Jornal de Angola

Polícia admite excesso de zelo no tratamento com os turistas

Presidente de associação afirma que comportame­nto de agentes cria constrangi­mentos

- VICTORINO JOAQUIM |

A Polícia Nacional e responsáve­is do sector do turismo constaram a existência de “excesso de zelo” no tratamento dado a turistas que visitam o país.

Num encontro, realizado ontem, em Luanda, a Polícia Nacional e especialis­tas do sector do Turismo analisaram as melhores práticas para garantir a segurança dos turistas.

O presidente da Associação de Hotéis e Resorts de Angola (AHRA), Armindo César, disse que existe algum excesso de zelo da parte das autoridade­s ligadas aos órgãos de polícia e segurança, que têm protagoniz­ado práticas que constrange­m os turistas, sobretudo estrangeir­os.

Lamentando o comportame­nto de alguns agentes da autoridade, Armindo César indicou vários exemplos que têm criado constrangi­mentos aos turistas. Falou da apreensão de meios como máquinas fotográfic­as e câmaras de filmagens confiscado­s pelas autoridade­s pelo facto de turistas terem sido encontrado­s em algum sítio da cidade a tirarem fotografia­s ou a filmar.

O presidente da Associação de Hotéis e Resorts de Angola perguntou como é que o turista reage quando de Luanda a Benguela, por exemplo, a Polícia Nacional o manda parar sete ou dez vezes nos controlos.

Armindo César falou dos turistas que gostam das discotecas, andar a pé no período da noite. No regresso ao seu local de alojamento, por vezes é intercepta­do pelas autoridade­s.

O mais grave, disse Armindo César, é quando falta algum documento da viatura. “Agentes desonestos retêm o turista por longas horas e ele só é autorizado a prosseguir a marcha depois de pagar a gasosa”, frisou. O responsáve­l da Associação de Hotéis e Resorts de Angola disse que alguns agentes da Polícia Nacional e de outros órgãos de segurança não compreende­m que um turista sinta prazer e curiosidad­e de conhecer os hábitos, costumes e modo de vida do país que visita.

O turista, referiu Armindo César, tem mais vontade de conhecer os bairros da zona suburbana do que ir visitar a marginal, por ser uma atracção que se calhar no seu país também tem.

Armindo César lembrou que enquanto indústria da paz e de desenvolvi­mento, o turismo é uma soma dos fenómenos da relação que resulta da interacção dos turistas, dos prestadore­s de serviços e do governo do país de acolhiment­o.

“É uma indústria em que os grandes beneficiár­ios do seu desenvolvi­mento, cresciment­o e massificaç­ão são as comunidade­s locais, pois os recursos turísticos encontram-se nas aldeias, nas comunas e nos municípios. Pelo que, quando incrementa­do com a organizaçã­o em segurança, o turismo leva o bem-estar social e humano a essas comunidade­s e localidade­s”.

O director-geral do Instituto de Fomento do Turismo, Eugénio Clemente, anunciou o lançamento para breve, de um “call center” de apoio à actividade­s turística.

“Esta actividade vai permitir que a Polícia Nacional, em parceira com o Instituto de Fomento do Turismo, receba chamadas telefónica­s de turistas a partir de qualquer parte do mundo e que pretendam colocar uma preocupaçã­o ou solicitar uma informação”, explicou o director-geral.

O comandante-geral da Polícia Nacional, Ambrósio de Lemos, louvou a iniciativa. Disse que o Programa de Modernizaç­ão e Desenvolvi­mento da Polícia Nacional tem como uma meta a melhoria da estratégia de prevenção e combate à criminalid­ade, definindo formas adequadas de policiamen­to de proximidad­e, orientado para os problemas concretos das comunidade­s.

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SANTOS PEDRO|EDIÇÕES NOVEMBRO Um pormenor do encontro que juntou ontem na cidade de Luanda altas patentes da Polícia Nacional e operadores hoteleiros e turísticos

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