Executivo estabelece metas
O Governo moçambicano anunciou na sexta-feira que está a trabalhar num plano para definir metas mais amplas na melhoria da segurança alimentar e nutrição no país, que passam pela estabilidade política e militar, para criar condições que permitem concentrar a política agrária na redução da pobreza.
Segundo o relatório, apresentado na sexta-feira em Maputo, os agricultores moçambicanos enfrentam dificuldades para comercializar os excedentes, devido a restrições de crédito e infra-estruturas, bem como a fraca ligação com o mercado.
O documento sublinhou que outras áreas para melhoria são a gestão sustentável de recursos naturais, apoio aos serviços rurais de micro finanças, eficiência na implementação dos projectos e uso de provedores de serviços, gestão do conhecimento e diálogo sobre políticas.
Ao referir-se à sua actuação em Moçambique, o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola, que integra o grupo de agências das Nações Unidas, refere que já desembolsou 237 milhões de dólares, entre 2010-2016, para seis projectos de desenvolvimento rural em todas as 11 províncias moçambicanas.
“Os projectos financiados pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola concentram-se, principalmente, no desenvolvimento de cadeias de valor para produtos hortícolas, mandioca e gergelim, pecuária e pesca, além de ajudar os produtores a aumentar a produção e obter acesso a financiamento”, indica o relatório.
Na execução dos seus projectos, prossegue o documento, o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola actuou em linha com as prioridades do Governo, integrando componentes de educação nutricional, no quadro do Sistema Nacional de Extensão Agrária.
Mais pessoas em risco
Pelo menos 2,1 milhões de pessoas enfrentam risco de fome em Moçambique, um aumento de 700.000 em relação a Novembro de 2017 face à diminuição das reservas e enquanto se espera a próxima colheita em Abril. “As colheitas começam em final de Março, Abril e à medida que vão passando os meses até à próxima colheita os stocks próprios da colheita passada vão diminuindo, e chega a afectar o mercado, tornando mais difícil comprar os produtos, refere as Nações Unidas.
Segundo as Nações Unidas, isto resulta no aumento das pessoas afectadas. Moçambique foi o ano passado um dos países mais afectados pela seca provocada pelo fenómeno El Niño e as organizações internacionais já estimavam em meados de 2016 que o pico da crise alimentar ocorresse entre Novembro desse ano e o próximo mês de Abril.
Karin Manente, técnico do PAM, refere que em Novembro do ano passado as pessoas em risco de fome ascenderiam a 1,4 milhões, mas depois da avaliação de campo realizada pelo Governo e os parceiros, incluindo a ONU, a estimativa aumentou para os 2,1 milhões.