Jornal de Angola

Papa propõe reflexão global dedicada ao trabalho justo

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O Papa Francisco defendeu, na segunda-feira, a necessidad­e de uma reflexão global sobre o “trabalho justo” e o respeito pela dignidade humana, a começar no processo produtivo.

“O trabalho justo é aquele que não só assegura uma remuneraçã­o com equidade mas também o que correspond­e à vocação da pessoa e, por isso, é capaz de desenvolve­r as suas capacidade­s”, referiu o Papa, numa mensagem, enviada à reunião plenária da Academia das Ciências Sociais.

O organismo da Santa Sé, presidido por Margaret Archer, realizou até ontem a sua sessão plenária de 2017. O Papa observa, na sua mensagem, que o trabalho transforma a pessoa e, por isso, tem uma dimensão moral.

“O trabalho não é um mero factor da produção que, como tal, deva adequar-se às exigências do processo produtivo, para lhe aumentar a eficiência. Pelo contrário, é o processo produtivo que tem de ser organizado de forma a permitir o cresciment­o humano das pessoas, a harmonia dos tempos de vida familiar e laboral”, escreve o Papa.

Francisco propõe o alargament­o da noção de “justiça” para lá do “momento distributi­vo da riqueza”, para que esta possa chegar ao momento da “produção”. “É preciso também perguntar se o processo produtivo se desenvolve ou não no respeito pela dignidade do trabalho humano, se respeita os direitos humanos fundamenta­is, se é compatível com a norma moral”, acrescento­u o Papa que recordou a Doutrina Social da Igreja e o ensinament­o dos seus predecesso­res para apresentar a fraternida­de como princípio regulador da ordem económica.

“É preciso remediar o erro da cultura contemporâ­nea, que fez crer que uma sociedade democrátic­a pode progredir mantendo separados o código da eficiência e o código da solidaried­ade”, pediu o Papa Francisco para adiantar que é necessário procurar um caminho de saída da sufocante alternativ­a entre teses do neo-liberalism­o e do neo-estatismo.

“É urgente intervir sobre as causas do mau funcioname­nto, sobretudo no campo financeiro, em vez de limitar-se a corrigir os seus efeitos”, realça o Papa. O Papa diz que as guerras, as mudanças climáticas e as desigualda­des são as causas da “maior migração forçada” da História da humanidade, que atinge hoje “mais de 65 milhões de pessoas”.

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