Actual preço do crude satisfaz expectativas
Angola participa no trigésimo sexto encontro das petrolíferas mundiais nos Estados Unidos
O actual preço do barril do petróleo (55 dólares norte-americanos) satisfaz as expectativas da Sonangol, por representar uma evolução positiva (80 por cento) do mercado petrolífero, se comparado aos níveis do ano passado quando esteve abaixo dos 30 dólares.
A afirmação é da presidente do Conselho de Administração da companhia angolana, que se encontra desde segunda-feira em Houston, nos Estados Unidos da América, à frente de uma comitiva que participa no 36.º encontro denominado CERAWeek 2017, um evento que congrega importantes personalidades da indústria petrolífera de todo o Mundo.
Isabel dos Santos disse que, apesar de o preço ser razoável para Angola, alguns campos de produção precisam de ser melhorados, ao mesmo tempo que os custos operacionais devem ser diminuídos.
“O preço a 55 já apresenta resultados positivos para a Sonangol, para os seus parceiros e sobretudo para o Estado angolano”, afirmou Isabel dos Santos.
No OGE 2017, documento que inscreve as receitas e despesas públicas, o Governo prevê um preço estimado de 46 dólares por barril.
As receitas fiscais geradas pela petrolífera nacional cresceram mais de 70 por cento entre Dezembro e Janeiro, ultrapassando os 109,3 mil milhões de kwanzas.
Este crescimento deve-se ao aumento da cotação média do barril de crude que resultou do acordo entre os países produtores para reduzir a produção de petróleo bruto.
Em Janeiro, Angola exportou 52.250.079 barris de petróleo a um preço médio acima de 50 dólares, um aumento superior a 3,3 milhões de barris face ao mês de Dezembro do ano passado, altura em que cada barril do crude foi vendido, em média, a 44,2 dólares.
As vendas de Janeiro traduziramse, segundo dados do Ministério das Finanças, num encaixe de 158,9 mil milhões de kwanzas (909 milhões de euros), dos quais 109,3 mil milhões de kwanzas (625 milhões de euros) garantidos pela Sonangol.
Em Dezembro de 2016, as receitas fiscais da companhia petrolífera em processo de reestruturação ascenderam a 63.593 milhões de kwanzas (365 milhões de euros), o que se traduz num aumento de 71 por cento em apenas um mês.
Encontros de trabalho
Isabel dos Santos esteve reunida em privado, na segunda-feira, com o presidente da Exxon Mobil e da Chevron, Darren Woods e Clay Neff, respectivamente. A saída do encontro com o presidente da ExxonMobil, Isabel dos Santos disse que os dois gestores analisaram vários aspectos de negócios que se prendem com a redução dos custos de produção, dado que a multinacional norte-americana é uma das maiores operadoras em Angola. Isabel dos Santos e Darren Woods analisaram também novas oportunidades de investimento conjuntos.
Em relação ao encontro da CERAWeek 2017, Isabel dos Santos disse ser uma reunião importante da indústria petrolífera onde os presidentes das companhias discutem a visão futuro da indústria petrolífera, dos preços e das operações tecnológicas.
“Pois, trtata-se deuma plataforma para se guiarem os novos negócios e atrair novos investidores”, disse a presidente do Conselho de Administração da Sonangol. A gestora considerou fundamental a presença da concessionária nacional no evento, por tratar de questões estratégicas para o sector.
Ontem, Isabel dos Santos foi um dos principais oradores no encontro e partilhou a visão do Governo angolano e da Sonangol, bem como o processo de transformação da empresa enquanto pilar da economia nacional.
Isabel dos Santos falou da reestruturação e da visão de médio e longo prazo (2020/2030) da companhia nacional.
A presidente do Conselho da Administração respondeu a várias perguntas de participantes, sobretudo sobre a visão da companhia e o actual ambiente de negócios no país. Uma das metas do programa de reestruturação da companhia petrolífera nacional é a redução do preço de produção do barril de 14 dólares para um valor que oscile entre os oito e os 10 dólares.
Mercado atractivo
O director-geral da ExxonMobil Angola, Staade Gjervik, afirmou que a companhia vai continuar a operar em Angola, um país que, na sua óptica, tem um enorme potencial em termos de exploração petrolífera. “Vamos continuar a explorar e investir em Angola agora e no futuro”, reiterou.
Staade Gjervik disse que a indústria petrolífera tem futuro em termos globais e Angola não foge à regra, considerando passageira a actual crise económica. “Os operadores estão conscientes do novo ambiente e adaptaram-se a ele”, disse. A reunião da CERAWeek 2017, que decorre em Houston, constitui uma oportunidade no contexto da colaboração dos operadores, na medida em que permite avançar com vários projectos conjuntos.
“É importante partilharmos a experiência com outros operadores da indústria petrolífera”, disse Clay Neff, presidente da Chevron para a África e a América Latina, cuja companhia opera há mais de 60 anos em Angola, onde pretende continuar por longos anos. A Chevron é operadora nos blocos 14 e Zero e um dos parceiros maioritários do projecto Angola LNG. “Temos planos para continuar a investir em Angola e de procurar novas oportunidades para investir o nosso capital”, referiu o gestor da petrolífera norte-americana.
“A Chevron é uma das maiores operadoras em Angola e tem o maior número de funcionários nacionais e um portfólio em outras áreas fora da indústria petrolífera”, afirmou o gestor da companhia que garante permanecer muitos anos no mercado angolano.