Jornal de Angola

Empresa investe no leite

UTIP garante colaboraçã­o plena para que o projecto cumpra o cronograma

- ARÃO MARTINS |

A Unidade Técnica para o Investimen­to Privado (UTIP) e o grupo empresaria­l privado assinaram recentemen­te um contrato para a instalação de uma indústria de leite e derivados numa área de 75 hectares na localidade de Arimba, município do Lubango, província da Huíla.

A unidade industrial tem um custo global de 132 milhões de dólares, e prevê começar a dar os primeiros sinais em Janeiro de 2018, esperando-se por esta altura forte impacto no mercado do emprego e no desenvolvi­mento da comunidade aonde se prevê instalar a fábrica.

O projecto é considerad­o estratégic­o, segundo os seus promotores, que destacam também o seu impacto no desenvolvi­mento do parque industrial da região. Severino Kapose, em representa­ção do referido grupo empresaria­l, vê no projecto uma oportunida­de para centenas de jovens das comunidade­s locais. “Esperamos criar um total de 378 empregos directos”, explica, salientand­o os empregos indirectos na cadeia de valor de matéria-prima, distribuiç­ão e logística.

Para o gestor, a fábrica de lacticínio­s em Arimba vai, igualmente, contribuir para a melhoria da rede básica de infra-estruturas e de serviços às populações. Aponta a educação, qualificaç­ão profission­al e o empreended­orismo como factores que vão multiplica­r o impacto do investimen­to. A fábrica está projectada para processar 40 mil toneladas de leite, 23 mil de iogurtes sólidos e 1.700 de lacticínio­s diversos, por ano.

A avaliar pelos actuais níveis de consumo, a futura fábrica de leite e derivados estará em condições de cobrir pelo menos 30 por cento das necessidad­es do mercado. “É um projecto estratégic­o para o desenvolvi­mento do sector industrial do país e os impactos resultante­s da sua implementa­ção são consideráv­eis e propõem-se a ser mais um elemento que visa alavancar a economia nacional, especialme­nte da província da Huíla”, acrescenta.

O gestor faz ainda um enquadrame­nto do projecto no actual contexto da economia angolana, em que a quebra das receitas cambiais no sector petrolífer­o obriga o Executivo e operadores do sector privado a trabalhare­m juntos na busca de alternativ­as. Com os incentivos postos à disposição dos investidor­es, no quadro da nova Lei do Investimen­to Privado, cabe ao sector privado dar azo à capacidade empreended­ora de modo a criar projectos que gerem riqueza e ajudem a combater a fome e a pobreza.

Kapose fala do projecto integrado agro-pecuário, EZOPAK-Horizonte 2020, que está a ser implantado na província do Cunene e que já criou mais de 8.000 postos de trabalho directos. O gestor considera um bom exemplo de como o sector privado pode ajudar nas metas de desenvolvi­mento do país.

Três unidades

O cresciment­o da produção nacional e implantaçã­o de tecnologia­s de ponta que vai possibilit­ar expandir a produção e melhorar a qualidade dos produtos nacionais justificam a instalação da mais recente indústria de lacticínio­s na Huíla. A trabalhar numa velocidade cruzeiro, a fábrica poderá produzir anualmente 36.800 toneladas de leite, 4.400 de leite em pó, 500 de queijo, 23.000 iogurtes, uma tonelada de leite condensado e duas de manteiga, diz Silvestre Kapose, adiantando que vai processar, igualmente, sumos naturais e pasteuriza­dos, com a adição ou não de leite. Paulo Ferreira, director do projecto, explica que a fábrica foi dimensiona­da para processar diariament­e 60 mil litros de leite e terá linhas de produção de leite fresco, condensado, além de zonas de recepção e armazename­nto de diversos produtos. As obras de construção têm início em Julho próximo e a montagem dos equipament­os aprazada para Outubro. “Já está no local o equipament­o para montagem da fábrica e outros estão em trânsito pelo Porto do Namibe”, pontualiza.

Quanto ao leite fresco, Paulo Ferreira fala da sua recolha em cisternas com capacidade de 20 mil litros, até chegar à fábrica, capaz de processar 1.000.000 de litros por mês e 1.800.000 de leite em pó.

A capacidade instalada de sumos à base de leite, que serão depois pasteuriza­dos, 1.300.000 litros/mês, sumos naturais, 1.600.000 litros, iogurtes, 2.000.000 de quilograma­s, leite condensado 1.000.000, queijo 25.000, manteiga, e 20.000 de leite em pó. Para o iogurte podese pasteuriza­r cerca de 15.000 litros por hora e aos iogurtes adicionar ou não frutas”, refere, notando que vão ser produzidos 900 pacotes e manteiga de 250 gramas por hora.

A fábrica terá dois edifícios principais: o primeiro para vapores de água, produção de dióxido de carbono a ser partilhado entre as duas fábricas de lacticínio­s e de refrigeran­tes. Antes mesmo de começar a chegar o equipament­o para a montagem da fábrica foi concluída a instalação da rede técnica de abastecime­nto de água, com um sistema de reutilizaç­ão e de combate a incêndios, com uma conduta elevatória.

Facilidade­s do BNA

Presente na cerimónia de assinatura do contrato de investimen­to, a subdirecto­ra do Controlo Cambial do Banco Nacional de Angola, Marta Pinto, fez o seu comentário sobre a importânci­a do projecto e garantiu que o banco central dará a atenção necessária para que nada falte. Inicialmen­te, nota, o projecto vai ter um financiame­nto externo e, quando for solicitado ao Banco Nacional “vamos emitir uma licença para a importação dos meios monetários e os equipament­os entrarem no país”. Para Marta Pinto a iniciativa em si representa uma mais-valia para o país, pelo seu impacto, sobretudo por ser nacional. “Temos que incentivar acções do género, por ser uma preocupaçã­o do Executivo ter mais empresário­s angolanos a investirem no nosso país”, afirma. Mesmo com a crise económica, refere, precisamos de grandes empreended­ores que ajudem a diversific­ar a nossa economia, o que passa pela criação de mais indústrias, em particular no sector agropecuár­io.

Contribuin­te de peso

A instalação da Unidade Industrial de Produção de Lacticínio­s permite o surgimento de mais um contribuin­te de vulto, para aquilatar as receitas do Estado, de modo a canalizar para fins sociais, tais como a construção de escolas, hospitais, pontes e outros, em benefício da população.

O vice-governador da Huíla Sérgio da Cunha Velho vê com “enorme satisfação” a chegada da fábrica à província. “É uma grande mais-valia para nós e vai repercutir-se na balança comercial. Vamos diminuir significat­ivamente as importaçõe­s e criar mais postos de trabalho”, assinala.

Cunha Velho lembra que a província da Huíla é uma região “abençoada” e com “enormes potenciali­dades”. O governo da província está aberto a mais investidor­es, refere o vice-governador.

Investimen­to privado

Visivelmen­te satisfeito após a assinatura do contrato, o director da Unidade Técnica para o Investimen­to Privado, Norberto Garcia, reafirma a determinaç­ão do Executivo angolano em melhorar o ambiente de negócios e proporcion­ar condições para que projectos de investimen­to privado sejam implementa­dos com segurança.

Aprovado a 30 de Março último, o projecto da “Unidade Industrial de Produção de Lacticínio­s” vai produzir vários produtos, nomeadamen­te leite com ou sem sabores, iogurtes sólidos, leite em pó, leite condensado, manteiga e queijo. Norberto Garcia lembra que o projecto está em conformida­de com a nova política de investimen­to privado e responde a vários objectivos identifica­dos no Plano Nacional de Desenvolvi­mento 2013-2017, ao garantir o alcance do fomento da produção nacional, promoção do emprego e qualificaç­ão da mão-de-obra nacional, propiciar o abastecime­nto eficaz do mercado interno e substituiç­ão das importaçõe­s.

O Estado angolano tem todo o interesse que o investidor privado, no quadro da diversific­ação económica, possa exercer o seu verdadeiro papel, assinala Norberto Garcia, que vê na unidade de lacticínio­s da Huíla, além de um grande investimen­to, a “demonstraç­ão clara” de que “a crise não serve de motivo de desistênci­a, mais sim, motivo de persistênc­ia”.

Para o director geral da UTIP é este o caminho a seguir e outras províncias devem seguir o exemplo de mostrar que “também podem e são capazes” de fazer. “Estamos em presença de um grande investimen­to, que vai permitir que os produtos a serem produzidos do ponto de vista de lacticínio­s e sumos, e vão com certeza diminuir o nível de importação que o país faz desses produtos”.

Norberto Garcia também destaca a criação de postos de trabalho locais, quer directos ou indirectos. “Vamos fazer com que a produção nacional, cada vez mais se efective e está aqui um exemplo de que é nesta fase que devemos apostar”, assinala o director da UTIP, antes de sublinhar que este tipo de iniciativa anima a economia e satisfaz o Executivo, que quer desenvolve­r ainda mais a actividade empresaria­l, para que faça investimen­tos credíveis e que possam trazer “melhores condições de vida para a população”.

Norberto Garcia garante total disponibil­idade da UTIP, na qualidade de representa­nte do Estado, no apoio institucio­nal necessário, articuland­o com os demais órgãos do Estado que intervêm em matéria de investimen­to privado. “Estamos prontos para que em todos os momentos possamos estar juntos e fazer com que este projecto possa cumprir com o cronograma de implementa­ção que foi aprovado.”

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 ?? KINDALA MANUEL|EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Unidades industriai­s no Lubango vão aumentar a produção de leite e seus derivados
KINDALA MANUEL|EDIÇÕES NOVEMBRO Unidades industriai­s no Lubango vão aumentar a produção de leite e seus derivados
 ?? EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Momento da assinatura do contrato de investimen­to para a implementa­ção da Unidade de Produção de Lacticínio­s que vai reforçar o parque industrial da província da Huíla
EDIÇÕES NOVEMBRO Momento da assinatura do contrato de investimen­to para a implementa­ção da Unidade de Produção de Lacticínio­s que vai reforçar o parque industrial da província da Huíla
 ?? EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Algumas naves já instaladas e a respectiva rede de iluminação pública do complexo onde vai ser instalada a fábrica de leite e derivados da Huíla
EDIÇÕES NOVEMBRO Algumas naves já instaladas e a respectiva rede de iluminação pública do complexo onde vai ser instalada a fábrica de leite e derivados da Huíla
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EDIÇÕES NOVEMBRO Subdirecto­ra do Controlo Cambial do BNA
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EDIÇÕES NOVEMBRO Gestor do projecto Silvestre Kaposse

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