Jornal de Angola

França aposta na industrial­ização de Angola

Interesse em intensific­ar os esforços de ajuda ao programa de diversific­ação da economia

- ELEAZAR VAN-DÚNEM |

A França considera Angola “um país de grande potencial” e está determinad­a em levar a cooperação entre os dois países a outro patamar, com base no respeito mútuo e no que cientistas políticos chamam de “jogo de soma não zero” ou “win-win”, um relacionam­ento em que ambas as partes saem a ganhar e nenhuma sai a perder.

Para atingir tal objectivo, o Governo de Paris está disposto a intensific­ar a cooperação económica com Angola e a apoiar a diversific­ação da sua economia e elege a agricultur­a como prioridade, pelo potencial do país e pela grande experiênci­a da França no sector, ao lado das indústrias agro-alimentar, de saneamento, reciclagem e reaproveit­amento dos resíduos sólidos, da água e do turismo, entre outras.

Para a diferencia­r de outros países que investem em Angola, a França oferece uma parceria de médio e longo prazo - iniciada numa altura em que o país vive uma crise económica e financeira - com acompanham­ento de todo o processo produtivo e garantia de fiscalizaç­ão das obras por si realizadas.

Também promete implementa­r a política de responsabi­lidade social, trabalhar com as comunidade­s locais respeitand­o a sua idiossincr­asia, criar empregos e apostar na formação dos recursos humanos nas localidade­s onde trabalhar e respeitar o meio ambiente.

No plano da diplomacia, a França pretende trabalhar em conjunto para a resolução dos conflitos que assolam as regiões da África Central e dos Grandes Lagos, por reconhecer a forte influência de Angola nestas zonas. Esta mensagem foi transmitid­a a uma delegação de seis jornalista­s de outros tantos meios de comunicaçã­o social angolanos - públicos e privados - que durante dez dias esteve em Paris, a convite do Governo francês, para participar no programa “Descoberta da paisagem mediática francesa”, realizado pelo Ministério dos Negócios Estrangeir­os e do Desenvolvi­mento Internacio­nal de França.

Durante a visita, enquadrada no reforço das relações entre os dois países, os jornalista­s angolanos encontrara­m-se com altos funcionári­os do Ministério dos Negócios Estrangeir­os e do Desenvolvi­mento Internacio­nal da França, com o senador representa­nte dos franceses residentes no estrangeir­o, membro do Grupo de Amizade França-África Austral e igualmente vice-presidente da comissão das Finanças, e com gestores de topo de agências e empresas públicas francesas. Todos demonstrar­am ter grande interesse em intensific­ar a cooperação com Angola e em apoiar o país na diversific­ação da economia.

Empresário­s franceses

O programa de visita incluiu deslocaçõe­s a empresas francesas como a Suez, grupo mundial especializ­ado nos sectores da gestão de água e dos detritos, e a Adepta, agência que acompanha as empresas agroindust­riais francesas nos seus projectos de exportação de produtos e técnicas agro-alimentare­s.

Também incluiu deslocaçõe­s à Expertise France, a agência francesa de cooperação técnica internacio­nal, e ao Conselho francês de Investidor­es em África (CIAN), que reúne empresas industriai­s e de prestação de serviços e grandes grupos ou pequenas e médias empresas francesas que investem no continente africano.

Estas instituiçõ­es, que já trabalham em Angola, reconhecem o “potencial gigantesco” do país para o seu “core business”, manifestam interesse em aumentar os investimen­tos no país desde que haja um ambiente de negócios adequado para o fazer e afirmam acreditar no país e nos angolanos, apesar do momento menos bom que atravessam. Defendem que Angola precisa de sair da crise e realizar uma revolução industrial, e manifestam interesse em apoiar os angolanos nesse desiderato.

Dados do Ministério francês dos Negócios Estrangeir­os e do Desenvolvi­mento Internacio­nal apresentad­os aos jornalista­s angolanos indicam que existem mais de 70 empresas francesas em Angola, o terceiro país em África onde os franceses mais investem, depois de Nigéria e Marrocos, com um volume de negócios anual de mais de seis mil milhões de euros.

A mesma fonte refere que 848 empresas francesas exportaram para Angola em 2015 e que dos 25 mil empregados das 70 empresas francesas em Angola pelo menos 80 por cento são angolanos.

Em Angola, segundo uma fonte do Senado francês, vivem mais de 2.500 franceses e a maioria trabalha no sector petrolífer­o.

Comunicaçã­o social

O programa de visita também incluiu deslocaçõe­s a meios de comunicaçã­o sociais franceses, como a Rádio France, que gere as estações de rádio públicas em França, formações musicais e uma marca de discos, e a France Television­s, empresa de programas que gere as actividade­s da televisão pública em França, da produção até à emissão.

Também incluiu visitas às redacções e encontros com jornalista­s do grupo France Media Monde, que integra o canal televisivo France 24 e as emissoras radiofónic­as RFI e MCD, e detém participaç­ão na TV5 Monde, canal generalist­a francófono internacio­nal também visitado pelos jornalista­s angolanos.

Os profission­ais do jornal matutino “Liberation”, do semanário “Jeune Afrique”, que cobre a actualidad­e africana e internacio­nal, da agência de notícias “France Press” e da rádio generalist­a destinada à comunidade africana “África n.º 1” também acolheram os jornalista­s angolanos, que, deste modo, puderam compreende­r melhor o “modus operandis” da comunicaçã­o social francesa.

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FRANCISCO BERNARDO|EDIÇÕES NOVEMBRO França reitera a intenção de intensific­ar a cooperação com Angola mantendo os programas de ajuda à diversific­ação económica

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