ONU preocupada com os deslocados
As Nações Unidas manifestaram ontem “forte preocupação” com o aumento “drástico” do número de deslocados devido às operações do Exército iraquiano para recuperar o controlo da cidade de Mossul, maior reduto do grupo Estado Islâmico (EI) no Iraque.
Segundo a ONU, a ofensiva militar causou mais de 700 mil deslocados. Estes dados incluem 500 mil iraquianos que fugiram de bairros do oeste de Mossul, onde se concentra o último reduto do grupo terrorista na cidade, indicou o Escritório de Coordenação de Ajuda Humanitária da ONU (Ocha) num comunicado.
A intensificação dos combates na parte ocidental de Mossul causou este crescimento “drástico” do fluxo de deslocados da metade oeste da cidade, dividida em dois pelo rio Tigre.
As Forças Armadas iraquianas anunciaram há dois dias que tinham se apoderado de quase 90 por cento do oeste de Mossul e que o EI só tem em seu poder 12 quilómetros quadrados da cidade iraquiana onde foi proclamado o califado no dia 29 de Junho de 2014.
A metade leste da localidade, a mais povoada conquistada pelos rebeldes, foi libertada pelo Exército iraquiano em Janeiro passado.
“Os números de deslocados do oeste de Mossul são assustadores”, disse a coordenadora humanitária da ONU para o Iraque, Lise Grande, que reconheceu que “cada vez é mais e mais difícil ajudar e proteger os civis que precisam”.
Lise advertiu que pelo menos mais 200 mil pessoas podem ser obrigadas a fugir para sobreviver, se os combates continuarem nas áreas próximas do centro antigo de Mossul, onde o Estado Islâmico apresenta muita resistência.
“Centenas de milhares de vidas estão em jogo”, disse a coordenadora humanitária no Iraque, que assegurou que a maioria dos deslocados estão desnutridos e não tiveram acesso à água potável ou remédios durante meses.
O plano de resposta humanitária da ONU para o Iraque só é financiado em 28 por cento, lamentou o organismo, que pediu 985 milhões de dólares para atenuar a situação no país, 331 milhões dos quais são reservados para Mossul.