Baixa mecanização condiciona produção
Jaime Fortuna realiza visitas para avaliar capacidade de abastecer o mercado
O baixo grau de mecanização agrícola e a insuficiência de sementes estão entre os factores de estrangulamento da produção no campo, afirmou ontem o secretário de Estado para o Comércio Interno.
Jaime Fortuna, que falava após uma visita de constatação a fazendas agro-pecuárias no Cuanza Norte, disse que, aos factores de estrangulamento, se junta o reduzido incentivo ao sector agrário, entraves que devem ser ultrapassados, para suplantar a insuficiente produção agrícola que o país regista, face às necessidades de consumo interno.
Para ele, a agricultura, até aqui praticada, ainda é essencialmente dirigida ao auto-consumo das famílias, o que seria diferente caso fosse feita à escala empresarial e virada para o mercado. Jaime Fortuna referiu que a excepção de algumas raízes e tubérculos, entre as quais , a batata-doce, mandioca, o tomate e a banana, o país ainda necessita de compatibilizar a oferta global com o volume de produtos importados.
O secretário de Estado para o Comércio Interno revelou que o Governo está a avaliar novos pressupostos que garantam uma gestão eficaz e sustentável do projecto “Papagro”, visando menos injecção de recursos públicos na compra dos produtos e viabilizar as parcerias público-privadas.
Jaime Fortuna, que falava durante uma visita de trabalho ao Cuanza Norte para verificar os níveis reais de produção local, frisou que o Ministério do Comércio está de igual modo a criar estratégias que visam o diagnóstico da qualidade e quantidade dos produtos, por forma a assegurar a circulação mercantil de forma sustentada.
Novo modelo de Papagro
No modelo anterior, o programa “Papagro” funcionava com excessos de intervenção de recursos públicos na aquisição dos produtos para a sua posterior canalização. “O modelo a ser implementado vai permitir que o governo facilite apenas o intercâmbio entre o produtor e o consumidor final”, disse.
O responsável realçou que o estado trabalha, neste momento, com os órgãos de segurança, superfícies comerciais e cooperativas, no sentido de criar condições necessárias, visando a oferta de produtos de qualidade, comparativamente aos produtos importados, adequando a conjuntura a económica actual do país. O secretário de Estado para o comércio interno afirmou na ocasião que o volume de produção nacional actual, ainda está a quem das necessidades creiais do país.
No seu entender, a produção é feita para responder apenas às necessidades de auto-consumo. Acredita que a conjuntura económica que o país vive na actualidade pode contribuir para a fraca aquisição de sementes e baixo grau de mecanização dos espaços agrícolas, contribuindo para o estrangulamento da cadeia de produção agrícola no circuito comercial.
Jaime Fortuna realçou que o governo angolano regista, nos últimos tempos, uma baixa gradual na importação de hortofrutícolas, numa altura em que os consumidores já assistem a volumes de ofertas consideráveis, fruto do aumento da produção nacional.
Os níveis de oferta dos tubérculos como a bata doce, mandioca e tomate também estão a evoluir, concluiu.
O governante visitou a fazenda agropecuária Turi-agro, com cerca de 1.000 hectares, localizada na região de Cacala no município de Lucala a 35 quilómetros de Ndalatando, onde funcionam 120 trabalhadores, 100 dos quais recrutados a nível local. O técnico de produção agrónoma, João Oliveira, disse que a fazenda produz 1.050 toneladas de tomate, 1.350 de repolho e 100 de pepinos, vendidos essencialmente no mercado local. A caixa de tomate de 20 quilogramas é comercializada a 5.500 kwanzas, enquanto cada cabeça de repolho custa 250 .