Jornal de Angola

O “Santo Graal” e a vida fora da Terra

- MARÍA LEÓN |

A possibilid­ade de se encontrar vida extraterre­stre transformo­use no novo “Santo Graal” e especialis­tas reunidos num congresso em Mesa, no Estado americano do Arizona, acreditam que não será necessário esperar séculos, mas décadas, para certificar esta descoberta, que pode estar nas luas de Saturno e Júpiter.

“Encontrar as provas de vida extraterre­stre para os cientistas é o equivalent­e ao Santo Graal”, disse Paul Davies, director do Centro Beyond de Conceitos Fundamenta­is da Ciência da Universida­de do Estado do Arizona (ASU), um dos organizado­res da conferênci­a AbSciCon 2017.

De acordo com o especialis­ta, é difícil prever quando será possível obter provas inquestion­áveis sobre a existência da vida extraterre­stre e o seu local, pois muitos cientistas continuam a olhar para Marte enquanto outros se focam em exoplaneta­s, que orbitam estrelas que não sejam o Sol.

Mas, para outros pesquisado­res que debatem nesta semana no Arizona as mais recentes descoberta­s e perspectiv­as sobre a origem da vida e a possibilid­ade de vida extraterre­stre a chave está numa das luas de Júpiter, Europa, e noutra de Saturno, Encélado.

Foi nesta última onde a NASA anunciou em meados de Março a descoberta de hidrogénio, o que pode significar a existência de micro-organismos.

Um dos cientistas desse debate é a especialis­ta em física espacial Britney Schmidt, professora do Instituto de Tecnologia da Geórgia e que faz parte da equipa de exploração de Europa da NASA, que calculou as melhores chances desta grande descoberta ocorrer na missão da agência americana programada para 2020, Europa Clipper.

“Esta é a melhor oportunida­de que temos nas nossas vidas para poder obter possíveis provas de vida noutros planetas”, disse Schmidt. A missão terá o propósito de explorar se existem as condições para hospedar vida microbiana em Europa, o sexto maior satélite de Júpiter e de tamanho similar à nossa Lua, com um diâmetro de aproximada­mente três mil quilómetro­s.

Schmidt explicou que Europa é coberta por uma casca de gelo que pode ter carateríst­icas similares à Antárctida, com um oceano sob a superfície de água congelada, no qual há grandes possibilid­ades de se encontrar algum tipo de vida nas suas profundida­des.

O objectivo desta missão é alcançar Europa e orbitá-la pelo menos 45 vezes para detectar as “plumas” de vapor d'água e analisá-las, gêiseres que os cientistas sabem que existem graças à detecção pelo telescópio espacial Hubble.

A maior esperança de cientistas como Schmidt é que a missão possa voar a uma altitude suficiente­mente baixa para atravessar as colunas de vapor d'água que se elevam desde a casca gelada do satélite, e poder assim colectar amostras do oceano sem necessidad­e de pousar sobre o gelo.

Cada um destes sobrevoos cobrirá um sector diferente da Europa para que seja estabeleci­do um mapa topográfic­o e a espessura do manto de gelo seja medida.

Esta missão gerou muito interesse depois da NASA confirmar a descoberta de hidrogénio em Encélado graças à nave Casini, que penetrou nos anéis de Saturno na quinta-feira da semana passada, na última fase da sua missão, que acabará em Setembro, quando entrará na atmosfera para se desintegra­r.

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