Investimentos no exterior em alta
Os investidores chineses gastaram 210 mil milhões de euros em fusões e aquisições fora do país, um valor que representa novo recorde absoluto. O Governo chinês já pede travões à saída de dinheiro do país, noticiou a imprensa local. No último sábado, o ministro do Comércio da China, deu um forte sinal de que o país pode estar a mudar, ao qualificar as aplicações no estrangeiro como “investimento cego e irracional”.
Zhong Shan admitiu que a China vai reforçar a supervisão a um grupo de empresas. “Algumas empresas já pagaram o preço” destes investimentos, afirmou, salientando que “algumas até deram uma imagem negativa do país”.
Dias antes, Zhou Xiaochuan, líder do banco central da China, também tinha questionado os investimentos lá fora. “Alguns não estão em linha com as nossas exigências e políticas de investimento internacional”, com aplicações “em desporto, entretenimento ou equipas de futebol”.
Xiaochuan adiantou ainda que “isto não trouxe um grande benefício à China e causou muitas reclamações lá fora”. Nos últimos dois anos e meio, os investidores chineses gastaram mais de 90 mil milhões de euros no estrangeiro. Só no ano passado, foram 210 mil milhões de euros, o que tem afectado os esforços governamentais para reforçar a classe média.
Nos últimos meses, a China já tentou estancar a saída de dinheiro, com a imposição de limites ao valor que pode ser retirado do país. Além disso, Pequim deu ordem aos bancos, no final do ano passado, para que qualquer movimento superior a 4,5 milhões de euros requeira autorização prévia.
A China fixou a meta de crescimento económico para 2017 em “cerca de 6,5 por cento ou acima se possível”, um valor inferior ao alcançado no ano passado, mas muito acima da média mundial.
O abrandamento, em relação ao ano anterior, está em linha com os esforços de Pequim para modernizar a estrutura industrial do país e criar uma “sociedade moderadamente confortável”, lê-se num documento oficial. O relatório fixa ainda como objectivos para este ano manter a inflação em torno de três por cento e criar 11 milhões de postos de trabalho nas cidades.
Trata-se de um milhão de postos de trabalho a mais do que os criados no ano passado e “sublinha a grande importância que damos ao emprego”, indica o documento. O Governo chinês anunciou ainda que vai adoptar uma política monetária prudente este ano e manter estável o valor da moeda chinesa, o yuan, cuja desvalorização levou a uma fuga massiva de capitais do país.
Nas últimas três décadas, a economia chinesa cresceu em média quase dez por cento ao ano, mas desde 2010 que tem vindo a abrandar consecutivamente, à medida que o Governo chinês enceta uma transição no modelo económico, visando uma maior preponderância do consumo e do sector dos serviços, em detrimento das exportações e investimento público.