Passada em revista situação na RDC
Escolha de primeiro-ministro continua a dividir a classe política congolesa
O Vice-Presidente da República e ministro dos Negócios Estrangeiros da República Democrática do Congo, Leonard Okitundu, disse ontem, em Luanda, que os diferentes actores políticos congoleses estão engajados na resolução da situação complexa que atravessa o processo de transição política no país, agravado com a morte do líder histórico da oposição Etienne Tshisekedi.
Em declarações à imprensa, após a audiência concedida no Palácio da Cidade Alta pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, líder em exercício da Conferência Internacional para Região dos Grandes Lagos (CIRGL), Leonard Okitundu falou em “período sensível” que engaja a todos os congoleses, uma vez terminado o mandato do Presidente Kabila, há já alguns meses sem que tivesse sido resolvido o problema da indicação do primeiro-ministro e do conselho nacional de acompanhamento do período de transição até novas eleições.
Segundo Leonard Okitundu, o falecimento do histórico líder da oposição, Etienne Tshisekedi, no início de Fevereiro, em Bruxelas, representa um “sério revês” no processo de transição, já que, mesmo com a nomeação de Félix, filho de Tshisekedi, para liderar a União para a Democracia e o Progresso Social (UDPS), maior partido da oposição, as forças que se opõem à coligação presidencial de Kabila demoram a reunir consenso quanto ao que seria um interlocutor válido perante o Governo.
De recordar que antes do seu falecimento, aos 84 anos, Etienne Tshisekedi liderava as negociações sobre a partilha de poder até às próximas eleições com a maioria de apoio ao Presidente Joseph Kabila. Já nessa altura, a sua viagem para Bruxelas era apontada como um constrangimento às negociações destinadas a permitir uma saída pacífica para a crise política provocada por desinteligências sobre a manutenção no poder de Joseph Kabila, após o fim do seu mandato, a 20 de Dezembro.
“Estamos atentos”
A acompanhar na audiência o Vice-Presidente da República e ministro dos Negócios Estrangeiros da República Democrática do Congo, o ministro das Relações Exteriores, Georges Chikoti, reafirmou a posição da diplomacia angolana em relação às questões internas da RDC e lembrou que Angola acompanha com certa atenção os desenvolvimentos no país vizinho, tendo presente que o Presidente José Eduardo dos Santos é o líder em exercício da CIRGL.
Georges Chikoti lembrou ainda que a atenção de Angola ao quadro político da República Democrática do Congo também decorre das responsabilidades a nível da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, SADC, organização em que os dois países integram, com Angola na vice-presidência para questões de Defesa e Segurança. O ministro falou em “alguma preocupação” devido à iminente retirada da Monusco (Forças de Manutenção de Paz da ONU) na República Democrática do Congo.
O processo de transição política e os novos desenvolvimentos em matéria de segurança na República Democrática do Congo foram os temas dominantes da audiência, que se insere no quadro das consultas regulares ao mais alto nível entre os dois países vizinhos. Leonard Okitundu foi portador de uma mensagem do Presidente Joseph Kabila ao seu homólogo angolano, líder em exercício da onferência Internacional para Região dos Grandes Lagos.