Jornal de Angola

Militares aceitaram voltar às casernas

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Os líderes de um motim militar na Costa do Marfim aceitaram uma proposta do Governo de bónus de pagamentos e concordara­m em voltar aos quartéis e pôr um fim à revolta, noticiou na terça-feira a agência de notícias Reuters, que citou dois porta-vozes dos amotinados na cidade de Bouaké.

“Nós aceitamos a proposta do Governo. Nós estamos a voltar para os quartéis agora”, disse à Reuters o sargento Seydou Kone, um dos líderes da revolta. “Acabámos de devolver o controlo das entradas da cidade para a polícia e estamos a voltar para os nossos quartéis”, afirmou outro porta-voz do grupo, referindos­e a Bouaké, o epicentro da revolta.

A proposta do Governo aceite pelos militares estabelece que os 8.400 amotinados vão receber um bónus de pagamento imediato equivalent­e a 8.400 dólares norte-americanos.

Os soldados amotinados, que paralisara­m cidades por todo o país da África Ocidental desde sexta-feira, rejeitaram na segunda-feira um acordo anterior anunciado pelo Ministro de Defesa, Alain-Richard Donwahi. Na altura, a tensão continuava em algumas cidades da Costa do Marfim e estava longe o consenso entre os amotinados e as autoridade­s marfinense­s, depois de o ministro da Defesa anunciar que a situação estava resolvida e os rebeldes o terem desmentido e esclarecid­o que o Governo ofereceu a cada um cinco milhões de francos CFA, valor que considerav­am insuficien­te.

“Queremos sete milhões ou nada. Isto não é um golpe de Estado. Assim que tivermos os sete milhões nas nossas contas, voltamos para as casernas”, explicou na altura o porta-voz dos amotinados.

O Governo alegava que as promessas feitas aos militares amotinados, que ajudaram a recuperar a estabilida­de no país, estavam a ser difíceis de cumprir desde a queda no preço do cacau, principal produto de exportação, que causou uma quebra nas receitas.

Há quase uma semana que o Governo marfinense tentava restaurar a ordem depois de 8.400 militares terem assumido o controlo da segunda maior cidade do país, Bouaké, e espalharem forças por todo o país.

Este grupo amotinado, composto por antigos rebeldes que ajudaram o Chefe de Estado da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, chegar ao poder, repetia que só queria defender os seus interesses. “Não é um golpe de Estado. O presidente é o nosso pai. Precisamos dele. O que estamos a pedir é aquilo que é nosso por direito. É só isso que queremos”, insistia o seu porta-voz. Também na segunda-feira, vários disparos de armas de fogo foram ouvidos no bairro de Bouaké, a segunda cidade da Costa do Marfim, onde soldados se amotinaram na sexta-feira. Em Abidjan, de acordo com depoimento­s de civis, foram efectuados disparos na zona de Akouedo, onde está situada a maior instalação militar do país, constituíd­a por dois quartéis.

No mesmo dia, a associação de bancos da Costa do Marfim (APBEF) pediu a todas as instituiçõ­es financeira­s do país para permanecer­em fechados.

“Houve uma reunião de emergência nesta manhã e a APBEF decidiu que, por razões de segurança, todos os bancos vão continuar fechados”, disse uma autoridade do Banque Atlantique à Reuters.

A agora terminada revolta dos militares começou sexta-feira em Bauoké, antes de se espalhar rapidament­e, seguindo um padrão similar de um motim do mesmo grupo, em Janeiro, que paralisou partes da Costa do Marfim e manchou a imagem de exemplo de sucesso pós-guerra que o país ostentava.

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