Polícia admite excesso de zelo no tratamento com os turistas
Presidente de associação afirma que comportamento de agentes cria constrangimentos
A Polícia Nacional e responsáveis do sector do turismo constaram a existência de “excesso de zelo” no tratamento dado a turistas que visitam o país.
Num encontro, realizado ontem, em Luanda, a Polícia Nacional e especialistas do sector do Turismo analisaram as melhores práticas para garantir a segurança dos turistas.
O presidente da Associação de Hotéis e Resorts de Angola (AHRA), Armindo César, disse que existe algum excesso de zelo da parte das autoridades ligadas aos órgãos de polícia e segurança, que têm protagonizado práticas que constrangem os turistas, sobretudo estrangeiros.
Lamentando o comportamento de alguns agentes da autoridade, Armindo César indicou vários exemplos que têm criado constrangimentos aos turistas. Falou da apreensão de meios como máquinas fotográficas e câmaras de filmagens confiscados pelas autoridades pelo facto de turistas terem sido encontrados em algum sítio da cidade a tirarem fotografias ou a filmar.
O presidente da Associação de Hotéis e Resorts de Angola perguntou como é que o turista reage quando de Luanda a Benguela, por exemplo, a Polícia Nacional o manda parar sete ou dez vezes nos controlos.
Armindo César falou dos turistas que gostam das discotecas, andar a pé no período da noite. No regresso ao seu local de alojamento, por vezes é interceptado pelas autoridades.
O mais grave, disse Armindo César, é quando falta algum documento da viatura. “Agentes desonestos retêm o turista por longas horas e ele só é autorizado a prosseguir a marcha depois de pagar a gasosa”, frisou. O responsável da Associação de Hotéis e Resorts de Angola disse que alguns agentes da Polícia Nacional e de outros órgãos de segurança não compreendem que um turista sinta prazer e curiosidade de conhecer os hábitos, costumes e modo de vida do país que visita.
O turista, referiu Armindo César, tem mais vontade de conhecer os bairros da zona suburbana do que ir visitar a marginal, por ser uma atracção que se calhar no seu país também tem.
Armindo César lembrou que enquanto indústria da paz e de desenvolvimento, o turismo é uma soma dos fenómenos da relação que resulta da interacção dos turistas, dos prestadores de serviços e do governo do país de acolhimento.
“É uma indústria em que os grandes beneficiários do seu desenvolvimento, crescimento e massificação são as comunidades locais, pois os recursos turísticos encontram-se nas aldeias, nas comunas e nos municípios. Pelo que, quando incrementado com a organização em segurança, o turismo leva o bem-estar social e humano a essas comunidades e localidades”.
O director-geral do Instituto de Fomento do Turismo, Eugénio Clemente, anunciou o lançamento para breve, de um “call center” de apoio à actividades turística.
“Esta actividade vai permitir que a Polícia Nacional, em parceira com o Instituto de Fomento do Turismo, receba chamadas telefónicas de turistas a partir de qualquer parte do mundo e que pretendam colocar uma preocupação ou solicitar uma informação”, explicou o director-geral.
O comandante-geral da Polícia Nacional, Ambrósio de Lemos, louvou a iniciativa. Disse que o Programa de Modernização e Desenvolvimento da Polícia Nacional tem como uma meta a melhoria da estratégia de prevenção e combate à criminalidade, definindo formas adequadas de policiamento de proximidade, orientado para os problemas concretos das comunidades.