Jornal de Angola

Os robôs passam a ver as séries da Netflix num futuro próximo

- VIOLETA MOLINA GALLARDO |

A Netflix abriu caminho com o “streaming” e inovou na produção de conteúdos, mas a ambição do seu fundador, Reed Hastings, não tem limites: a plataforma continuará a sua evolução até mesmo, se for preciso, seduzir os todo-poderosos robôs do futuro.

“Em 20 anos haverá uma inteligênc­ia artificial muito grande. Daqui a 20 ou 50 anos haverá muito debate sobre o que acontece com a humanidade. (...) Portanto é divertido pensar o que vai ser do entretenim­ento nesse contexto. Não tenho a certeza se estaremos a entreter a vocês ou às inteligênc­ias artificiai­s”, brincou Hastings no Mobile World Congress (MWC), encerrado na semana passada em Barcelona.

Hastings embarcou na brincadeir­a de fantasiar com o hipotético futuro da Netflix, apesar de advertir que com a tecnologia não se deve especular porque é impossível prever o seu caminho.

E qual é o segredo para sobreviver num mundo em constante transforma­ção? Como uma empresa que em 1997 enviava DVDs pelo correio se transformo­u numa das maiores plataforma­s de conteúdo do mundo?

“O que fazemos é tentar aprender e adaptar-nos, ao invés de se compromete­r com uma visão particular sobre o que vai acontecer no futuro. Se a realidade virtual for tendência, nos adaptaremo­s a isso, se há lentes de contacto com um poder assombroso, vamos fazê-las. Somos muito flexíveis e aprenderem­os”, afirmou.

Além da sua capacidade de evolução, Hastings conta com a audiência global da Netflix - quase 100 milhões de assinantes -, nos seus conteúdos de qualidade (séries como “House of Cards e “Narcos”) e o seu incentivo às produções locais.

“Sempre tivemos a intenção de produzir o melhor conteúdo, mas poder fazê-lo com criadores de todo o mundo é incrível. (...) É uma plataforma que dá audiências globais a produtores locais”, destacou.

O executivo também ressaltou que a Netflix teve um impacto na forma de assistir conteúdos: a “liberdade” de poder ver o que quiser, quando quiser e de forma ilimitada farão com que, segundo a sua opinião, mais emissoras de televisão abandonem as suas transmissõ­es lineares associadas a horários fixos e procurem uma fórmula sob demanda.

A sombra da plataforma é tão grande que o seu executivo-chefe espera inclusive que as operadoras de telecomuni­cações sucumbam aos seus encantos e comecem a oferecer aos usuários tarifas fixas de dados para assistir a vídeos.

Nesse contexto, Hastings acredita que os dispositiv­os móveis serão cada vez mais utilizados para consumir conteúdos audiovisua­is.

Entre os prémios que Hastings recebeu no MWC esteve a contribuiç­ão da Netflix na luta contra a pirataria sem recorrer a campanhas de denúncia: o director destacou que cada vez mais usuários optam pelo conteúdo legal graças aos bons catálogos.

“Conseguimo­s fazer histórias de qualidade e ter uma voz própria na Netflix”, disse o executivo, que não perdeu a chance de recomendar lançamento­s, como a produção espanhola “Las Chicas del Cable” e “13 Reasons Why”, um drama protagoniz­ado por adolescent­es que “aborda com honestidad­e” o suicídio.

“As pessoas dizem-nos: ‘adoro a Netflix, mas tem opções demais’”, declarou Hastings, que sem pensar duas vezes fez essas duas sugestões.

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