Somos todos consumidores
Comemorou-se ontem em todo o mundo o Dia do Consumidor, uma data que lembra a toda a sociedade, particularmente às instituições que prestam serviço, os direitos dos consumidores, entre estes o direito à segurança, informação e escolha e o direito de ser ouvido.
Trata-se de uma realidade que, no nosso país, se tornou um assunto de suma importância à medida que com a abertura do país à economia de mercado se criaram consideráveis hábitos novos ao nível da oferta de bens e serviços, bem como do consumo de bens. É notável o crescimento do mercado e do segmento de pessoas que a ele recorre obrigou a criação de mecanismos de natureza legal que salvaguardassem direitos e deveres.
A criação do Instituto Nacional de Defesa do Consumidor (INADEC), enquanto instituto público destinado a promover a política de salvaguarda dos direitos dos consumidores, foi um passo relevante. Afinal, somos todos sem excepção, de alguma maneira, consumidores, razão pela qual a existência de um órgão que zele pelos nossos direitos enquanto consumidores deve ser encarado como um instrumento benéfico para toda a sociedade.
A sociedade angolana cresceu muito do ponto de vista da existência de consumidores cuja relação com as entidades responsáveis por bens e serviços comercializados nem sempre é feita na horizontalidade. Via de regra os consumidores tendem a ser o elo mais fraco da relação bilateral, razão em que também radica a existência do importante instituto de defesa do consumidor.
O INADEC passou a ser uma instituição com a qual empresas, famílias e pessoas singulares contam para a observância dos seus direitos, tendo igualmente atribuições que vão além daquela importante premissa, a defesa do consumidor. Ao coordenar e executar as medidas tendentes a sua protecção, informação e educação, e de apoio aos consumidores, o INADEC posiciona-se como importante mediador. A institucionalização, marcada para o dia 28 deste, da obrigatoriedade do livro de reclamações e do selo de identificação junto dos estabelecimentos comerciais por parte do INADEC constitui um desenvolvimento importante.
Hoje, a realidade aponta ainda para a existência de numerosos desafios ao nível do atendimento ao público na medidas em que, por um lado, se registam avanços consideráveis e por outro ainda queixas e reclamações.
Em muitas instituições o cliente passou a ser tratado de forma como as normas legais impõem porque muitas empresas fornecedoras de bens e serviços apostaram muito na preparação dos seus funcionários. A formação em matéria de atendimento ao público passou a fazer parte das preocupações de numerosas empresas públicas e privadas, conscientes de que o sucesso está invariavelmente ligado à satisfação dos que procuram os seus serviços e bens.
É muito boa a observância do respeito pelo público, com linhas directas para o cliente, com informações pormenorizadas sobre determinado produto e outras iniciativas que valorizam o público alvo. Tratam-se de ganhos de todos angolanos, quer no papel de prestadores de serviço quer no de consumidores.
Há muitos casos de satisfação plena dos consumidores e, independentemente da natureza humana que clama sempre por mais e melhor, existem histórias que apontam claramente para uma evolução na relação fornecedor-consumidor. É verdade que, a julgar pelas informações divulgadas pelos órgãos de comunicação social, assistimos ainda a muitos episódios que se traduzem em queixas e reclamações dos consumidores.
Mas acreditamos que nos encontramos num processo de aprendizagem e de adaptação porque, como reconhecemos todos, é ainda nova entre nós a consciência sobre deveres e direitos dos consumidores, bem como os deveres e direitos dos fornecedores de bens e serviços. Trata-se de uma cultura que se implanta gradualmente na nossa sociedade como verdadeira conquista, embora desejemos mais para tornar o ambiente em que intervêm fornecedores e consumidores mais seguro, legal e harmonioso.
Nenhuma empresa, instituição pública ou privada pode dar-se por satisfeita quando há por detrás dos serviços prestados um manto de lamentações, muitas delas decorrente directamente do mau atendimento ao público. As instituições fornecedoras de bens e serviços devem procurar crescer em termos de satisfação na mesma proporção em que aumenta a satisfação do cliente.
Auguramos que determinadas situações como a questão da não devolução, as eventuais compensações que os fornecedores devem aos consumidores por serviços não ou mal prestados, entre outros, façam parte do passado. Esperamos todos que a anacrónica expressão “não há devolução”, uma informação que assusta o consumidor, seja banida do vocabulário comercial angolano. Num dia como este, desafiamos não apenas os fornecedores de bens e serviços a respeitarem os seus deveres perante os consumidores como estes últimos no sentido de darem prova contínua dos seus direitos porque somos todos consumidores.
O nosso Girabola
O campeonato nacional de futebol continua a atrair muitos adeptos da modalidade-rainha. Estou a gostar do facto de termos agora no nosso campeonato muitas equipas de bom nível, o que torna o nosso Girabola mais interessante. Quanto mais competitivo for o nosso Girabola, melhor será o espectáculo futebolístico nos nossos estádios de