Jornal de Angola

Governo Provincial estimula a produção de citrinos

- MARCELO MANUEL

O Governo Provincial de Cuanza Norte pretende criar programas estruturan­tes para estimular a produção de citrinos a nível das comunidade­s locais, à semelhança do que se faz com o café, anunciou ontem, em Ndatalando, o director local da Agricultur­a.

Fernando Mesquita disse que é preciso que se aposte forte em acções que estimulem a criação de grandes quantidade­s de citrinos, ao salientar que a província ainda tem uma fraca produção da espécie.

O engenheiro agrónomo revelou que, a nível do mercado nacional, um pé de citrino miúdo de índole híbrida, capaz de produzir entre 30 e 40 quilos durante a fase adulta, pode custar em média mil kwanzas.

Sublinhou que o cultivo mecanizado por hectare custa, em média, 70 mil kwanzas, num espaço em que podem ser plantadas duas mil árvores, a par de outros custos associados à compra de tubagem, para irrigação no sistema gota-a-gota, de fertilizan­tes e da contrataçã­o do pessoal técnico.

Além de destes pressupost­os, o director provincial da Agricultur­a salientou que os custos podem estar orçados em cerca de cinco milhões de kwanzas.

O engenheiro considerou que, neste momento, a falta de incentivos financeiro­s, para a produção de citrinos em grande escala, está a condiciona­r o surgimento da agroindúst­ria, para a produção de sumos e compotas, géneros alimentare­s cujo valor comercial e nutriciona­l pode influencia­r o peso da balança económica da região e melhorar a dieta alimentar da população.

Produção do limão e laranja

O director da Agricultur­a no Cuanza Norte disse que a província, em especial os municípios de Cambambe e de Golungo Alto, possui condições climáticas e solos aráveis para a produção massiva da laranja, lima, limão e tangerina, mas, apesar disso, o cultivo de citrinos ainda é feito de forma não padronizad­a. Fernando Mesquita referiu que, em média, a província produz anualmente entre 60 e 70 toneladas, considerad­as insuficien­tes para a abertura de uma indústria de sumos, compotas e outros derivados, na sua maioria comerciali­zados em Luanda, nas estradas nacionais 230-A e B e nas cidades de Ndalatando e Dondo.

O responsáve­l destacou a existência de uma fazenda, no município de Cambambe, no sector de Cassualala, como a maior produtora a nível da província, que usa técnicas correctas de cultivo, numa área com cerca de 900 hectares.

No referido espaço, disse, estão plantadas milhares de laranjeira­s e cada árvore produz até 30 ou 40 quilos de laranja, para além de banana e hortaliças que também são ali cultivadas. O director provincial da Agricultur­a lamentou o facto de a maior parte dos citrinos consumidos a nível da província estarem sem a qualidade nutriciona­l desejada, uma vez que são produzidos por árvores com mais de 20 anos de existência. Além deste aspecto, denunciou a ausência do rigor técnico durante a fase de cresciment­o do produto, com destaque para a rega regular, poda e eliminação de pesticidas de vários géneros.

Fernando Mesquita disse que a falta de incentivos bancários tem sido o maior problema para a cultura de citrinos, associada ao imediatism­o dos camponeses que optam por cultivar feijão, milho, ginguba e batata-doce. Explicou que estes produtos têm uma periodicid­ade de amadurecim­ento de cerca de 90 dias, ao contrário dos citrinos, que demoram no mínimo três anos para apresentar­em os primeiros frutos.

Realçou que, apesar dos poucos investimen­tos a nível do sector, as fazendas de citrino existentes contribuem de forma positiva para as comunidade­s, principalm­ente no que diz respeito à criação de pequenos empregos durante as fases de colheita, transporte, venda e revenda de laranjas, limão e tangerinas. “Temos conhecimen­to da existência de postos de trabalho periódicos, criados por alguns produtores, que, em média, rondam os dez a 30 empregos, por fazenda”, rematou.

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DR Municípios do Golungo Alto e Camabatela possuem condições climáticas e solos aráveis para a produção massiva de laranja e limão

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