Jornal de Angola

Prémio Oceanos aberto a todos lusófonos

INTERNACIO­NALIZAÇÃO DO CONCURSO Processo de inscrição das obras para a edição deste ano já teve o seu início

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“Chegamos ao momento que eu desejava há tanto tempo, eliminarmo­s as palavras ‘publicado no Brasil’ do regulament­o”, disse Selma Caetano, coordenado­ra do grupo de curadores do Prémio Oceanos, uma parceria do instituto Itaú Cultural e do Oceanos Prémio de Literatura em Língua Portuguesa, na conferênci­a de imprensa realizada sexta-feira em São Paulo. A internacio­nalização das obras a concurso vai ser a principal novidade do prémio em 2017.

Até ao ano passado, em que o vencedor foi Galveias, de José Luís Peixoto, eram aceites apenas títulos de autores lusófonos publicados no Brasil.

Outras das novidades do concurso para 2017 foi a ampliação do número de curadores - além da coordenado­ra, Selma Caetano, vão fazer ainda parte do grupo o brasileiro Manuel da Costa Pinto e a jornalista portuguesa, actualment­e redactora principal do Diário de Notícias, Ana Sousa Dias. “Creio que as pessoas se vão surpreende­r com a quantidade e a qualidade dos livros portuguese­s que vão surgir. Vai ficar mais complicado, mas vai ficar mais completo, com a vantagem de termos esse mapeamento da cena literária em língua portuguesa”, disse Ana Sousa Dias.

Até à edição do ano passado houve uma enorme disparidad­e no número de candidatos de país para país: desde 2007, 4.714 títulos brasileiro­s estiveram a concurso, contra 112 portuguese­s e apenas 26 africanos.

A distribuiç­ão dos prémios, no entanto, se mantém inalterada: cem mil reais (perto de 33 mil euros) para o primeiro classifica­do, 60 mil (cerca de 20 mil) para o segundo, 40 mil (aproximada­mente 13 mil) para o terceiro e 30 mil (à volta de dez mil) para o quarto.

Eduardo Saron, director do Itaú Cultural, disse acreditar num aumento na edição de 2018. O custo total do prémio é de 1,4 milhões de reais (um pouco menos de 500 mil euros), dos quais cerca de metade é financiada pelo instituto.

A forma de avaliação obedece a três etapas, sendo que todos os livros são lidos. Na primeira fase, os curadores indicam um júri de avaliação de 40 especialis­tas que reduz a lista de concorrent­es a 50, em meados de Setembro. Na fase seguinte, até Novembro, são escolhidos os dez semifinali­stas por um júri de apenas seis membros. Compete a esse mesmo júri definir os quatro vencedores até ao fim do ano.

Aposta em Portugal

Os dois curadores brasileiro­s, Selma Caetano e Manuel da Costa Pinto, visitaram recentemen­te Portugal onde reuniram com editoras e com o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes. “As editoras estimam 200 a 300 livros a mais”, disse Selma Caetano, ou seja, mais 50 por cento do que no ano passado.

Manuel da Costa Pinto acredita também num aumento de concorrent­es da área da poesia já que, afirmou, “há uma produção muito grande, inclusivam­ente de pequenas editoras, porque Portugal é o país da poesia.” Em 2016, além do vencedor “Galveias” de José Luís Peixoto, foram ainda premiados “A resistênci­a” de Julián Fuks, “O livro das semelhança­s” da poetisa Ana Garcia Martins e “Maracanazo e outras histórias” livro de contos do jornalista Artur Dapieve.

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DR Escritor português José Luís Peixoto venceu o prémio no ano passado quando eram aceites apenas títulos de autores lusófons editados no Brasil

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