Congresso quer colocar Trump sob vigilância
O senado norte-americano adoptou quinta-feira uma proposta de lei que visa dar ao Congresso o poder para impedir o Presidente, Donald Trump, de levantar sanções impostas a Moscovo, no quadro das acusações contra a Rússia de envolvimento nas eleições de Novembro do ano passado.
A lei terá ainda de ser analisada e aprovada pela Câmara dos Representantes, ou seja, o debate está longe de estar ganho, mas a sua adopção por uma larga margem no Senado - 98 votos a favor e apenas dois contra - envia uma mensagem inequívoca ao executivo norteamericano: nem pensar em aliviar a pressão sobre o Presidente russo, Vladimir Putin.
Segundo os senadores, o Chefe de Estado russo “deve sofrer consequências pesadas pelas presumíveis tentativas de ingerência na campanha presidencial de 2016”.
“Nós fizemos do Congresso, e não do Presidente, o árbitro final de qualquer suspensão de sanções”, declarou Chuck Schumer, líder da minoria democrata.
“A ideia de que o Presidente pode, sozinho, atenuar sanções por qualquer razão é eliminada por esta legislação”, acrescentou.
A nova lei visa criar um mecanismo inédito ao autorizar o Congresso a adoptar, durante um pe- ríodo de 30 dias, uma “resolução de desaprovação”, destinada a bloquear a suspensão ou aligeiramento pelo Presidente norte-americano de quaisquer sanções impostas à Rússia.
Vários decretos assinados desde 2014 pelo antecessor de Trump, Barack Obama, bem como leis adoptadas pelo Congresso sancionam entidades ou indivíduos russos não apenas pelos alegados ciberataques de 2016, mas também pela “anexação” da Crimeia e pela intervenção russa no conflito sírio.
Muitos parlamentares norte-americanos temem que Donald Trump não adopte uma política de contenção em relação ao Presidente russo e querem assegurar-se de que terão uma palavra a dizer.
Além disso, a lei codifica os seis decretos de sanções de Obama e cria novas sanções, tendo particularmente como alvo alegadas pessoas russas acusadas de corrupção, de violações dos direitos humanos ou envolvidas nos ciberataques.
O diploma impõe igualmente critérios para qualquer futuro aligeiramento das sanções, como o respeito pela Rússia dos acordos de Minsk sobre a Ucrânia ou uma redução dos ciberataques dirigidos a partir de Moscovo.
Com esta votação, “o Senado reafirma o seu papel na política externa”, congratulou-se Bob Corker, presidente da comissão de Negócios Estrangeiros.
Só o republicano Rand Paul e o independente Bernie Sanders votaram “não”.
A Casa Branca ainda não se pronunciou sobre o texto, esperando talvez travá-lo na Câmara dos Representantes para manter o controlo de todas as jogadas diplomáticas em relação à Rússia.