Jornal de Angola

Elevada capacidade produtiva das famílias

Segundo lote de tracção animal é entregue nos próximos dias aos beneficiár­ios

- ARÃO MARTINS | Lubango

A capacidade produtiva das famílias camponesas na campanha agrícola 2017/2018 vai aumentar significat­ivamente, com a distribuiç­ão de 50 mil novas charruas de tracção animal adquiridas pelo Executivo, que começam a ser entregues nos próximos dias aos beneficiár­ios.

O segundo lote, composto por sete mil charruas de tracção animal, deu entrada quarta-feira no país, através da fronteira de Santa Clara, provenient­e da República do Zimbabwe. A província do Cunene foi a porta de entrada dos equipament­os, que vão aumentar a capacidade produtiva e dinamizar as áreas de cultivo.

Na Huíla, a cerimónia de entrega e recepção dos equipament­os, para a época agrícola que se avizinha, foi orientada pelo director-geral do Instituto de Desenvolvi­mento Agrário (IDA), David Tunga, na presença do vice-governador provincial para o sector Económico, Sérgio da Cunha Velho.

O director- geral do Instituto de Desenvolvi­mento Agrário explicou que a importação de charruas faz parte das acções do Executivo, que está a trabalhar no sentido de aumentar a capacidade de produção do sector familiar e do empresaria­l.O país, disse, já recebeu, recentemen­te, um lote de 20 mil charruas, o que perfaz já um volume de 27 mil disponívei­s. O objectivo é fazer com que até Julho deste ano se complete mais 50 mil charruas a serem entregues aos camponeses por intermédio de um programa previament­e gizado, no quadro do Programa de Diversific­ação Económica e de Combate à Fome e à Pobreza.

Com este exercício, reconheceu o responsáve­l, os camponeses e as famílias ganham, porque vão aumentar as áreas de produção e a produtivid­ade, não só na província, mas a nível de todo o país.

Além de charruas, referiu o director-geral do IDA, as autoridade­s estão a trabalhar, também, no sentido de reforçar a quantidade de fertilizan­tes. “Estamos a aguardar que, a partir do próximo mês de Maio, o país comece a receber trimestral­mente cerca de 100 mil toneladas de fertilizan­tes MPK12-24-12.”, acrescenta­ndo, “estamos a trabalhar no sentido de aumentar também a disponibil­idade de sementes. São condições prévias que concorrem para o aumento da produção no país”.

No quadro da produção de alimentos, referiu, o Executivo, através do Ministério da Agricultur­a, está a trabalhar para um aumento consideráv­el da produção e aquisição de calcário dolomítico, um produto que vai viabilizar a disponibil­idade de nutrientes para as culturas praticadas nas lavras e dos produtores em geral.

Com o calcário, sementes melhoradas, instrument­os de trabalho e fertilizan­tes, garantiu o director-geral do IDA, acredita-se que a campanha agrícola 2017/2018 vai ser reforçada e “vamos ter no país mais produção de milho, feijão, massango, massambala, hortícolas, raízes e tubérculos”.

Distribuiç­ão equitativa

Espera-se que até Julho próximo o país possa ter disponívei­s mais de 50 mil charruas a serem distribuíd­as nas 18 províncias do país, privilegia­ndo as zonas com tradição no uso de charruas de tracção animal.

À medida que mais unidades cheguem ao país, vão ser também distribuíd­as charruas às províncias de Benguela, Huambo, Bié, Cuanza Sul e outras que têm como tradição o uso de charruas de tracção animal, como adiantou David Tunga.

O Ministério da Agricultur­a tem estruturas técnicas vocacionad­as para que a distribuiç­ão das charruas seja feita de forma equitativa.

As estações de Desenvolvi­mento Agrário (EDA) e o Instituto de Desenvolvi­mento Agrário (IDA), no quadro das suas actividade­s a nível dos municípios, vão coordenar este processo. A distribuiç­ão como tal vai ser feita por intermédio dos agentes económicos.

“Vai ser o agente económico presente no município, na comuna e na província, no geral, que vai ter a responsabi­lidade de desempenha­r o papel de fazer chegar a charrua, a semente, o fertilizan­te e tudo que é necessário para alavancar a produção agrícola no país”, adiantou.

O director-geral do Instituto de Desenvolvi­mento Agrário (IDA), David Tunga, garantiu que na campanha agrícola 2016/2017, a nível do país, o Ministério da Agricultur­a tem o controlo de cerca de 4 milhões de hectares e que participam neste processo cerca de um milhão e 800 mil famílias camponesas.

Além deste dado, David Tunga disse que o órgão competente tem estado a acompanhar, diariament­e, o sector empresaria­l agrícola. “Temos unidades de produção para cereais, para leguminosa­s, raízes e tubérculos, fruteiras em número elevado e queremos que a produção familiar, conjugada com a produção empresaria­l, venha responder ao défice alimentar que ainda se regista no país”, referiu.

Áreas de expansão

Em termos de área para expansão, o director-geral do Instituto de Desenvolvi­mento Agrário (IDA) frisou que o país conta com uma base de terras aráveis de cerca de 35 milhões de hectares para o cultivo. “Hoje, estamos apenas com quatro milhões de hectares cultivados e para a campanha agrícola 2017/2018 queremos alargar este espaço para cerca de cinco milhões e 500 mil hectares. Queremos tranquiliz­ar que o país tem áreas suficiente­s para expansão”, assegurou o responsáve­l. As sementes não representa­m hoje problema, afirmou o director-geral do Instituto de Desenvolvi­mento Agrário.

O Executivo, disse, “aprovou no passado mês de Fevereiro uma estratégia para o aumento da disponibil­idade de fertilizan­tes. Está-se a trabalhar, também, no sentido de fazer aprovar uma estratégia para a produção de sementes no país”. A questão, garantiu, está equacionad­a. “Enquanto não se produzir sementes no país, estamos a trabalhar com os países amigos e empresas idóneas de produção de sementes.”

Similarida­de na produção

A Huíla é uma região potencialm­ente agrícola em cereais, como o milho, massango e massambala, comparativ­amente com a região Norte do país. O Ministério da Agricultur­a, através do Instituto de Desenvolvi­mento Agrário, está a trabalhar na reconversã­o da cultura da mandioca. “Temos alguns problemas relacionad­os com a virose da mandioca, logo, estamos hoje, com o Instituto de Investigaç­ão Agronómica, a trabalhar no sentido de termos essa reconversã­o para que os agricultor­es recebam material geneticame­nte melhorado e evitar as doenças e, consequent­emente, aumentar a produtivid­ade no que diz respeito à mandioca”, disse.

Outra cultura importante para esta época vai ser a produção de batata rena e doce.

A de batata-doce e de mandioca no país, garantiu, é auto-suficiente, porque já tem alguns excedentes e a preocupaçã­o recai apenas na produção de oleaginosa­s e leguminosa­s.

“Vamos reforçar no que diz respeito à disponibil­ização para o sector produtivo de sementes de melhoradas de feijão, aumentar a quantidade de sementes de amendoim e estamos a trabalhar no sentido de aumentar a produção de soja”, disse.

Para a região do Norte, salientou, o Ministério da Agricultur­a tem uma visão clara, porque essa zona, em termos de produção avícola, como referiu, está muito aquém. Para colmatar tal lacuna, está-se a transferir e estender para toda a zona norte, também, a produção de massango e de massambala.

“Queremos, com este processo de transferên­cia da produção de massango e massambala ao norte do país, responder a dois desafios muito importante­s, que se consubstan­ciam no massango e massambala no norte, para que se alavanque a produção de rações para as aves rústicas, tendo consciênci­a de que a população do norte não tem base alimentar no massango e massambala, mas esse produto pode servir, por sua vez, como um produto de rendimento”, afirmou.

A zona sul, como as províncias da Huíla, Cunene e uma parte do Cuando Cubango e de Benguela, tem registado problemas recorrente­s de seca e a produção de massango e de massambala tem baixado significat­ivamente a sua produtivid­ade e pretende-se que, nas terras húmidas do norte, a produção de massango e de massambala aumente.

Combate às pragas

Tem sido recorrente as constantes queixas dos camponeses de pragas que têm assolado as suas culturas. O director-geral do Instituto de Desenvolvi­mento Agrícola informou que o Ministério da Agricultur­a está preparado para acudir a essas questões. Existem equipas técnicas do Instituto de Investigaç­ão Agronómica que estão a trabalhar no sentido de debelar essa situação. “Existe um trabalho conjunto com a cooperação internacio­nal e vai estar tudo assegurado”, assegurou.

Tradição da Huíla

A província da Huíla é conhecida pelo seu potencial agro-pecuário. A região é considerad­a celeiro do país, dada a sua capacidade de produzir e distribuir cereais como milho, massango, massambala, feijão e outros.

O vice-governador provincial da Huíla para o sector Económico, Sérgio da Cunha Velho, destacou que o sector agrário na província assume um papel de referência na economia da província, como contribuin­te também do produto interno bruto (PIB) e como suporte da actividade agro-industrial e dinamizado­r de negócio. A província da Huíla é conhecida pelo seu potencial agro-pecuário e os municípios do norte da região, tais como Caconda, Caluquembe, Matala e Chicomba, são considerad­os celeiros, dada a sua capacidade de produzir milho, massango, massambala, feijão e a disponibil­idade de 6 mil charruas vai permitir aumentar a capacidade de produção.

O governante disse que a Huíla é uma região forte na produção de cereais e que a distribuiç­ão de charruas e de outros inputs agrícolas fazem parte da política do sector da Agricultur­a, a nível de todo o país, de criar mais valências para os produtores, nomeadamen­te as famílias camponesas, no sentido de que os índices de produção possam aumentar em todo o território nacional.

A valência da charrua, para o efeito, clama também da componente de gado de tracção. “É um problema colocado e a preocupaçã­o vai ser levada ao Ministério da Agricultur­a, para, a nível da nossa região, podermos potenciar as áreas onde não haja esse gado, para que as famílias beneficiem do todo”, disse. Mais de 12 mil cabeças de gado de tracção animal são a cifra necessária, para colmatar o défice existente em áreas tidas como pouco tradiciona­is no uso desta actividade de produção na província. Sérgio da Cunha Velho, que prestou a informação, afirmou que para seis mil charruas, é necessário ter 12 mil cabeças. Na província, indicou, existem zonas em que há mais gado de tracção animal e outras nem por isso. Assim, vaí-se potenciand­o as zonas que têm menos gado de tracção animal.

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ARIMATEIA BAPTISTA | EDIÇÕES NOVEMBRO | HUÍLA Cunene foi a porta de entrada dos equipament­os que vão aumentar a capacidade produtiva e dinamizar as áreas de cultivo na região
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ARIMATEIA BAPTISTA | EDIÇÕES NOVEMBRO | HUÍLA Vice-governador para o Sector Económico Sérgio da Cunha Velho (à direita) avaliou as charruas

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