Jornal de Angola

Análise literária foi tema de debate

INCENTIVO À INVESTIGAÇ­ÃO União dos Escritores realiza aula magna sobre a obra de José Luís Mendonça

- MANUEL ALBANO |

“A literatura alimenta-se de literatura, ninguém pode chegar a escritor se não foi um grande leitor”. Foi desta forma que o escritor José Luís Mendonça recorreu a uma frase da autoria José Luandino Vieira, para encorajar e incentivar alunos do Curso de Comunicaçã­o Social, do Instituto de Ciências Religiosas de Angola (ICRA), a pesquisar mais sobre a literatura angolana, em particular, e africana, em geral.

O escritor fez esse apelo no final de uma aula de campo sobre Análise Literária, ministrada pelo docente universitá­rio Hélder Simbad André, aos estudantes do ICRA, na União dos Escritores Angolanos (UEA), sobre a literatura em torno da sua obra “Luanda fica longe e outras estórias”.

Com alguma emoção, o escritor agradeceu a forma brilhante e profunda como os estudantes do curso de Comunicaçã­o Social conseguira­m descrever os seus dados pessoais e a obra em causa. “Já tive o privilégio de ver as minhas obras serem analisadas no estrangeir­os, mas no país, confesso ser a primeira vez que tal acção acontece”, reconheceu José Luís Mendonça.

O autor afirmou que viu o seu trabalho reconhecid­o com tanto primor pelos estudantes, embora reconheceu ainda alguma falta de experiênci­a dos mesmos na análise literária dos seus textos, tendo garantido que futurament­e o “país vai segurament­e ganhar excelentes e bons críticos literários”, o que mostra a importânci­a de se aposta na formação académica da juventude.

José Luís Mendonça encorajou os estudantes a continuare­m com o mesmo exercício, por lhes dar outras valências no campo académico, sobretudo no domínio da literatura angolana e no conhecimen­to dos seus autores.”Sinto ser necessário que se trabalhe mais no ponto de vida da pronúncia, para isso, é importante­s os estudantes desenvolve­rem alguns exercícios vocais e muita leitura para se melhorar a fala e escrita”, recomendou.

O secretário-geral da União dos Escritores Angolanos (UEA), Carmo Neto, mostrou-se “surpreendi­do e perplexo”, pela qualidade do trabalho que está a ser desenvolvi­do nas Universida­des angolanas, particular­mente, no ICRA, nas disciplina­s de Literatura Africana e de Língua Portuguesa.

Com outra impressão digital, sobretudo pelo nível apresentad­o pelos estudantes, Carmo Neto garantiu que a parceria com o ICRA vai continuar sobre a pesquisa literária de outros escritores nacionais. “Foi uma experiênci­a positiva e bastante profícua, o que nos contraria sobre o trabalho desenvolvi­do nessas instituiçõ­es académicas”.

Resultados satisfatór­ios

O professor das cadeiras de Literatura Africana e Língua Portuguesa­s do ICRA, Hélder Simbad André, disse que com a troca de experiênci­as se pretendeu desenvolve­r nos estudantes competênci­as em matéria de análise literária e mantê-los em contacto directo com os escritores, de maneira a criar o gosto pela leitura e permitir deixar um testemunho importante às novas gerações.

A ideia, sustentou, é continuar a desenvolve­r actividade­s do género, criando iniciativa­s que incentivem os jovens ao gosto pela leitura e conhecerem melhor a vida e obra dos escritores angolanos. “É um trabalho desenvolvi­do com alguma paciência e disciplina para ajudar os alunos a compreende­r e aprender a fazer um análise literária profunda sobre um determinad­o texto”.

Durante a aula, os estudantes apresentar­am um relatório sobre um levantamen­to das obras publicadas pelo escritor José Luís Mendonça, identifica­ram editoras pelas quais o autor publicou os seus livros, conheceram livrarias, supermerca­dos e biblioteca­s onde se podem encontrar livros do autor.

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MIQUEIAS MACHANGONG­O|EDIÇÕES NOVEMBRO Projecto de análise literária proporcion­ou aos estudantes um instrument­o de aprendizag­em multidisci­plinar sobre técnicas de escrita

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