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COREIA DO SUL Milhares de pessoas estão nas ruas à espera do veredicto da Justiça sobre o caso “Rasputina”
Grupos a favor e contra a Presidente da Coreia do Sul realizaram ontem grandes manifestações em Seul, num ambiente de tensão por causa do veredicto que a justiça deve emitir em breve sobre a destituição da Chefe do Estado, acusada de corrupção.
Separados por uma barreira policial, milhares de opositores e simpatizantes da Presidente Park Geunhye encheram as partes norte e sul da avenida Sejong da capital sul-coreana, respectivamente, como foi habitual nas últimas semanas.
Embora não tenham ocorrido actos de violência assinaláveis perante o enorme esquema policial, os agentes estavam atentos contra qualquer hostilidade entre os dois lados, que caminharam até ao palácio presidencial por rotas separadas.
Vários manifestantes, especialmente os favoráveis à Presidente, tentaram aproximar-se da barricada policial para repreender o grupo oposto antes de serem interceptados por agentes e serem obrigados a voltar.
Embora ainda sem uma data concreta, a expectativa é que o Tribunal Constitucional se pronuncie definitivamente sobre a destituição da Presidente - aprovada pelo Parlamento em 9 de Dezembro de 2016 - no final da próxima semana.
Caso o tribunal ratifique a decisão, o país deverá realizar eleições presidenciais num prazo inferior a 60 dias. O grupo contrário à Presidente adoptou como lema para a concentração de sábado “Marcha por um futuro sem Park”.
Os correligionários de Park, mais madrugadores e com tom mais agressivo, entoavam o “aegukga” (hino nacional sul-coreano) e canções militares da era de Park Chung-hee, pai da Presidente e que governou de 1961 a 1979.
“Viemos para defender a nossa Presidente e o nosso país da Coreia do Norte. Se perdermos a batalha contra os outros, ficaremos numa situação muito perigosa”, disse um defensor de Park, que acrescentou estar convencido que a chegada de um governo liberal poderá aproximar o país de uma tentativa de unificação “desastrosa”.
A procuradoria do país asiático considera Park cúmplice no caso “Rasputina”, apelido de sua amiga íntima Choi Soon-sil. Choi, de 60 anos, é acusada de aproveitar a amizade com Park para intervir em assuntos de Estado apesar de não ostentar nenhum cargo público e de articular um esquema para extorquir empresas e conseguir que doassem grandes quantias a várias fundações para se apropriar de parte dos fundos.
Advertência de Pyongyang
A Coreia do Norte advertiu ontem que os Estados Unidos “pagarão um preço alto” caso voltem a considerar a inclusão do Governo liderado por Kim Jong-un na lista de patrocinadores do terrorismo. “Os Estados Unidos dar-se-ão conta do alto preço que terão que pagar por causa das suas acusações sem fundamento contra a Coreia do Norte”, disse um portavoz do Ministério dos Negócios Estrangeiros norte-coreano num comunicado divulgado pela agência estatal “KCNA”.
O Departamento de Estado dos EUA estuda a possibilidade de incluir novamente Pyongyang na lista após Seul ter solicitado a medida por saber que Kim Jong-nam, irmão mais velho do líder norte-coreano, foi assassinado na Malásia com o agente químico VX, crime pelo qual o Sul acusa o Norte. Pyongyang negou desde o princípio o seu envolvimento, responsabilizou a Malásia pela morte de Kim Jong-nam e acusou Kuala Lumpur e EUA de terem conspirado com Seul para atirar a culpa às autoridades norte-coreanas.
A Coreia do Norte disse opor-se “a qualquer forma de terrorismo e qualquer apoio ao mesmo”, postura que diz ter “demonstrado consistentemente na prática”, segundo o texto. O Governo liderado por Kim Jong-un acusou Washington de querer incluí-lo na lista “apesar de não ter nada em comum com ela”, uma decisão que considera uma “expressão de repugnância” e “atitude hostil” por parte do governo americano.
“Não importa que os Estados Unidos voltem a chamar a Coreia do Norte de ‘patrocinador do terrorismo’ em linha com seus padrões e interesses. Este país nunca será um ‘patrocinador do terrorismo’”, referiu o porta-voz no comunicado.
A Coreia do Norte foi incluída na lista após o atentado perpetrado em 1987 por alegados dois agentes de Pyongyang que colocaram uma bomba num avião comercial sulcoreano cuja explosão matou os 115 ocupantes.
Em 2008, o Governo de George W. Bush retirou Pyongyang da lista graças aos progressos nas negociações de seis países para tentar conseguir a desnuclearização do regime. A Coreia do Sul pediu no final de Fevereiro que os EUA voltassem a incluir o Norte na lista por causa do assassinato de Kim Jongnam na Malásia, pelo qual responsabiliza o país vizinho.