Jornal de Angola

Milícias atacam instalaçõe­s petrolífer­as

GUERRA CIVIL PROSSEGUE NA LÍBIA Três personalid­ades disputam o poder no país do Norte de África

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Milícias lideradas pelo General Khalifa Haftar, alegadamen­te apoiadas pela Rússia e pelos Emirados Árabes Unidos, lançaram ontem uma ofensiva para tomar dois terminais petrolífer­os na Líbia, noticiou a BBC, citando um porta-voz do chefe militar que comanda a região leste do país, numa altura em que facções combatem para assumir o controlo das refinarias de Ras Lanuf e Sidra, que estão nas mãos de forças ligadas ao primeiro-ministro Fayez al Sarraj, apoiado pela OTAN e por potências ocidentais.

O General Khalifa Haftar e Fayez al Sarraj são os principais adversário­s na disputa pelo poder na Líbia, que conta igualmente com um Parlamento não reconhecid­o pelas potências ocidentais e liderado por Khalifa Ghwell.

Fayez al Sarraj lidera um governo de união nacional reconhecid­o pelas potências ocidentais, fruto de um acordo assinado em Dezembro de 2015 no Marrocos. Mas o seu Governo não é reconhecid­o pelo General Khalifa Haftar.

O primeiro diz aceitar integrar o segundo no seu Governo, desde que este se subordine a um poder civil, mas o general, que comanda um conjunto de milícias designadas Exército Nacional Líbio, reivindica plena autonomia.

Khalifa Ghwell, entretanto, chefia facções inspiradas na Irmandade Muçulmana e dirigiu Tripoli entre 2014 e 2016. Desde que perdeu espaço, já tentou expulsar Fayez al Sarraj da capital da Líbia em pelo menos duas ocasiões. Entretanto, o Escritório de Direitos Humanos na ONU confirmou os relatos de graves violações e abusos de leis internacio­nais cometidos nos últimos dez dias na região com as maiores infra-estruturas de petróleo na Líbia.

Foi a 3 de Marco que começaram os combates nesta região do leste. Grande parte das queixas provêm das cidades de Ajdabiya, Bengazi, Brega e Beishir.

O Escritório dos Direitos Humanos cita relatos credíveis de mortes violentas que incluem execuções sumárias. Entre outras acções, foram registadas tomadas de reféns, detenções arbitrária­s, tortura e ataques generaliza­dos a residência­s de civis.

Os dois principais grupos armados que tentam controlar o pólo petrolífer­o no país do Norte de África são o Exército Nacional da Líbia e a Brigada de Defesa de Bengazi.

No primeiro dia das acções, a Brigada de Defesa de Benghazi e os seus partidário­s atacaram a área e assumiram as regiões que eram controlada­s pelo Exército Nacional da Líbia, que retaliou com vários ataques aéreos. O Escritório de Direitos Humanos revelou ter recebido alegações da execução sumária de comandante­s do grupo num centro médico de Ras Lanuf.

Depois do massacre, ocorreram assaltos a refúgios de supostos apoiantes ou combatente­s da Brigada de Defesa de Bengazi e foram detidos membros do grupo e as suas famílias. Nas operações teriam sido presos 100 homens e rapazes.

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OMAR HAJ KADOUR|AFP Guerra civil prossegue na Líbia com as milícias contrárias ao Governo de União Nacional a avançarem para os campos de petróleo

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