Acabar com os vícios do passado
Gestores sem cultura de manutenção de bens públicos vão ser punidos de forma exemplar
Mesmo com a alta temperatura que se fez sentir ontem a meio da manhã em Luanda – a maior praça eleitoral do país - com registo de 39-40ºC e uma sensação térmica ainda mais alta, a população permaneceu no Campo da Mabor-Malha, no Cazenga, para ver e ouvir João Lourenço, o candidato do MPLA a Presidente da República nas eleições de Agosto próximo. A organização do comício estima que acima de 300 mil pessoas estiveram no local e pelo menos quatro milhões acompanharam em directo o discurso a partir de plataformas digitais. À multidão que desde cedo esteve no local, João Lourenço fez questão de agradecer pela mensagem de apoio e de união que também ela transmitiu ao candidato. Num discurso em que, uma vez mais, de improviso, reafirmou a necessidade de se acabar com os “vícios do passado”, por uma Angola melhor para os angolanos, João Lourenço avisou que é do Cazenga que o MPLA parte à conquista de Luanda, nas eleições de Agosto.
O candidato do MPLA a Presidente da República prometeu ontem que o seu Governo, caso vença as eleições gerais, vai tomar medidas para baixar consideravelmente o preço das obras, principalmente estradas e habitação social, bem como garantir a qualidade das infraestruturas construídas.
“Não pode haver construção para Europa e outra para Angola, porque uma estrada feita em Angola ou na Europa tem de ter a mesma qualidade e durabilidade, tendo em conta que o seu objecto social é o mesmo”, argumentou João Lourenço, lembrando ainda que a redução do preço das empreitadas vai permitir a construção de mais estradas, pontes, barragens, escolas, hospitais e habitações sociais.
João Lourenço, que falava durante o acto político de massas realizado no campo da Mabor Malha, município do Cazenga, garantiu também que vai passar a punir os gestores que se descuidarem da manutenção das infra-estruturas públicas, porque gastam milhões para construção e se esquecem da manutenção dos bens públicos.
“Isso deve ser corrigido, porque o dinheiro gasto é dos contribuintes”, declarou, alertando que o Governo vai incentivar a cultura de manutenção dos bens públicos, antes de punir quem não seguir a orientação.
Para João Lourenço, “a cultura do comprou, estragou, deitou fora e comprou outro tem de acabar, porque por muito petróleo e outras riquezas que Angola tenha não é possível continuar com essa cultura”. Os gestores e cidadãos que preservam os bens públicos e até privados, como carros e equipamentos, devem ser premiados para estimular os demais a seguir o mesmo exemplo. Para o Estado reduzir ainda mais a despesa com a construção destas infra-estruturas sociais e requalificação dos bairros, João Lourenço defende parcerias público-privadas, para apoiar o Governo na construção de um futuro melhor para os angolanos. “Já vem sendo feito, mas continuaremos a fazer depois de Agosto, caso consigamos ganhar as eleições, e continuar a obra de Agostinho Neto e de José Eduardo dos Santos”, disse.
Estruturação das famílias
No seu ponto de vista, é também necessário investir na formação académica e profissional dos cidadãos e resgatar os valores morais e éticos que a sociedade está a perder. “Estamos a trabalhar na estruturação das famílias, para que volte a desempenhar um papel chave na educação das crianças e dos jovens e no resgate dos valores morais e éticos, com apoio das igrejas e da imprensa”, disse, citando o programa matinal do radialista Jorge Gomes, como um exemplo no contributo dos órgãos de comunicação social na educação cívica. João Lourenço disse que depois de vencer as eleições, o Executivo vai desenvolver acções de combate acérrimo ao alcoolismo na juventude e proibir a venda de bebidas alcoólicas em locais próximos de escolas.
Os comerciantes sem escrúpulos, no entender de João Lourenço, que insistirem com este tipo de venda nos locais proibidos, vão ser severamente punidos, tal como os traficantes de drogas. A igreja e organizações da sociedade civil foram chamadas a ajudar os jovens toxicodependentes a recuperarem do vício das drogas.
Durante o acto político de massas do MPLA em Luanda, João Lourenço felicitou as mulheres angolanas pelo seu mês e pelas conquistas alcançadas ao longo da história enquanto mães, educadoras, combatentes, dirigentes políticas, entre outras ocupações. João Lourenço garantiu o seu apoio às mulheres, para o aumento da quota, pelo menos até 50 por cento, em cargos de decisão e no ramo do empreendedorismo e empresariado.
Apelo ao registo
Antes do fim do discurso no campo da Mabor Malha, o candidato do MPLA a Presidente da República apelou aos cidadãos que ainda não fizeram o registo eleitoral a aderirem ao processo, cuja última etapa termina no dia 31.
O campo da Mabor Malha foi escolhido para a realização do primeiro acto político de massas do MPLA em Luanda, por ter sido o local onde teve início, antes do dia 4 de Fevereiro de 1961, a marcha pela libertação dos angolanos que estavam presos injustamente nas cadeias da Polícia colonial portuguesa (PIDE-DGS), por reivindicarem o direito à terra e à liberdade. João Lourenço, que justificou a escolha do local, manifestou a sua satisfação por dar início no município do Cazenga à caminhada para a sua vitória em Luanda. O MPLA em Luanda vai realizar, em breve, outros actos do género nos demais municípios da província.
O primeiro secretário do comité provincial, Higino Carneiro, que apresentou o currículo do candidato do partido aos militantes, disse que estão a ser preparados os próximos encontros.
A nível do município do Cazenga, o primeiro secretário municipal, Nataniel Narciso, assegurou que os militantes estão a trabalhar para garantir a vitória do candidato do partido às eleições, naquela circunscrição.