Ana Sanches expõe tecelagem no Camões
As recentes criações artísticas em tecelagem da tecelã Ana Paula Sanches estão patentes desde terçafeira até ao próximo dia18 de Abril, no Centro Cultural Português, em Luanda, na exposição individual denominada “Estudos SensoriaisA Poesia das Coisas materiais”.
Nesta mostra, que marca a sua estreia no mundo da artes plásticas angolanas, Ana Paula Sanches dá a conhecer ao público o seu poder imaginário, criativo e inovador, transmitindo nas suas criações sentimentos e emoções numa dimensão poética.
A mostra junta um conjunto de sete obras de tapeçaria, dez peças de panos, uma instalação com três peças e um trabalho de impressão, com o objectivo, neste mês de Março, de homenagear às mulheres de todo mundo, em participar às angolanas, que têm desempenhado um papel fundamental na família.
Segundo a artista plástica, neste mês de Março, em que a mulher é louvada, o público luandense tem a oportunidade de conhecer um trabalho original, criativo e inovador de tecelagem. “É uma linguagem artística ancestral, que apesar de há muito ter conquistado um espaço independente de afirmação, algumas vezes ainda é, erroneamente, encarada como uma arte menor.” A tecelã o disse que espera que o público goste do trabalho que está patente
Obras de arte da tecelã estão patentes até Abril no Centro Cultural Português em Luanda
no Camões. “Dedico a exposição à memória da mulher artista amante da beleza, em particular, e a minha mãe Lilly Tchiumba.”
Para a directora do Camões-Centro Cultural Português, Teresa Afonso, “Estudos Sensoriais - A Poesia das coisas Materiais” é um olhar actual e arrojado da artista Ana Paula Sanches sobre a arte milenar da tecelagem, tendo acrescentado que “na sua arte, a artista faz pesquisa, recolhe materiais, cola tecidos e cruza fios no seu tear artesanal”.
Ana Paula Sanches nasceu em Luanda, oriunda de uma família de artistas. A mãe, Lilly Tchiumba, foi uma cantora angolana e o seu tio, Eleutério Sanches, um dos grandes mestres das artes plásticas, poeta e músico. A tecelã fez o curso de monitora de artes plásticas na sede da União Nacional dos Artistas Plásticos (UNAP), com Marcela Costa, Jorge Gumbe, Helena Castilho, Francisco Van-Dúnem “Van”, Filomena Coquenão, Helga Gambôa e Cecília Amaral.
Trabalhou em Lisboa com o artista português António Inverno, membros da Academia nacional de BelasArtes por ela premiado na área de pintura, onde era especialista em serigrafia e desenvolveu trabalho com o arquitecto Troufa Real.
Ana Paula Sanches especializouse em diversa disciplina de arte como tapeçaria, tecelagem e tinturaria.
A realização de dois encontros de Valter Hugo Mãe, Prémio José Saramago e Grande Prémio Portugal Telecom 2012, com Marcelino Freire, Prémio Jabuti e Prémio Machado de Assis, do Brasil, são os destaque de hoje da programação do Festival Literário da Madeira, que decorre até sábado.
Os poetas Pedro Mexia e Daniel Jonas, Grande Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes, da Associação Portuguesa de Escritores, conversam amanhã, a partir da ideia de que “ser deixado sozinho é a coisa mais preciosa que se pode pedir do Mundo moderno”, uma frase do britânico Anthony Burgess, autor de “Laranja mecânica” e “1985”.
O festival inicialmente com inauguração prevista para terça-feira, só abriu ontem com os angolanos Pepetela, Prémio Camões em 1997, e Ondjaki, Prémio José Saramago e Prémio Jabuti Juvenil, que, com o jornalista Fernando Alves, conversaram a partir de uma citação do autor de “Yaka”: “Queremos transformar o Mundo e somos incapazes de nos transformar a nós próprios.”
Os dois escritores voltam a encontrar-se hoje, desta vez com o jornalista João Céu e Silva, para discutirem a partir da “máxima” do seiscentista inglês John Milton, o autor de “Paraíso Perdido”: “A solidão é por vezes a melhor sociedade.”
O encerramento do festival, no dia 18, conta com o escritor norteamericano Adam Johnson, numa conversa com o jornalista e escritor português Miguel Sousa Tavares, moderada pelo jornalista Paulo Moura. Adam Johnson venceu o Prémio Pulitzer de Ficção, em 2013, pelo romance “Vida Roubada” (“The Orphan Master’s Son”).
Antes, no último dia de encontros, há mais duas sessões com escritores. A primeira reúne Frederico Lourenço, Prémio Pessoa 2016, e o sociólogo Viriato SoromenhoMarques, numa conversa a partir do versículo das epístolas de São Paulo aos Coríntios “tudo me é permitido, mas não me deixarei ser controlado por nada”.
A segunda junta a escritora irlandesa Eimear McBride, prémio Goldsmith 2016, autora de “Uma rapariga é uma coisa inacabada”, a Tatiana Salem Levy, nascida em Lisboa, que escreveu “A Chave de Casa” e o “Paraíso”, para conversarem a partir da certeza do escritor de origem argentina Julio Cortázar de que “a linguagem é uma das prisões mais terríveis e está sempre à nossa espera”.
A escritora bielorrussa Svetlana Alexievich, Prémio Nobel da Literatura 2015, que deveria abrir o evento na terça-feira, já não participa no Festival Literário da Madeira, região onde não conseguiu chegar, devido às condições atmosféricas, que impediram as operações no aeroporto do Funchal, de acordo com uma fonte da organização.