Cristiano Mangovo expõe no Zimbabwe
RESIDÊNCIA ARTÍSTICA Artista plástico participa numa mostra colectiva em galeria internacional de Harare
O artista plástico Cristiano Mangovo expõe de 20 a 27 deste mês na galeria First Floor, no centro de Harare, capital do Zimbabwe, onde permanece em residência artística na área de pintura e escultura.
Cristiano Mangovo viaja hoje para participar na exposição “100 Protecção”, com um conjunto de sete quadros inéditos e uma performance, trabalhos que vão ser produzidos no decurso da residência artística, num dos ateliers da galeria. O projecto de arte contemporânea retrata, de forma resumida, os problemas sociais e políticos que assolam actualmente o mundo, com destaque para as questões dos Direitos Humanos, migração, terrorismo e conflitos entre as nações.
Os trabalhos apelam à solidariedade, paz, ao respeito pelas diferenças culturais, a igualdade no tratamento e a convivência salutar entre as pessoas e uma demonstração de combate a qualquer tipo de descriminação.
O artista pretende alertar as pessoas para o crescimento, promoção da intolerância, desejo e o ego pelos bens materiais, factores que concorrem para propiciar conflitos religiosos e étnicos, entre outros.
Cristiano Mangovo pode integrar a restrita lista de artistas africanos de várias nacionalidades que fazem parte da galeria “First Floor”, caso a exposição seja bem sucedida.
O artista é conhecido pela inusitada criação de um volante e faróis de uma motorizada, em que simbolizam movimento, evolução e progresso, cuja intenção do artista é de “transportar peças de ferro e carcaças para produzir esculturas”, em Harare, capital do Zimbabwe, mas “os custos de transporte e a facilidade em trabalhar com madeira e tintas remete-me à produção de pinturas”.
Cristiano Mangovo disse ao Jornal de Angola que vai aproveitar a estada para fazer pesquisa, ampliar as suas competências, produzir trabalhos novos ao lado de críticos internacionais de arte, estabelecer novos contactos com outros artistas contemporâneos, e fazer intercâmbio com artistas zimbabweanos, e contactar o público em geral.
“Esta é mais uma oportunidade para ampliar os meus conhecimentos e trabalhar para convencer os críticos com a qualidade que se exige dos trabalhos contemporâneos. É um orgulho para a minha carreira, porque é uma galeria de arte contemporânea com prestígio a nível internacional e activa em várias exposições”, disse o artista angolano.
O convite para mais residências artísticas, no exterior, foi feito pela directora da galeria “First Floor”, a crítica de arte Valerie Kabov, embora o artista tenha conquistado a candidatura por meio de uma inscrição por Internet.
A galerista visitou o atelier Cristiano Mangovo localizado na Ilha do Cabo, em Luanda, onde manteve contacto com a sua obra, criticou e elogiou os seus trabalhos e deu conselhos para que o artista pudesse divulgar no exterior as suas criações.
Crítica de Arte
Doutora em História da Arte e Política Cultural, Valerie Kabov esteve o ano passado em Angola, onde participou num debate público sobre as artes plásticas, realizada no Camões-Centro Cultural Português, organizado por Teresa Mateus e moderado pelo artísta plástico Hildebrando de Melo.
A residência tem o patrocínio da fundação suíça Prohelvetia Swiss Arts Coucil, com sede na África do Sul, de apoio a projectos de artistas, galerias e ateliers dos países membros da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), com o objectivo de aprofundar o intercâmbio e interacções culturais na comunidade. A galeria “First Floor” é um espaço aberto a artistas e realiza festivais, feiras e concursos de arte em todo o mundo.
Cristiano Mangovo é graduado em Pintura , pela Faculdade de Belas Artes de Kinshasa (RDC), realizou a última residência artística na África do Sul, onde apresentou uma performance e instalação nas ruas da Cidade do Cabo.
Participou na Expo Milão em 2015, com uma instalação e performance individual no Pavilhão de Angola, na sétima Bienal Internacional de Gravura do Douro em Portugal, e beneficiou de uma residência artística em Paris, depois de ter vencido a categoria ENSA-Arte Alliance Français em 2014.