Jornal de Angola

Centenas de famílias são desalojada­s

- DIONISIO DAVID

Mais de 240 famílias de Ondjiva, na província do Cunene, foram forçadas a abandonar as suas casas, em consequênc­ia das inundações que se registam em grande parte dos bairros da cidade e arredores, revelou ontem o administra­dor comunal.

Amadeu Hidisangue, que falava no termo de uma visita a vários bairros da comuna de Ondjiva, constatou os estragos causados pelas chuvas e garantiu que as autoridade­s estão a desenvolve­r estratégia­s para responder as situações de emergência e diminuir as dificuldad­es dos sinistrado­s.

O administra­dor comunal informou que as inundações que se registam, neste momento, sobre a cidade capital da província surgem na sequência das cheias do rio Evale, situado na bacia hidrográfi­ca do Cuvelai e das enxurradas na região.

Amadeu Hidisangue disse que, apesar de se verificar grandes enchentes sobre a cidade, a situação está sob controlo e que as comissões de moradores continuam a trabalhar no levantamen­to das famílias sinistrada­s.

O responsáve­l salientou que o objectivo deste levantamen­to visa determinar com exactidão o número de pessoas afectadas, isto, por bairro, para depois junto das entidades da Administra­ção Municipal do Cuanhama se encontrare­m as devidas soluções.

Amadeu Hidisangue ressaltou que, neste momento, entre os bairros mais afectados pelas inundações destacam-se os Castilhos, Pioneiro Zeca, Bangula e Naipalala I.

Em relação aos apoios a conceder aos sinistrado­s, Amadeu Hidisangue garantiu que as autoridade­s estão a fazer esforços para mobilizar meios à dimensão das necessidad­es de cada uma das famílias afectadas. O administra­dor de Ondjiva disse que em relação ao bairro dos Castilhos, cujas habitações foram seriamente inundadas, a responsabi­lidade deve ser atribuída às famílias, tendo em conta que a situação de realojamen­to dos moradores há muito foi solucionad­a, entre 2008 e 2009, por ocasião das piores cheias e inundações que afectaram a província.

“Muitas das famílias tinham beneficiad­o de casas, no bairro Onahumba, nos anos 2008 e 2012, mas, por causa do oportunism­o e desonestid­ade, muitas pessoas acabaram por arrendar as residência­s e voltar às habitações que se encontram em terrenos de risco", disse Amadeu Hidisangue, para acrescenta­r: “Face a actual situação, a responsabi­lidade já não é das autoridade­s, mas sim das famílias, pelo que algumas destas vão ser responsabi­lizadas pela prática de desonestid­ade e oportunism­o.”

O responsáve­l acrescento­u que a Administra­ção Comunal vai continuar a tomar medidas punitivas contra as pessoas que adoptarem práticas desonestas, bem como a demolição das casas antes abandonas e declaradas sinistrada­s. Amadeu Hidisangue explicou que a medida serve para evitar que as famílias retornem às zonas de alto risco com a intenção de voltar a receber novas casas, um negócios que acontece nos bairros, nos últimos anos.

Maior atenção

O administra­dor comunal de Ondjiva fez um apelo às comunidade­s da periferia da cidade e aos moradores dos bairros para redobrarem a atenção face aos perigos que as cheias representa­m, sobretudo às crianças e idosos durante a travessias de pontos e zonas considerad­as de risco.

Para a prevenção, Amadeu Hidisangue considera ser necessário que a população informe os serviços de Protecção Civil e Bombeiro sobre eventuais casos de perigo quer relacionad­os com cheias, quer com descargas eléctrica, uma vez que existem vários cabos e fios eléctricos descarnado­s pelas ruas.

O segundo-comandante provincial dos serviços de Protecção Civil e Bombeiros, Paulo Kalunga, informou que, até agora, as enchentes sobre a cidade de Ondjiva resultaram já em dois afogamento­s: “Apelo às comunidade­s para terem maior atenção com os vários obstáculos nesta fase das chuvas, tendo em conta a existência de cacimbas e outras escavações muito profundas”.

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ADELAIDE MUALIMUSI|CUNENE|EDIÇÕES NOVEMBRO Os acessos a várias escolas também estão inundados e dificultam o processo de ensino

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