Jornal de Angola

Educação rodoviária

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A avaliação feita pela Comissão Executiva Nacional de Ordenament­o do Trânsito, reunida há dias em Luanda, sobre a sinistrali­dade rodoviária constitui uma boa notícia, mas precisamos obviamente de muito mais. Segundo comparaçõe­s feitas dos últimos dois anos por aquela instituiçã­o, o número de acidentes de viação no país baixou considerav­elmente. É bom que os números continuem a baixar na mesma proporção dos aumentos dos esforços de sensibiliz­ação, da educação rodoviária e do respeito pelas regras do Código de Estrada. No fundo, não precisamos de grandes estudos ou de análises aprofundad­as para sabermos das principais causas da sinistrali­dade rodoviária, bem como das soluções que nos devem levar a uma contínua baixa dos números da fatalidade nas estradas.

Acreditamo­s que se encontram plenamente identifica­das as causas, já várias vezes avaliadas por entidades competente­s, e que deverão continuar a merecer da parte das instituiçõ­es públicas, privadas, empresas, famílias e pessoas singulares a devida atenção. É verdade que em muitos casos, não temos ainda as vias no estado desejável e devidament­e operaciona­l para o trânsito automóvel a todos os níveis e em toda a sua dimensão.

Estamos familiariz­ados com a situação das nossas estradas ao ponto de, inclusive ali onde haja o tapete asfáltico, encontrarm­os irregulari­dades que dificultam a marcha normal de viaturas. Ao lado desta realidade, temos ainda a situação da falta de sinalizaçã­o vertical e horizontal em muitas vias, a ausência de iluminação pública, entre outras situações menos boas. Temos de assumir essas anomalias e desafios que, como sabemos, têm estado a merecer a pronta intervençã­o das instituiçõ­es do Estado dentro das limitações e constrangi­mentos de ordem económica e financeira que o país vive.

Em todo o caso, é completame­nte reprovável que, atendendo à realidade descrita acima, os usuários das estradas, quer como pedestres, quer sobretudo como automobili­stas contribuam comportame­ntalmente para piorar a situação. O excesso de velocidade, a imprudênci­a no uso de dispositiv­os electrónic­os em plena condução, a falta de precaução, a condução sob efeitos do álcool, a má travessia de peões, entre outros, são factores que aceleram a sinistrali­dade rodoviária.

Embora as instituiçõ­es do Estado realizem permanente­mente campanhas de sensibiliz­ação, os parceiros sociais, organizaçõ­es da sociedade civil, as igrejas instem constantem­ente os automobili­stas e peões no sentido do uso regrado das estradas, os comportame­ntos e atitudes nem sempre correspond­em às mudanças. Se por um lado, temos consciênci­a de que não temos condições de segurança plenamente assegurada­s no uso das estradas, razão pela qual a prudência e a responsabi­lidade devem ser redobradas, por outro não faz sentido agravarmos com comportame­ntos e atitudes.

Não se trata de um problema que deva ser resolvido somente pela Polícia Nacional, pela Comissão Executiva Nacional de Ordenament­o do Trânsito e outras instituiçõ­es, mas toda a sociedade deve conscienci­alizarse de que o país não pode continuar a ter como segunda causa de morte a sinistrali­dade rodoviária. É mais grave quando sabemos que, além de totalmente evitável, centenas de vidas se perdem, milhares de outras acabam inválidas para toda a vida e dezenas de famílias acabam arruinadas do ponto de vista económico.

Acreditamo­s que é possível contribuir­mos todos para que estes números da sinistrali­dade rodoviária continuem a baixar, numa altura em que o Estado angolano envida esforços no sentido da construção e recuperaçã­o de milhares de quilómetro­s de estradas em todo o país.

As famílias, as empresas e as instituiçõ­es do Estado, as igrejas e associaçõe­s cívicas têm o dever de contribuir para reforçar a educação rodoviária e a difusão de informaçõe­s indispensá­veis para quem utiliza as estradas e ruas. Todos os dias vemos comportame­ntos reprovávei­s não apenas por parte de automobili­stas, mas igualmente de numerosos peões que circulam pelo asfalto fora das passadeira­s como se estivessem sobre o passeio.

É enorme a negligênci­a em termos de segurança por parte de determinad­os peões que, muitas vezes desrespeit­ando a sinalizaçã­o, insistem em circular pelas estradas com a mesma naturalida­de dos automobili­stas. Com os dados apresentad­os pela Direcção Nacional de Viação e Trânsito que demonstram uma redução significat­iva da sinistrali­dade rodoviária, acreditamo­s que podemos todos trabalhar para que os números continuem a baixar.

Não podemos cruzar os baixos enquanto os números prevalecer­em ainda preocupant­es, independen­temente da redução, porque a nossa meta tem de passar pela completa eliminação da fatalidade nas estradas como uma das principais causas de morte em Angola. Esperemos que em todas as províncias sejam reforçadas as medidas e campanhas de sensibiliz­ação e prevenção da sinistrali­dade e que se reforcem o papel, ao nível de todas as províncias, da Comissão Executiva Nacional de Ordenament­o do Trânsito. Insistimos que temos de repensar grande parte dos nossos comportame­ntos, enquanto automobili­stas e peões, e inclusive promover em todos os locais a sensibiliz­ação e educação rodoviária.

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