Pedida punição a autores de atrocidades
A Comissão da Organização das Nações Unidas (ONU) que investiga os direitos humanos no Sudão do Sul advertiu na terça-feira que o fracasso em levar os autores de atrocidades a tribunal “pode tornar o mundo cúmplice do derramamento de sangue” no país.
A presidente da equipa de investigadores,Yasmin Sooka, disse ao Conselho de Direitos Humanos, em Genebra, que nos últimos nove meses aumentaram os abusos e confrontos, incluindo os actos de repressão e ameaças feitas à sociedade civil e aos jornalistas locais.
Yasmin Sooka considerou a dimensão e a escala da violência sexuais como “tão horríveis que as consequências da inércia são impensáveis” e alertou que os responsáveis pelos actos vão ser encorajados se forem ignorados pela comunidade internacional.
Também afirmou que oposição é também responsável por alguns abusos, apesar de ser em menor escala. Entre as violações cometidas no país destacou os estupros em massa.
O ministro sul-sudanês da Justiça, Paulino Unango, respondeu ao Conselho de Direitos Humanos da ONU que “não reconhece” as descrições feitas por Yasmin Sooka sobre o seu país.
Paulino Unango sublinhou que o relatório contém exageros e alegações da equipa que, na sua opinião, visitou apenas os locais das Nações Unidas que protegem civis em quatro cidades e produziu um documento que não reflecte os pontos de vista do Governo.
Para a Comissão, um dos maiores desafios é levar os alegados autores dos abusos a tribunal, principalmente aos que ocupam altos cargos políticos e militares.
Yasmin Sooka citou “um pequeno círculo de líderes políticos que demonstra total desprezo, não apenas pelas normas internacionais de direitos humanos, mas pelo bemestar do seu próprio povo, desperdiça a riqueza do petróleo e saqueia os recursos do país”.
A chefe da Comissão advertiu que uma nova escalada de violações de direitos humanos só pode ser evitada se houver um impulso imediato para criar um tribunal que “deve estar operacional o mais tardar até ao final do ano”.
A perita das Nações Unidas acrescentou que pelo menos sete líderes civis e militares renunciaram aos cargos nos últimos meses devido ao “preconceito étnico no Governo, ao tribalismo e por questionarem a vontade da busca da paz”.
Em Fevereiro, o país declarou situação de fome em áreas do antigo estado de Unidade. O conflito iniciado em 2013 deslocou cerca de 2 milhões de pessoas e obrigou mais de 1,5 milhões de sul-sudaneses a procurar abrigo na região.