Disfunções afectam muitas mulheres
NA ZONA PÉLVICA Infecções urinárias podem causar lesões e originar flacidez na muscultura
É comum depois de se atingir uma certa idade ou aumento de peso, tanto mulheres como homens procurarem um especialista em ginecologia ou urologia, por apresentarem quadros de prolapsos urogenitais (queda de bexiga, recto e útero), flacidez vaginal, incontinência urinária, fecal e dores durante as relações sexuais. Mas, apesar de muitos exames e tratamentos, pouco tempo depois, os pacientes voltam a queixar-se dos mesmos problemas e, por vezes, com maior intensidade.
Isto acontece porque o problema não é só de foro ginecológico ou urológico, mas sim de falta de fisioterapia pélvica, que é uma especialidade da fisioterapia que actua na prevenção e tratamento não cirúrgicos das diferentes disfunções da região pélvica.
Em Angola, a matéria soa como novidade, por existir apenas uma única especialista. Adalgisa Jurelma Mualubambo, formada pela Faculdade Inspirar do Curitiba (Brasil), que explicou a natureza da especialidade e os graves problemas que a falta de acompanhamento de um fisioterapeuta pélvico pode causar na vida de quem sofrer de tal patologia.
Disse que a fisioterapia pélvica abrange tratamentos nas áreas de urologia, ginecologia, coloproctologia (sistema intestinal e estruturas relacionadas) e sexologia. “E a realidade em Angola não é boa, porque existem muitas mulheres que reclamam de fortes dores na zona da bexiga e dificuldades em segurar a urina ou fezes, sem saber na verdade as reais causas”, sublinhou.
Com muitos especialistas em ginecologia e urologia não têm conhecimento suficiente nesta área, disse, tratam os pacientes na tentativa de remediar a situação. Acrescentou que, “com a existência da especialidade de fisioterapia pélvica, já se sabe onde tocar, como tocar e que tipo de exercícios dar à paciente para que ela seja curada.” Adalgisa Jurelma Mualubambo explicou que tanto homens como mulheres podem ser acometidos por disfunções na pélvis humana, mas as mulheres estão em maior escala devido aos partos, gestações gemelares (gémeos), aumento substancial do peso corporal e à menopausa, que causa a perda de estrogênio. “E isto leva ao enfraquecimento dos musculos genitais, o que dificulta a sensação de prazer na relaçoes sexuais.”
De acordo com a especialista, é importante que as mulheres que passarem por este processo consultem um fisioterapeuta pélvico, porque o fortalecimento dos musculos na zona pélvica trará maior segurança, trata a incontinência urinária e fecal pré e pós operatório e promove tratamento eficaz para bexiga hiperactiva e dor pélvica crônica. Para os homens o efeito é o mesmo, mas a especilista diz que, por questões culturais, estes têm receio de procurar um profissional de saúde para tratar de assunto ligados à região genital. “São preconceitos que acabam por prejudicar a qualidade de vida activa normal e sexual dos homens.”
Adalgisa Mualubambo aconselha os homens que são submetidos a cirurgias da próstata a consultarem um fisioterapeuta pélvico para corrigir a incontinência urinária e a ejaculação precoce ou tardia que, comummente, ocorrem nestes casos.
A especialista sublinhou que, dos casos já assistidos no país, as mulheres dos 25 anos de idade em diante são as que mais solicitam os serviços e apela às de menor idade a procurarem uma especialista. O acompanhamento por uma especialista, além de fortalecer a musculatura da região pélvica, também previne infecções urinárias. “E as infecções urinárias de repetições podem causar lesões na zona pélvica e originar flacidez na musculatura”, referiu.
Incontinência urinária, dores durante as relações sexuais sem motivo aparente, bexiga hiperactiva e ejaculação precoce ou tardia são sinais que ajudam a determinar se se sofre de algumas disfunções na região pélvica ou não.
Tipos de exame
Para se saber do estado da musculatura da pélvis-humana, são feitos testes, usando uma tabela de oxford e aparelhos apropriados, que ajudam a determinar o nível de flacidez e os exercícios adequados para fortalecimento dos mesmos músculos.
Muitas vezes, sessões de fisioterapia pélvica são suficientes para que o paciente volte para casa devidamente curado. Outras vezes, o paciente necessita de um acompanhamento ginecológico e por vezes psicológico, para depois ser novamente assistido por um fisioterapeuta pélvico.
Medidas de prevenção
Tanto homens como mulheres, mas principalmente estas, devem conhecer a sua musculatura pélvica, não retardar as idas ao quarto de banho e fazer exercícios adequados para fortalecer os músculos desta região.
Segundo a especialista, dependendo dos casos, as sessões de fisioterapia variam muito do quadro de cada um. Para os casos mais básicos, 10 a 15 sessões bastam, mas há pacientes que precisam de mais de 30 sessões.
Adalgisa presta serviços na clínica da Endiama e ao domicílio.