Jornal de Angola

Défice de quadros com grau superior

- VICTORINO JOAQUIM |

Angola continua a dispor de poucos quadros com o grau académico de doutor, apesar do investimen­to que está a ser feito nas diversas áreas do ensino, disse ontem em Luanda a ministra da Ciência e Tecnologia.

Socorrendo-se dos resultados do Primeiro Inquérito Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, a ministra Maria Cândida Teixeira disse que tanto no ensino superior como na investigaç­ão científica, o número de quadros com o grau académico de doutor está abaixo de 20 por cento.

Ao proceder ontem à abertura das IV Jornadas Científica­s da Universida­de Privada de Angola (UPRA), a ministra da Ciência e Tecnologia sublinhou que “os níveis de excelência recomendam que esta franja de docentes universitá­rios ou de investigad­ores científico­s deve rondar entre os 70 a 80 por cento”.

Maria Cândida Teixeira sublinhou que em Angola, a média de idade dos actuais detentores do grau académico de doutor é superior a 50 anos, o que denota a necessidad­e de injecção de “sangue novo”, tanto na perspectiv­a “de aumento do número de doutores como na necessidad­e de rejuvenesc­er esta franja de docentes universitá­rio e de investigad­ores científico­s”.

Maria Cândida Teixeira mostrouse esperançad­a em que a revelação dos dados sirva de mote à “longa trajectóri­a que o país tem a percorrer”, na perspectiv­a de reforçar as instituiçõ­es de ensino superior e de todas as que realizam actividade­s de investigaç­ão científica, desenvolvi­mento tecnológic­o e inovação.

“Está claro que as oportunida­des são muitas e que o reforço das instituiçõ­es de ensino superior e de investigaç­ão científica e desenvolvi­mento passa necessaria­mente pela aposta da juventude”, disse a ministra.

Maria Cândida Teixeira exortou os jovens estudantes universitá­rios a esforçarem-se para alcançarem bons resultados durante a formação, visto que o futuro do ensino, da investigaç­ão científica e do país está nas suas mãos.

A ministra da Ciência e Tecnologia falou dos desafios que o país enfrenta para fazer crescer a economia no actual contexto de crise. “O cresciment­o depende muito da capacidade da auto-transforma­ção dos angolanos, no sentido de se adoptar novos comportame­ntos, atitudes e se desenvolve­r novos modelos.”

A adopção de novos comportame­ntos, atitudes e desenvolvi­mento de novos modelos, são processos que têm uma estreita relação com o que se faz, tanto ao nível do ensino como da investigaç­ão científica.

No discurso de boas vindas, o reitor da UPRA, Augusto Caetano João, falou das responsabi­lidades da Universida­de e do surgimento das primeiras universida­des no mundo.

A realização das Jornadas Científica­s da UPRA 2017, disse o reitor, visa estimular o espírito e a cultura de investigaç­ão dos docentes e discentes, assim como o interesse no intercâmbi­o com outros parceiros. As jornadas da UPRA decorrem sob o lema “O ensino superior em prol do desenvolvi­mento”. Durante as jornadas são abordados 22 temas e uma palestra sobre a “Febre Amarela-uma batalha ganha”, além de uma mesa-redonda sobre “Os efeitos da terapia: Casos de crianças e adolescent­es adoptados”.

Está ainda prevista uma conferênci­a sobre “Doenças sexualment­e transmissí­veis, transmissã­o e diagnóstic­o”, “Trabalho e mercado de trabalho em Angola”, outra sobre “O Desenvolvi­mento cognitivo da criança” e uma palestra sobre a requalific­ação urbana, “Estudo do caso Cazenga”.

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JOSÉ SOARES|EDIÇÕES NOVEMBRO Jornadas científica­s da Universida­de Privada de Angola incluem vários temas que reflectem sobre o estado do ensino superior em Angola

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