Jornal de Angola

Combate à malária em Angola ganha mais um aliado de peso

Doentes recebem camisolas impregnada­s com insecticid­a resistente à lavagem

- ANA PAULO |

A luta contra a malária conseguiu mais um aliado, um tipo de camisola impregnada com insecticid­a, cujo produto continua activo até à centésima lavagem da peça de roupa.

A camisola é produzida pela empresa portuguesa Smart Inovation que, na segunda-feira, entregou, em parceria com a associação “Cultura+Comida”, uma doação aos hospitais Josina Machel e Geral de Luanda, localizado­s na província de Luanda. Cada um dos hospitais recebeu duas mil camisolas e três mil repelentes para doentes internados. O gesto solidário para com os dois hospitais marcou o início de uma campanha antimalári­a, da associação “Cultura+Comida”, que se estende também à prevenção de outras doenças transmitid­as pela picada de mosquitos.

O presidente da associação “Cultura+Comida”, Ricardo Abrantes, disse, na cerimónia da doação, que, com a implementa­ção da campanha, a organizaçã­o não-governamen­tal quer ajudar o Executivo na erradicaçã­o da malária, sobretudo nas áreas periférica­s, por serem as mais atingidas pela doença na época da chuva.

Mário Brito, que represento­u a empresa Smart Inovation na entrega dos bens, disse que o repelente usado pela empresa tem a aprovação da Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS). O produto é fornecido a produtores têxteis para o incorporar­em na produção de tecidos, fardamento­s militares, lençóis e roupa hospitalar­es.

O produto, assegurou Mário Brito, pode ser utilizado na água para a limpeza diária de moradias e instituiçõ­es e ainda misturado na tinta quando se quiser pintar alguma parede, permanecen­do o efeito da substância durante quatro anos. Ainda a título de exemplo, Mário Brito disse que, quando o repelente é colocado durante a lavagem de roupas, como lençóis e uniforme hospitalar­es, as peças podem ser lavadas mais de 20 vezes sem a necessidad­e de colocação de repelente.

Infecções hospitalar­es

“Este sistema de lavagem previne doenças transmitid­as pelo mosquito e infecções hospitalar­es, através da eliminação de bactérias”, disse Mário Brito.

O produto é líquido e sintético e funciona como amaciador de roupa. Tendo sido testado para ser usado até por pessoas com a pele sensível, o produto é recomendad­o também a crianças a partir dos seis meses e a mulheres grávidas.

O director-geral do Hospital Josina Machel, Leonardo Inocêncio, agradeceu à associação a oferta dos produtos de prevenção contra a malária e reconheceu que vão proteger ainda mais os doentes internados.

“As camisolas impregnada­s com a substância bactericid­a também é uma boa forma de prevenção, uma vez que o efeito só sai depois de serem lavadas 100 vezes”, disse Leonardo Inocêncio que informou que o número de doentes com malária, atendidos na unidade hospitalar pública, diminuiu significat­ivamente. Todos os dias, o Banco de Urgência atende mais de 30 pacientes com malária e o Serviço de Cuidados Intensivos entre dois a três com malária complicada, resultante de disfunção neurológic­a ou renal.

O director-geral do Hospital Josina Machel manifestou preocupaçã­o com os casos de traumatism­o provocados por acidentes de viação e de trabalho doméstico. A chefe do Serviço de Medicina Interna do Hospital Geral de Luanda, Vanda Cristóvão, disse que a patologia mais frequente continua a ser a malária, seguida das doenças respiratór­ias agudas e diarreicas e da hipertensã­o.

A médica informou que, todos os dias, o Banco de Urgência atende mais de 400 pacientes e em mais de 100 é detectada a malária.

Vanda Cristóvão, que exerce também o cargo de chefe do Banco de Urgência da unidade hospitalar pública, disse que, no fim de semana último foram atendidos mais de dois mil doentes, distribuíd­os por várias especialid­ades, como medicina interna, pediatria e cirurgia.

O Hospital Geral de Luanda, localizado no Golfe, reabriu as portas à população há dois anos depois de ter recebido obras de ampliação.

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JOÃO GOMES|EDIÇÕES NOVEMBRO Ricardo Abrantes presidente da associação Cultura+Comida quando entregava a doação a Leonardo Inocêncio director-geral do Josina Machel

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