Trump já admite reunião com Jong-un
TENSÃO NA PENÍNSULA COREANA China reafirma esforços para superar a crise pela via diplomática e através de negociações sérias
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse, na segunda-feira, estar disposto a reunir-se com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, “mediante circunstâncias adequadas”, facto já elogiado pela China que considerou o gesto um passo importante que pode vir a aliviar a tensão na península coreana.
“Se para mim fizer sentido encontrar-me com ele (Kim Jongun), eu tenho, com toda a certeza, a honra de o fazer”, disse Donald Trump numa entrevista à Bloomberg News, numa altura em que sobe a tensão em relação a Pyongyang por causa dos programas nucleares e balísticos e de uma alegada preparação de um teste de míssil.
“Estou a dizer-lhe que, com as condições certas, eu estou disposto a encontrar-me com ele”, sublinhou a propósito do líder norte-coreano. O Governo chinês considerou um sinal “positivo” a afirmação do Presidente dos Estados Unidos.
“Tomamos nota das recentes declarações e dos gestos positivos que incluem e pensamos que os EUA e a Coreia do Norte, como actores principais da desnuclearização, devem realizar esforços credíveis e demonstrar boa fé”, afirmou um porta-voz do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang.
Geng reiterou que o diálogo é a única solução “realista e viável” no momento actual, “altamente delicado e de complicadas tensões”. Os comentários de Trump ocorrem num período de renovadas tensões entre Washington e Pyongyang, face ao programa nuclear norte-coreano, que levaram os EUA a enviar uma frota comandada pelo porta-aviões “Carl Vinson” para águas próximas da península coreana.
O último encontro entre altos dirigentes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte remonta a 2000, quando a então secretária de Estado norte-americana Madeleine Albright, na Presidência de Bill Clinton, se reuniu com Kim Jong Il, pai do actual líder norte-coreano, Kim Jong-un. Desde que chegou ao poder em 2011, Kim Jong-un nunca se encontrou com qualquer dirigente político estrangeiro. Enquanto isso, o Exército dos Estados Unidos confirmou ontem que o seu polémico escudo antimísseis THAAD já está em funcionamento na Coreia do Sul.
“As Forças dos EUA na Coreia confirmam que o Sistema de Defesa Terminal de Área a Grande Altitude (THAAD) está a funcionar e tem a capacidade de interceptar mísseis balísticos norte-coreanos e defender a República da Coreia (nome oficial da Coreia do Sul)”, refere um comunicado enviado à agência Efe.
O anúncio, assinado pelo coronel Richard Manning, chega apenas uma semana depois do THAAD ser instalado num antigo campo de golfe na região de Seongju (centro do país), apesar dos protestos dos habitantes locais, principalmente agricultores, que se mostram preocupados pela possibilidade da região se tornar alvo de ataques norte-coreanos e também pelos efeitos que os potentes radares do escudo tenham sobre a sua saúde e nas plantações.
Muitos sul-coreanos acreditam que a implantação do chamado escudo antimíssil está a ser feita de maneira precipitada e que foi aprovado por um Governo deposto por um caso de corrupção, no caso a ex-Presidente Park Geun-hye, postura que defende o candidato favorito à Presidência, Moon Jae-in, que já falou sobre uma possível revisão do acordo depois das eleições antecipadas deste mês.
Suspensão do escudo antimíssil
Depois de elogiar a vontade manifestada pelo Presidente norteamericano, Donald Trump, num futuro encontro com o líder nortecoreano, a China exigiu ontem a suspensão “imediata” da instalação do sistema antimísseis norteamericano THAAD na Coreia do Sul, que, segundo Washington, já começou a funcionar. “Opomo-nos à instalação do sistema THAAD na Coreia do Sul. Apelamos às partes que parem essa instalação imediatamente e tomaremos fortemente as medidas necessárias para defender os nossos interesses”, disse à imprensa o porta-voz do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang.
Pequim tem protestado contra a instalação daquele sistema, que considera constituir uma ameaça ao seu território. Washington e Seul dizem que a instalação do sistema é uma medida de precaução, face aos sucessivos testes nucleares e com mísseis realizados pela Coreia do Norte.
Na segunda-feira, um responsável militar norte-americano anunciou que o escudo THAAD já está operacional, tendo atingido “a sua capacidade inicial de intercepção” de mísseis.
A instalação deste sistema foi decidida por Seul e Washington em Julho, na sequência de repetidos testes com mísseis da Coreia do Norte. O financiamento do sistema originou uma pequena polémica na semana passada entre a administração norte-americana e a Coreia do Sul.
O Presidente norte-americano considerou que é “apropriado” que Seul pague o sistema antimíssil, que custou cerca de mil milhões de dólares, mas a Coreia do Sul afastou esta possibilidade.
Segundo o Pentágono, o sistema “meramente defensivo” permite um nível de protecção adicional em relação ao dispositivo antimíssil existente e protege melhor o território sul-coreano e as forças norte-americanas que aí se encontram.