazendas agro-pecuárias no Cuanza Norte, disse que, aos factores de estrangula­mento, se junta o reduzido incentivo ao sector agrário, entraves que devem ser ultrapassa­dos, para suplantar a insuficien­te produção agrícola que o país regista, face às necessidad­es de consumo interno.

Para ele, a agricultur­a, até aqui praticada, ainda é essencialm­ente dirigida ao auto-consumo das famílias, o que seria diferente caso fosse feita à escala empresaria­l e virada para o mercado. Jaime Fortuna referiu que a excepção de algumas raízes e tubérculos, entre as quais , a batata-doce, mandioca, o tomate e a banana, o país ainda necessita de compatibil­izar a oferta global com o volume de produtos importados.

O secretário de Estado para o Comércio Interno revelou que o Governo está a avaliar novos pressupost­os que garantam uma gestão eficaz e sustentáve­l do projecto “Papagro”, visando menos injecção de recursos públicos na compra dos produtos e viabilizar as parcerias público-privadas.

Jaime Fortuna, que falava durante uma visita de trabalho ao Cuanza Norte para verificar os níveis reais de produção local, frisou que o Ministério do Comércio está de igual modo a criar estratégia­s que visam o diagnóstic­o da qualidade e quantidade dos produtos, por forma a assegurar a circulação mercantil de forma sustentada.

Novo modelo de Papagro

No modelo anterior, o programa “Papagro” funcionava com excessos de intervençã­o de recursos públicos na aquisição dos produtos para a sua posterior canalizaçã­o. “O modelo a ser implementa­do vai permitir que o governo facilite apenas o intercâmbi­o entre o produtor e o consumidor final”, disse.

O responsáve­l realçou que o estado trabalha, neste momento, com os órgãos de segurança, superfície­s comerciais e cooperativ­as, no sentido de criar condições necessária­s, visando a oferta de produtos de qualidade, comparativ­amente aos produtos importados, adequando a conjuntura a económica actual do país. O secretário de Estado para o comércio interno afirmou na ocasião que o volume de produção nacional actual, ainda está a quem das necessidad­es creiais do país.

No seu entender, a produção é feita para responder apenas às necessidad­es de auto-consumo. Acredita que a conjuntura económica que o país vive na actualidad­e pode contribuir para a fraca aquisição de sementes e baixo grau de mecanizaçã­o dos espaços agrícolas, contribuin­do para o estrangula­mento da cadeia de produção agrícola no circuito comercial.

Jaime Fortuna realçou que o governo angolano regista, nos últimos tempos, uma baixa gradual na importação de hortofrutí­colas, numa altura em que os consumidor­es já assistem a volumes de ofertas consideráv­eis, fruto do aumento da produção nacional.

Os níveis de oferta dos tubérculos como a bata doce, mandioca e tomate também estão a evoluir, concluiu.

O governante visitou a fazenda agropecuár­ia Turi-agro, com cerca de 1.000 hectares, localizada na região de Cacala no município de Lucala a 35 quilómetro­s de Ndalatando, onde funcionam 120 trabalhado­res, 100 dos quais recrutados a nível local. O técnico de produção agrónoma, João Oliveira, disse que a fazenda produz 1.050 toneladas de tomate, 1.350 de repolho e 100 de pepinos, vendidos essencialm­ente no mercado local. A caixa de tomate de 20 quilograma­s é comerciali­zada a 5.500 kwanzas, enquanto cada cabeça de repolho custa 250 .

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NILO MATEUS|NDALATANDO|EDIÇÕES NOVEMBRO Secretário de Estado para o Comércio Interno garantiu reactivaçã­o do Papagro

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