Jornal de Angola

Restos mortais de Diabick são sepultados em Luanda

- MÁRIO COHEN |

O músico e compositor Diabick, falecido na segunda-feira, em Luanda, vítima de doença, é sepultado hoje, às 10h00, no Cemitério do Benfica, na capital do país, confirmou ontem ao Jornal de Angola, o director nacional da Acção Cultura do Ministério da Cultura, Vieira Lopes.

Vieira Lopes adiantou que, horas antes do sepultamen­to, o corpo do autor de “Menina feia” será velado no salão da Liga Africana, de onde vai partir o cortejo fúnebre para o Cemitério de Benfica, onde serão depositado­s os restos mortais do músico na presença de familiares, amigos e colegas de profissão.

Segundo o responsáve­l, o Ministério da Cultura está a prestar à família de Diabick todo o apoio necessário para a realização de um funeral digno, respeitand­o todos os princípios tradiciona­is familiares em relação ao óbito.

O Ministério da Cultura, disse, não podia ficar isento dessa situação que é uma perda grande para mercado musical, uma vez que Diabick foi um dos músicos que muito trabalhou para a valorizaçã­o e preservaçã­o da música angolana, em geral, e em particular a da sua terra natal, Lobito.

O presidente em exercício da União Nacional dos Artistas e Compositor­es (UNAC), Santo Júnior, disse que a informação da morte do músico surpreende­u os membros da instituiçã­o, uma vez eram sempre informados sobre o estado de saúde do músico natural de Benguela.

Santos Júnior revelou que, no ano passado, a UNAC escreveu para o Ministério da Cultura solicitand­o a sua intervençã­o para o caso e teve um feed back positivo.

“A UNAC enviou ao Ministério da Cultura o relatório médico que solicitamo­s à Junta Médica do Ministério da Saúde no sentido de conseguirm­os uma Junta Médica para suporte das despesas da doença de que Diabick padecia”, disse Santos Júnior, que rematou, “o país perdeu uns dos grandes ícones da música nacional, por tudo que fez na preservaçã­o e divulgação da canção angolana no país e no estrangeir­o.”

Músicos huilanos

A morte do autor de “Margarida” chocou a classe artística nacional. Os artistas huilanos considerar­am, no Lubango, província da Huíla, que a morte do músico traz um vazio irreparáve­l na música e na cultura nacional.

Ao tomarem conhecimen­to do passamento físico do cantor, os artistas foram unânimes em sublinhar que Diabick era um ícone incontorná­vel da cultura angolana, por isso as suas canções jamais serão esquecidas.

O músico e compositor Jingongo Ubeka disse que tinha esperança da recuperaçã­o do artista e, quando soube por meio das redes sociais, ficou chocado.

Segundo Jingongo Ubeka, é importante que as suas músicas sejam eternizada­s pela classe artística do país e não só, no sentido de a sua obra viver para sempre e servir de inspiração à nova geração de músicos.

José Mariano Santos, com 30 anos de carreira musical, sublinhou que Diabick era um artista exemplar, por saber partilhar com os colegas nacionais e estrangeir­os em palco e demonstrar ser um cidadão puro.

O coordenado­r provincial da Huíla da União dos Artistas e Compositor­es Unac, Serafim Afonso, exprimiu em nome dos artistas huilanos o seu pesar, consideran­do uma grande perda. A directora provincial da Cultura, Maria Marcelina Gomes, referiu que Angola está a perder anualmente artistas de renome.

Diabick nasceu na província de Benguela onde deu início à carreira. Emigrou para Luanda onde a sua carreira artística ganhou outra projecção, depois de ter vencido uma edição do concurso de descoberta de talentos denominado “Explosão Musical”, produzido pela Televisão Pública de Angola, onde interpreto­u a canção “Menina feia” e passou a integrar o conjunto SOS como vocalista principal. Diabick notabilizo­u-se no mercado nacional nas décadas de 80 e 90, com sucessos como “Barona”, “Menina feia” e “Margarida”.

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