Teerão desmente criação de base naval
Forças Armadas alargaram o perímetro nos arredores de cidades como Damasco e Homs
O Irão desmentiu ontem os relatos segundo os quais estabeleceu uma base militar na província síria de Latakia, como pagamento pelo apoio iraniano durante os seis anos da guerra civil.
“A nossa presença na Síria consiste na presença de conselheiros militares, a pedido do Governo sírio, e não planeamos criar uma base militar na província síria de Latakia. Essa atmosfera está a ser formada para desestabilizar a situação na região e criar desentendimentos entre os países”, disse o vice-comandante para assuntos políticos do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica, Rasul Sanayee Rad.
A Breitbart News informou que o Governo de Teerão estava perto de chegar a um acordo com o Presidente sírio, Bashar Assad, sobre o estabelecimento de uma base naval em Latakia como uma espécie de pagamento pelo apoio iraniano a Damasco na guerra civil síria.
Forças Armadas
As forças governamentais sírias cercaram na terça-feira três bairros dos arredores de Damasco após combates contra facções rebeldes, informou ontem o Observatório Sírio de Direitos Humanos, sedeado em Londres.
A organização destacou que as forças sírias, com apoio da aviação e da artilharia, mantêm sitiados os distritos de Barze, Al Qabun e Tishrin, no nordeste da capital.
Os combates entre os soldados governamentais e grupos rebeldes como a Brigada Fayer al Umma (Amanhecer da Nação Islâmica) continuavam até ontem em zonas que se estende desde os arredores orientais da capital síria. Até áreas ao oeste da estrada que une Damasco com a província de Homs também registavam combates. Graças aos últimos avanços, o Governo sírio controla agora o território que liga essa estrada com a periferia oriental da capital. O Observatório ressaltou que o Exército sírio e seus aliados estão a isolar Al Qabun e Barze do resto do leste de Damasco. O progresso do Exército nos arredores oriental coincide com uma nova volta de conversas de paz sobre a Síria em Astana. A oposição está protestar pelas operações militares na periferia de Damasco e a violência no distrito de Al Waer, na cidade de Homs.
Diálogo de Astana
A delegação da oposição armada da Síria chegou ontem em Astana, capital do Cazaquistão, para se juntar às conversas de paz que pretendem terminar a guerra no país árabe, informou à Agência Efe o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores cazaque, Anwar Zhainakov.
“Representantes das frentes da oposição armada do Sul e Norte chegam esta noite (ontem)”, afirmou Zhainakov, depois que a oposição se recusou na segunda-feira em assistir esta volta de negociação.
“Amanhã, vão ser realizadas consultas com os analistas dos países patrocinadores do armistício (Rússia, Turquia e Irão) em relação ao regime de cessar-fogo”, disse o porta-voz. Os rebeldes optaram pela não participação na terceira volta de negociações realizada na capital do Cazaquistão por entender que tanto Rússia como o Governo não cumpriam as condições do cessarfogo de Guta Oriental, estabelecido por Moscovo no dia 7 de Março e válido até ao dia 20.
A Delegação Militar das Forças Revolucionárias da Síria, que reúne as facções que negociaram no ano passado, em Astana, pediu o cumprimento completo da trégua de Guta e que se detenha a mudança demográfica forçado em Al Waer, único bairro com presença rebelde em Homs.
Lista de terroristas
Os Estados Unidos aplicaram sanções a um importante aliado da Al Qaeda e da sua antiga filial síria, a Frente al Nusra, agora denominada Frente da Conquista do Levante.
O sancionado é Muhammad Hadi al Anizi, residente no Kowait e que agora passa a ser considerado pelos EUA como um “terrorista global”, informou ontem em comunicado o Departamento do Tesouro.
Com essa designação, o Departamento do Tesouro congela todos os activos que Al Anizi possa ter sob a jurisdição dos EUA e proíbe os cidadãos norte-americanos de realizar transacções financeiras com ele. “Desde arrecadar fundos até ajudar terroristas a viajar, Al Anizi é responsável de proporcionar grande apoio financeiro e logístico a Frente al Nusra e Al Qaeda”, disse em comunicado John Smith, director do Escritório para o Controlo de Activos Estrangeiros (OFAC) do Departamento do Tesouro.
“O Departamento do Tesouro continua a trabalhar contra as estruturas financeiras de Frente al Nusra e Al Qaeda para afectar ainda mais a sua capacidade de realizar ataques terroristas em vários lugares do mundo ”, acrescentou Smith.
Segundo o comunicado do Tesouro, Al Anizi deu apoio logístico e financeiro à Frente al Nusra pelo menos desde 2014. No final de 2015, o sancionado supostamente solicitou doações para os combatentes da Frente al Nusra e enviou cerca de 20 mil a um membro desse grupo na Síria.
Segundo o Departamento do Tesouro, a colaboração de Al Anizi com a Al Qaeda começou em 2007. Em 2015, Al Anizi financiou viagens de membros da Al Qaeda e, em 2014, obteve passaportes falsos para um membro dessa organização na Síria e chegou a ser nomeado representante desse grupo terrorista no país árabe, segundo o Tesouro.
Antes de 2014, Al Anizi já tinha ajudado economicamente o seu irmão Abdullah al Anizi, que também se aliou à Al Qaeda para financiar operações terroristas, segundo os Estados Unidos.
No dia 11 de Março, os EUA designaram como terrorista a Frente da Conquista do Levante, que surgiu em Janeiro como consequência da fusão de várias facções armadas com a antiga Frente al Nusra, após combates com outros grupos no norte da Síria, onde Washington pretende ajudar o processo de paz.