“La Niña” causa fortes inundações no país
FENÓMENO TEM IMPACTO NA ZONA SUL Países da África Austral já declararam situação de emergência
As previsões internacionais indicam que Angola pode viver nos próximos tempos o fenómeno “La Niña”, com realce para a região sul do país, provocando fortes inundações.
A informação foi avançada ontem pelo oficial de programas para as questões humanitárias e de género do Fundo das Nações Unidas para a População (Fnuap).
Luís Samacumbi disse que o efeito La Niña pode causar inundações no país, agravando a vulnerabilidade da população local, que tenta superar o impacto da prolongada seca.
Em declarações ao Jornal de Angola, o oficial de programas do Fnuap disse que, além de Angola, a região da África Austral vai ser afectada pelo mesmo fenómeno. Países como o Botswana e a Namíbia, acrescentou, já declararam a situação como “uma emergência”, prevenindo todos os actores para se prepararem para uma resposta atempada.
Para o caso de Angola, o oficial de programas do Fnuap garantiu que o país está preparado. Sustentou que a província do Cunene, uma das regiões de risco, conta com um plano de contingência que apresenta uma estrutura realística capaz de responder aos actuais desafios das alterações climáticas.
A cidade de Ondjiva acolheu, em Fevereiro, um exercício de simulação de enchentes que visou testar a eficácia do plano de contingência da província. Organizado pela Comissão Nacional de Protecção Civil (CNPC), Fundo das Nações Unidas para População (Fnuap) e o Programa da Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o exercício de simulação além de testar a eficácia do plano, destinou-se também a testar a coordenação e gestão da informação, bem como capacitar os participantes de habilidades para realizar acções imediatas de resposta perante uma emergência.
Samacumbi disse que o plano de contingência contempla um programa de actualizações necessárias de acordo com o que pode ser identificado como lacunas. Recordou que o principal objectivo do plano de contingência é salvar vidas através de um processo de intervenção rápida.
O oficial de programas sublinhou que ficou provado que o plano de contingência da província do Cunene é robusto, aplicável e adaptado ao contexto. Defende a realização duas vezes por ano dos exercícios de simulação, para que todos os actores e sectores se familiarizem com o plano. “O exercício de simulação foi um ensaio do que as pessoas devem fazer em contexto de situação real e provar se estão preparadas ou não”, referiu.
Luís Samacumbi lembrou que a região sul tem vivido o fenómeno de seca recorrente e o efeito da estiagem em 2015 e 2016 naquela província foi o pior dos últimos 35 anos. Nos últimos dois anos, as secas provocadas pelo El Niño afectaram 1,2 milhões de pessoas em seis províncias do Sul de Angola.
O oficial de programas sublinhou que o Fnuap vai continuar a trabalhar na componente de preparação, por contribuir para uma resposta activa, efectiva, adequada, coordenada e antepada. O Fundo das Nações Unidas para a População conta com um grupo de trabalho denominado “Grupo de gestão de situações humanitárias”, que reúne regularmente para analisar e fazer o mapeamento que facilita em contextos de emergência.
Luís Samacumbi apontou que um dos grandes problemas é a limitação de recursos financeiros para dar respostas e, em alguns casos, a limitação de recursos humanos.
A coordenação, disse Samacumbi, é um aspecto importante para que todos os actores que trabalham no contexto humanitário intervenham e tenham uma cooperação a nível das Nações Unidas.