Mundo impõe novas razões ao jornalismo
O mundo actual impõe novas razões e novas circunstâncias ao jornalismo, como a evolução da tecnologia e a industrialização dos media, defendeu ontem, em Luanda, o jornalista português Elísio de Oliveira.
Numa palestra, por ocasião do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa que hoje se assinala, Elísio de Oliveira disse que os modelos de análise sobre a existência de liberdade de imprensa e de expressão têm de contemplar “as potencialidades que os novos media proporcionam”.
Na presença do ministro da Comunicação Social, Elísio de Oliveira falou da “Liberdade de imprensa no mundo dos nossos dias”, tendo destacado “o papel crucial do jornalista para o desenvolvimento de uma sociedade moderna.”
Apesar da importância que se reconhece, disse Elísio de Oliveira, o papel do jornalista e o poder da imprensa são muitas vezes apreciados de forma pouco lisonjeira nas sociedades democráticas.
Lembrou que constitui um dever fundamental do jornalista respeitar com rigor e objectividade a informação devendo comprovar os factos.
Elísio de Oliveira apontou alguns aspectos que "devem estar sempre presentes" quando se reflecte sobre a imprensa e o jornalismo. O primeiro diz respeito à evolução tecnológica, vertiginosa e rápida, ou seja a internet e a globalização que mudaram radicalmente a informação.
Um outro aspecto é a industrialização. Os media "passaram a ser agentes de economia, negócios e sacrificam quase tudo, para obterem receitas que os permitam sobreviver."
Elísio de Oliveira realçou os pilares do jornalismo, como a objectividade, a isenção, transparência e o rigor para credibilizar a informação. Sustentou que cabe ao jornalista o papel de mediador e de "certificador" da verdade das notícias.
O jornalismo mais do que uma profissão, acrescentou, exige talento, idealismo, liberdade e ética.
Para Elísio de Oliveira, o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa assume grande importância até para alterações tecnológicas. Frisou que a luta pela liberdade de imprensa não é uma tarefa exclusiva dos jornalistas, mas de todos. "Os cidadãos pela sua intervenção pública e política têm um papel importante para um jornalismo livre, isento e plural", referiu.
"Os princípios éticos e lógicos que regem a profissão devem ser igualmente preocupação dos proprietários e gestores das empresas de comunicação social, assim como dos responsáveis pelos conteúdos editorais", disse o jornalista.
O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa foi criado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), no dia 3 de Maio de 1993, com vista a garantir o direito dos jornalistas de investigarem e publicarem informações de forma livre.