Grandes Moagens poupam em divisas
NOVA UNIDADE INDUSTRIAL Empreendimento cobre sessenta por cento das necessidades anuais
As Grandes Moagens, cuja primeira unidade industrial vai ser inaugurada na próxima sexta-feira pelo ministro da Defesa, João Lourenço, vão permitir poupar 200 milhões de dólares.
As Grandes Moagens de Angola, cuja primeira unidade industrial vai ser inaugurada na próxima sexta-feira pelo ministro da Defesa, João Lourenço, vão permitir poupar mais de 200 milhões de dólares, ao necessitar apenas de 96 milhões contra uma média de 300 milhões despendidos, por ano, na importação da farinha de trigo.
Uma nota da instituição, que cita dados do Conselho Nacional de Carregadores (CNC), refere que, em 2014 e 2015, Angola despendeu 570 milhões na importação de farinha de trigo, sendo 250 milhões para 470.000 toneladas em 2014 e 320 milhões de dólares para 510.000 toneladas em 2015. Com uma média de importação de cerca de 500.000 toneladas (300 milhões de dólares), em 2016, o país teve uma poupança em divisas de 90 milhões.
O empreendimento, que emprega 150 angolanos, tem capacidade para fornecer 60 por cento das necessidades anuais de consumo. Antes da crise cambial, o mercado nacional consumia, por ano, uma média de 650.000 toneladas por ano, mas esta quantidade registou uma queda significativa nos últimos três anos.
Estima-se que, até 2020, o consumo de farinha de trigo em Angola venha a ser, em média, de 730.000 toneladas por ano. O comunicado da instituição acredita que a abertura da fábrica de farinha de trigo vai incentivar outros investidores a apostarem na fabricação de produtos que utilizam farinha de trigo no seu processo, como biscoitos, pastelaria e massas.
“Esta potencial integração vertical vai beneficiar o país na transferência de uma tecnologia de alimentos, na criação de empregos, ao mesmo tempo que vai aliviar os problemas sociais, por último, mas não menos importante, tornando-se um produtor local no campo de produtos básicos”, lê-se no comunicado.
A par disso, a instituição prevê o surgimento de potenciais investidores na cadeia de valor, nomeadamente em projectos de cultivo de trigo que também estão em consonância com a prioridade do Governo para o desenvolvimento do sector agrícola.
Maior qualidade
A unidade industrial de moagem de trigo, instalada no Porto de Luanda, vai produzir farinha de trigo para consumo humano e farelo (subproduto) utilizado como matéria-prima nas rações para animais.
As Grandes Moagens de Angola, uma empresa de capital angolano, já receberam, no Porto de Luanda, o primeiro carregamento de trigo a granel para ser processado com a flexibilidade necessária para produzir farinha de diferentes variedades, conforme as necessidades do mercado local.
“Os produtos produzidos na GMA terão uma qualidade superior aos produtos semelhantes actualmente importados, uma vez que os equipamentos utilizados na unidade industrial são da mais avançada tecnologia (Buhler) e as matérias-primas a utilizar são seleccionadas em função das necessidades locais”, garante.
As instalações da GMA ocupam uma área total de, aproximadamente, 30.000 metro quadrados, divididos por um edifício industrial, dois armazéns de produtos finais, uma área de armazenamento de matérias-primas (silos) para 45 dias de produção, área técnica composta por várias utilidades, edifício de escritórios com laboratório próprio e padaria industrial à escala laboratorial para formação da indústria local, cantina e parque para camiões. Inclui ainda equipamentos específicos para descarregar e carregar navios de grande capacidade.
A unidade industrial terá uma capacidade de processamento diário de 1.200 toneladas de trigo, produzindo cerca de 930 de farinha de trigo e 260s de farelo por dia. Para que isso aconteça, a GMA passa a importar matéria-prima directamente dos locais onde esta é produzida, nomeadamente da França, Alemanha, Canadá, EUA, Cazaquistão e Austrália, entre outros recorrendo aos serviços do seu departamento de trading e logística. A matéria-prima é armazenada em silos verticais após uma pré-limpeza para remoção de impurezas e/ou outros resíduos, sendo posteriormente misturada de forma a atingir os parâmetros de qualidade que se pretendem de acordo com o tipo de farinha a produzir.
O ensacamento final da farinha é efectuado em sacos de 50 quilogramas, sendo posteriormente armazenados até à expedição. O armazém de farinha tem uma capacidade para cinco dias de armazenamento.
O subproduto farelo vai ser peletizado e armazenado em armazém horizontal, a granel, para ser posteriormente expedido, quer por navio, por camião, quer por comboio, dependendo do seu destino final. O armazém de farelo peletizado tem capacidade para 30 dias de armazenamento.