Oposição sinaliza avanços nas negociações
A oposição síria afirmou no sábado que a ronda de negociações de paz com o Governo realizada em Genebra, que não produziu resultados claros, deixou um sinal positivo e encorajador que abre boas perspectivas para os próximos encontros.
“Apesar de estarmos a finalizar esta ronda sem resultados claros, nesta ocasião foi mais positiva. Pela primeira vez discutimos com profundidade o futuro da Síria, o futuro de uma transição política”, afirmou o chefe da delegação da Comissão Suprema das Negociações (CSN), Nasser Hariri.
“Estamos dispostos e preparados para continuar a negociar a fim de que possamos regressar à Síria com uma solução para a totalidade de sírios e com um acordo completo sobre o futuro político do país”, disse Nasser Hariri.
A oposição finalizou os seus contactos com o enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, com o qual abordaram a aplicação do Comunicado de Genebra e as resoluções 2118 e 2254 do Conselho de Segurança da ONU, com o objectivo de conseguir uma transição política que se ajuste aos interesses e cumpra as aspirações dos sírios.
O comunicado, aprovado pelas potências em Junho de 2012 na cidade suíça, estipula a criação de um órgão executivo interino na Síria que inclua membros do Governo e da oposição que não se tenham envolvido em combates. As negociações baseiam-se, no entanto, na resolução 2254, que prevê a criação de um Governo crível, inclusivo e não sectário, um calendário para a elaboração de uma nova Constituição e eleições livres e justas. O plano de Staffan de Mistura consiste em abordar estas três questões, enquanto o Governo quer incluir um quarto ponto, o da luta contra o terrorismo. Para a CSN, pelo contrário, o tema mais importante é a transição política, mas Nasser Hariri disse ontem que a sua delegação não aceita incluir o terrorismo na agenda. “No período que vai até à próxima ronda vão continuar os contactos com De Mistura para elaborar melhor o desenho do processo de negociação. O ponto mais importante é a transição política, que é uma prioridade para preparar o ambiente político entre as partes a fim de abordar as principais diferenças”, referiu.
Armas químicas
Um hospital de Erbil, capital do Curdistão iraquiano, tratou 12 pacientes, entre eles mulheres e crianças, desde o início deste mês, pela possível exposição a agentes químicos em Mossul, informou ontem a Organização Mundial da Saúde (OMS). Estes pacientes foram internados no hospital com problemas respiratórios e queimaduras, de acordo com autoridades de saúde locais citadas pela OMS em comunicado.
Dessas 12 pessoas, quatro mostravam sinais graves associados com a exposição a um agente abrasador, afirma o comunicado da OMS. O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) afirmou que, pelo menos sete civis, estavam internados num hospital próximo da cidade de Mossul, no norte do Iraque, por terem ficado expostos a agentes químicos tóxicos durante a ofensiva para expulsar os rebeldes do “Estado Islâmico” (“EI”).
“A OMS está extremamente alarmada pelo uso de armas químicas em Mossul, onde civis inocentes já enfrentam um sofrimento inimaginável como resultado do conflito armado”, ressaltou a organização.
A OMS e as autoridades de saúde locais activaram um plano de contingência para tratar de maneira segura os homens, as mulheres e as crianças que podem ter ficado expostos a um agente químico altamente tóxico.
A organização e os seus parceiros trabalham com as autoridades em Erbil para apoiar o tratamento destes pacientes. “Desde o começo da crise em Mossul, a OMS tomou passos concretos para estar preparada para o potencial uso de armas químicas, junto com as autoridades de saúde locais”, assinala o comunicado da organização.
Como parte do plano de contingência perante armas químicas, especialistas da OMS formaram mais de 120 médicos e forneceram equipas para descontaminar de maneira segura e estabilizar os pacientes antes que estes sejam transferidos para hospitais, onde recebem um atendimento médico adicional.
A Ornização Mundial da Saúde (OMS) lembrou, a propósito, que o uso de armas químicas é um crime de guerra e está proibido numa série de tratados internacionais, tais como a Declaração de Haia sobre Gases Asfixiantes, o Protocolo de Genebra, a Convenção sobre Armas Químicas e o Estatuto do Tribunal Penal Internacional (TPI).