Angola marca posição no ciclismo
PROVA DE RESISTÊNCIA
Com o objectivo de conquistar medalhas e certificados internacionais, o angolano Eleutério Gomes, da equipa Gicate, e o português Olavo Fernandes, dos Amigos do Cicloturismo (ACT), categoria Master 40, disputaram em Março o “Absa Cape Epic”, na África do Sul, num percurso de 691 quilómetros.
A prova, com equivalência do Tour de França, é disputada durante oito dias, em igual número de etapas, totalizando 15 mil e 400 metros de elevação. Participaram mil e 300 atletas, em ambos os sexos. A dupla luso-angolana terminou na 370ª posição.
Em declarações ao Jornal de Angola, Eleutério Gomes disse que embora tenha iniciado o ciclismo muito tarde, conseguiu cortar a meta: “É sempre importante ter uma medalha. Qualquer ciclista, ao olhar para ela, respeita. Sabem que o atleta teve um grande desafio nas pernas. Dos mil e 300 participantes, 530 desistiram. É mesmo épica!”
Para disputar o “Absa Cape Epic”, Eleutério Gomes preparou-se durante nove meses, com uma rotina diária de duas horas de treino, pelo que perdeu 23 quilos e abdicou de algumas coisas, para estar na plenitude da forma desportiva.
Durante os treinos de reconhecimento, a dupla se apercebeu que a preparação feita inicialmente era ineficaz, em função do grau de dificuldade do percurso. Os três primeiros dias da prova, com 45 graus de temperatura, quase provocaram alguns desmaios, face à elevada desidratação.
“Não sabíamos como conjugar a nossa velocidade com o tempo. No segundo dia, foi pior. A organização decidiu retirar cinco quilómetros. A seguir, olhámos um para ou outro para decidir se regressávamos ou não. Uma etapa com as bicicletas de montanha a fazer dez quilómetros na estrada é equivalente ao dobro naquela região, com pedras e montanhas. A competição é feita toda numa zona rural”, explicou o ciclista.
A alimentação, prosseguiu Eleutério Gomes, também foi um problema. “No terceiro dia, era impossível ter energias. São alimentos mais indicados para os europeus.” Os ciclistas contornaram a contrariedade com o recurso a torradas, chá e algumas salsichas.
“Os enchidos também eram diferentes. As frutas não eram satisfatórias, porque não temos o hábito de consumir tanta logo de manhã. Faz sempre a diferença”, considerou.
Eleutério Gomes realçou ainda que em situação normal não recomenda as pessoas a participarem neste desafio. “Não tenho palavras para descrever o grau de dificuldade. Se tivesse de dar uma orientação, simplesmente diria não faça. Se tiver idade abaixo dos 40 anos pode fazer, porque os músculos estão preparados para isso.”
Questionado se informaram à federação sobre a presença na prova, admitiu que não notificaram o organismo reitor da modalidade no país, mas todos estiveram empenhados. “Durante a competição, tínhamos um dispositivo que permitia os dirigentes acompanhar o nosso trajecto, em especial o senhor Justiniano Araújo. Ele agradeceu muito por termos levado o nome de Angola.”
O próximo desafio de Eleutério Gomes é disputar a prova da Serra da Estrela, em Portugal, marcada para Julho, e tentar no meio de profissionais angolanos um dia subir ao pódio. “Tenho de reconhecer que os nossos ciclistas são muito fortes. Tenho muitas dificuldades em pedalar ao lado deles. Infelizmente, há poucas empresas a apoiar o ciclista.