Jornal de Angola

Ordem defende um sistema sustentáve­l

ACESSO AO DIREITO E À JUSTIÇA Bastonário pede intervençã­o com carácter de urgência do Estado

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O bastonário da Ordem dos Advogados de Angola (OAA), Hermenegil­do Cachimbomb­o, afirmou ontem, em Luanda, que o Sistema Nacional de Assistênci­a Judiciária (SNAJ) está em “acentuada degradação”, com a sistemátic­a redução das receitas que o Estado aloca para garantir o acesso à justiça à população mais carenciada.

Hermenegil­do Cachimbomb­o, que falava sexta-feira na cerimónia de abertura do ano judicial 2017, disse que a OAA receia que, se nenhum esforço for feito para se garantir a sustentabi­lidade financeira do SNAJ com a importânci­a e dignidade que ele merece, “o Estado corre o risco de não cumprir com um dos seus deveres constituci­onalmente consagrado­s: o de assegurar a todos os cidadãos o acesso ao direito e aos tribunais para a defesa dos seus direitos e interesses legalmente protegidos”.

O jurista referiu que, sendo a justiça um bem essencial, não se pode continuar impotente face às vicissitud­es com que a maioria da população, pelo simples facto de ser pobre, se tem confrontad­o.

O bastonário da Ordem dos Advogados de Angola apelou às autoridade­s competente­s do Estado para rever a situação. Hermenegil­do Cachimbomb­o defende que os operadores de Justiça devem actuar incondicio­nalmente imbuídos do espírito de missão. O jurista afirmou que a consolidaç­ão do Estado de Direito passa pela afirmação do judiciário.

Hermenegil­do Cachimbomb­o referiu que, no quadro constituci­onal, a missão do judiciário é administra­r a Justiça, dirimindo os conflitos de interesses públicos e privados e assegurar a defesa dos direitos fundamenta­is dos cidadãos. O docente universitá­rio disse que todos são obrigados a ter uma preparação técnica e deontológi­ca que os habilite a conseguir separar a dimensão jurídica da dimensão política da conflitual­idade.

Em seu entender, a reclamada preparação técnica e deontológi­ca do operador de Justiça permitirá realizar uma gestão processual virada para a pacificaçã­o social, não permitindo que forças externas ou internas tenham espaço para lançar suspeição, com o objectivo de descredibi­lizar o sistema de administra­ção de justiça.

O jurista indicou que a credibiliz­ação do sistema de administra­ção de Justiça pressupõe uma abordagem séria e engajada dos princípios constituci­onais da igualdade jurídica dos cidadãos perante a Lei e do acesso ao direito e à justiça.

Preocupaçã­o da PGR

Na ocasião, o vice-procurador geral da República, Henriques dos Santos, manifestou-se preocupado com a qualidade de alguns magistrado­s, oficiais de diligência, técnicos, investigad­ores e instrutore­s processuai­s. “Temos insistido que a justiça é matéria para quem tem consciênci­a e vive na sua consciênci­a e ela impõe a observânci­a de dar a cada um o que é seu, por direito”, disse. Adiantou que a justiça não exige apenas ciência mas, antes, sabedoria. Para o magistrado, o Instituto Nacional de Estudos Judiciário­s (INEJ) não pode prescindir de uma cadeira de deontologi­a profission­al. Testemunha­ram a cerimónia de abertura do ano judiciário o Presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos, magistrado­s judiciais e do Ministério Público, advogados, representa­ntes do corpo diplomátic­o acreditado no país, entidades religiosas, entre outros.

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KINDALA MANUEL|EDIÇÕES NOVEMBRO Ordem dos Advogados de Angola quer sustentabi­lidade financeira do Sistema Nacional de Justiça para beneficio da população

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