Banco chinês concede mais crédito ao mercado nacional
Angola foi, entre 2000 e 2015, o segundo país africano que mais recebeu financiamento do Banco de Exportações e Importações (Exim) da China, num total de 6,9 mil milhões de dólares, disseram ontem analistas do Centro de Estudos China-Africa Research Initiative, da Universidade norteamericana Johns Hopkins.
Os analistas adiantaram as verbas emprestadas a Angola foram apenas superadas pelo crédito concedido por aquele banco estatal à Etiópia, no valor de 7,2 mil milhões de dólares.
Os dados de um estudo comparativo das políticas de comércio e financiamento da China e dos Estados Unidos para África indicam que o crédito concedido a Angola representou 11 por cento do total de financiamento do Banco Exim chinês ao continente africano, percentagem idêntica à da Etiópia e superior à do Quénia (dez por cento), Sudão (oito por cento), Camarões (seis por cento) e República Democrática do Congo (cinco por cento).
Nem Angola nem nenhum outro país de língua portuguesa surgem na lista das nações que receberam mais crédito do Banco Exim norteamericano, 50 por cento do qual foi para a África do Sul.
Em 2015, Angola estava no topo da lista de exportadores do coninte africanos para a China, com 16 por cento do total, e era o terceiro maior exportador africano para os Estados Unidos, com 2,9 por cento do total, sendo também o sétimo maior mercado para exportações norte-americanas em África e o oitavo maior mercado para exportações chinesas no continente negro.
“A partir de 2011, no entanto, as importações de petróleo dos Estados Unidos de América provenientes de Angola, como de outros fornecedores, caíram de forma consistente e dramática. As importações chinesas de Angola, por outro lado, cresceram rapidamente entre 2002 e 2011 e mantiveram-se estáveis entre 2011 e 2014, antes de caírem em 2015”, adianta o estudo.
O documento produzido por aquele centro de estudos da universidade Johns Hopkins refere que o empenhamento chinês em África “enfatiza as necessidades de infra-estruturas” do continente, sendo o sector da construção civil um dos principais destinos das verbas emprestadas pelos chineses”, tal como os transportes (estradas, ferrovias, aeroportos, e portos).
“A flutuação dos preços das matérias-primas é importante tanto para os Estados Unidos como para a China em África. O petróleo é a principal exportação africana para EUA e China, mas devido à queda no seu preço, o valor do comércio norte-americano e chinês com a África diminuiu nos últimos anos”, adiantam os autores – Janet Eom, Jyhjong Hwang, Lucas Atkins, Yunnan Chen, e Siqi Zhou.
Números compilados recentemente pela agência financeira Reuters indicam que o financiamento da China a Angola, incluindo os mais recentes créditos do Banco Exim e de outras instituições financeiras, já ascende a 20 mil milhões de dólares, apoio que tem vindo a tornar-se cada vez mais necessário devido à quebra acentuada das receitas petrolíferas ao longo dos últimos anos.