Situação é profundamente alarmante
REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO ONU fala em “relatos horríveis de atrocidades” no país da África Central
O Alto-comissário da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos alertou em Genebra, numa conversa com jornalistas, para o que chamou de “situação profundamente alarmante” na República Democrática do Congo (RDC) e citou “relatos horríveis de atrocidades” no país da África Central.
Zeid Al Hussein afirmou que equipas das Nações Unidas continuam a trabalhar, falar com vítimas e testemunhas, documentar violações e defender prestação de contas diante de “relatos horríveis de atrocidades” onde centenas de pessoas morreram.
O Alto-comissário lembrou que 40 valas comuns foram descobertas recentemente e declarou que as mortes de dois especialistas da ONU, Michael Sharp e de Zaida Catalan, trouxeram à tona os riscos deste trabalho.
O alerta do Alto comissário da ONU para os Direitos Humanos foi feito depois de o escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários aumentar a sua presença nas províncias de Kasai, Lomami e Sankuru depois de alertar para a situação nestas províncias e revelar que mais de um milhão de pessoas foram forçadas a sair das suas casas em oito meses de crescente violência no sul da RDC.
Segundo o Escritório da ONU, a crise exacerbou tensões pré-existentes entre diversas comunidades e grupos étnicos, já que alguns são vistos como a apoiar o Governo, outros a apoiar milícias. E isto levou a altos índices de pessoas desalojadas dentro do país e ao deslocamento de dezenas de milhares para Angola. A fonte denunciou que a violência levou a violações de direitos humanos e mortes de civis, ao descobrimento de valas comuns, e prejudicou os meios de subsistência de muitas famílias e a educação de milhares de crianças.
A situação também aumentou os riscos de desnutrição e epidemias numa área que, segundo o Escritório da ONU, já é conhecida por altos índices de desnutrição e um sistema de saúde fraco.
O Escritório de Direitos Humanos acompanha a situação na região da RDC e as investigações da sua equipa confirmaram mais de 100 mortos somente no mês de Março. Uma onda de violência de grande escala explodiu em Julho do ano passado na província de Kasai Central e alastrou às vizinhas Kasai e Kasai Oriental, e desde então as atrocidades não fizeram mais que aumentar.
Este conflito surgiu em Abril de 2016 entre o líder local Kamuina Nsapu e o Governo central, que não reconhecia a sua autoridade na região. Depois da morte de Kamuina Nsapu pelo exército, os seus seguidores radicalizaram-se e começaram a atacar instituições estatais. Recentemente, o Governo devolveu o corpo de Nsapu à sua família, que o enterrou e nomeou o seu sucessor, numa tentativa, por enquanto infrutífera, de travar uma onda de violência que causou centenas de mortes nos últimos meses. Os confrontos entre soldados e rebeldes resultaram em mortes de civis e fortes violações de direitos humanos.
Além disso, milhares de crianças estão sem poder ir à escola e muitas famílias perderam seus meios de sustento.