Washington acusado de arquitectar tensão
O Presidente eritreu, Isaías Afwerki, acusou os Estados Unidos da América de arquitectarem o clima de tensão ao longo da disputada fronteira terrestre entre a Eritreia e a Etiópia.
Numa carta endereçada quartafeira a alguns Chefes de Estado, Afwerki apelou aos seus homólogos para pressionarem o Conselho de Segurança das Nações Unidas, com vista a abordar o que classificou de “injustiças perpetradas contra a Eritreia.”
“Washington trabalhou arduamente no assunto para, somente, fomentar uma crise e gerir os assuntos do Corno de África”, disse.
O Estadista eritreu alegou ainda que, apesar da questão de a fronteira ter sido resolvida, segundo o acordo de Argel, em 2003, os EUA continuaram a interferir indevidamente com a sua implementação, usando até o Conselho de Segurança da ONU, em 2009, para impor sanções contra a Eritreia, sob o pretexto de que apoiou o grupo rebelde da Somália, Al-Shebab.
A Comissão da Demarcação da Fronteira (EEBC) comunicou, em Abril de 2002, a sua decisão de delimitar a fronteira entre o Estado de Eritreia e a República Democrática Federativa da Etiópia.
A EEBC foi estabelecida como parte do acordo de paz de Argel, supervisionado pelo Presidente argelino, Abdelaziz Bouteflika, e assinado pelos líderes da Eritreia e da Etiópia, em Dezembro de 2000.
A União Europeia (UE) assinou como testemunha ao lado da Argélia, EUA, ONU e a então OUA, actual União Africana (UA). A Eritreia obteve a sua independência da Etiópia, em 1993, após décadas de uma luta armada. Em 1998, os dois países confrontaram-se por dois anos, em resultado da sua disputada fronteira, tendo sido mortas milhares de pessoas.
Os dois países vizinhos têm vivido um clima de tensão, embora tenham assinado um acordo de paz, em 2000, mas que nunca foi totalmente implementado.
Adis-Abeba acusa Asmara de acomodar indivíduos que estarão por detrás dos protestos de grupos étnicos amhara e oromia, que assolaram todo o país, desde Novembro de 2015 a 2016.
A Etiópia está actualmente sob estado de emergência, com vista a aliviar a agitação. O Governo do primeiro-ministro etíope, Haile- marian Desalegn, declarou o estado de emergência por um período de seis meses, após meses de contestação anti-governamental em todo o país.
Numa alocução, através dos órgãos de comunicação social, Desalegn afirmou que a contínua violência em algumas partes da Etiópia, apoiadas apartir do exterior, provocou a perda de vidas humanas e destruiu propriedades públicas e estabelecimentos privados.
A Eritreia nega as reivindicações da vizinha Etiópia. A mais recente acusação das autoridades de Adis Abeba é sobre o apoio dado pela Eritreia a rebeldes que atacaram a construção de uma barragem, em território etíope.