Juiz autoriza hospital a desligar aparelhos
A Justiça britânica autorizou os médicos de um hospital de Londres a desligarem os aparelhos que mantinham vivo, desde Outubro do ano passado, um bebé recém-nascido.
A polémica está instalada. A decisão deixou os pais do bebé revoltados, que discordam do argumento da corte do Reino Unido que teve em conta a alegação do Hospital Great Ormond Street de que o pequeno Charlie possui um “dano irreversível no cérebro”, permitindo que os médicos responsáveis suspendessem o tratamento que o mantinha vivo desde que nasceu.
Um porta-voz do hospital disse que o bebé tem uma doença “rara, complexa e incurável.” Charlie estava muito mal quando foi internado no nosso hospital, onde vem recebendo cuidados 24 horas por dia na nossa unidade de terapia intensiva. Mas as condições dele continuaram a piorar e agora acreditamos que já exaurimos todos os tratamentos disponíveis”, afirmou.
O hospital reconhece “quão angustiante” é a decisão para a família e afirma estar disponível para continuar a apoiar “de todas as maneiras”, apoiados na ideia de que “é o melhor” para o bebé. Os pais de Charlie vivem em Londres e querem levá-lo para os Estados Unidos, onde acreditavam que possa ter uma hipótese derradeira de sobreviver caso receba um tratamento que é considerado pioneiro para essa doença.
Segundo Kate Gollop, advogada que representa os médicos do Hospital Great Ormond, os especialistas britânicos já consideraram o tipo de tratamento que está disponível nos EUA, mas decidiram não aplicá-lo no bebê.
Entretanto, a mãe de Charlie lançou uma campanha que arrecadou mais de 80 mil libras para um total de um milhão de libras que os pais acreditam ser necessário para que o bebé receba o tratamento nos Estados Unidos.
Na primeira audiência do caso, o juiz responsável chegou a dizer que os pais de Charlie são “profundamente dedicados a ele”, mas que se trata de “uma situação trágica.”
Durante cinco dias de análise das provas, o juiz Francis ouviu argumentos opostos sobre o que deveria acontecer a Charlie. Debra Powell, representante do hospital em tribunal, disse que vários especialistas de renome internacional concordaram que a criança deveria deixar de ser assistida por aparelhos por muito mais tempo, porque a sua “qualidade de vida já é muito precária.”