Kilamba prepara homenagem a Zé Keno
O guitarrista José João Manuel “Zé Keno”, histórico líder do conjunto Os Jovens do Prenda, vai ser homenageado em Junho pelo Centro Cultural e Recreativo Kilamba, na próxima edição do programa Muzongue da Tradição.
A homenagem visa reconhecer o contributo do guitarrista na afirmação e valorização da música popular angolana ao longo da sua carreira artística.
Paralelamente, o Centro Cultural e Recreativo Kilamba leva a cabo uma campanha de solidariedade de âmbito nacional, para com o músico, que atravessa um período sensível, caracterizado por um quadro clínico que requer cuidados médicos intensivos e continuados.
A instituição apela, por isso, à sociedade civil, pessoas colectivas e singulares a juntarem-se à campanha de solidariedade, cujos fundos vão servir para cobrir os custos com o tratamento médico e medicamentoso do músico, e a marcarem presença na homenagem a este “gigante” da música angolana, a qual dedicou toda uma vida.
Nascido, em Malanje, a 15 de Dezembro de 1950, Zé Keno foi o principal protagonista da trajectória dos Jovens do Prenda que liderou com invulgar mestria, 4 gerações, tendo iniciado, oficialmente, a carreira musical, ao fundar o conjunto, em 1968, juntamente com Chico Montenegro, Didi da Mãe Preta, Tony do Fumo, Augusto Chacaya, tendo ainda como co-fundadores Kangongo, Mingo e Verry Inácio, aos quais se junta o vocalista Gaby Monteiro.
Uma segunda geração dos Jovens do Prenda surge em 1980 e anos seguintes, com Dom Caetano, Zecax, Mingo Canhoto, Kintino, Twely Bamba, Romão Teixeira, Alfredo Henriques, Deodenay, Tomé Domingos, Conceição Alberto, Luís Matoso “Massy”, José Fausto Ricardo, Cassiano dos Santos, Julinho Vicente. E depois, Zé Mueleteputu, que forma, actualmente, dupla com Imperial Baião.
A terceira geração integra, em 2005/2010, o guitarrista Joca, Dom Pirakanda, Charles, Zé Luís, João Deloba, Benjamim, Esteves e Josué. Segue-se a quarta e última geração, com Missinga e Zinho Santos, nomeadamente. Em todas as fases, Zé Keno foi o líder aglutinador e dinamizador, que ditou o andamento e a estrutura melódica do conjunto. Para além disso, Zé Keno fez parceria histórica, de profundo valor musical, com Carlitos Vieira Dias, no agrupamento Os Merengues, gravando o festejado “long play”, intitulado “Mutudi ya Ufolo”, de David Zé, um hino sublime à independência nacional.
Teve ainda uma passagem pelo histórico conjunto “Águias Reais”. Grande parte dos intérpretes da música popular urbana e os maiores sucessos das décadas de 1960 e 1970 tiveram Zé Keno como viola solo, entre eles, David Zé, Urbano de Castro, Artur Nunes, António Paulino, Prado Paim, Óscar Neves, Paulo 9, Paulino Pinheiro, ou Tony Caetano.