Jornal de Angola

Albinos beneficiam de redução de custos

- JOAQUIM JÚNIOR |

Pessoas portadoras de albinismo da província do Uíge podem beneficiar da redução em cerca de 50 por cento do custo das consultas para tratamento da pele, em clínicas especializ­adas de Luanda, anunciou ontem o representa­nte da Associação de Apoio aos Albinos de Angola (4As).

David Bunga referiu que a redução dos custos das consultas surge na sequência de um acordo com o Colégio Nacional de Dermatolog­ia, que visa ajudar os albinos com poucos recursos financeiro­s.

O representa­nte da 4As revelou que boa parte dos 95 albinos controlado­s pela associação a nível do Uíge enfrenta problemas de cancro da pele e de deficiênci­as visuais.

David Bunga, que falava numa palestra para balancear as actividade­s em torno do 13 de Junho, Dia Mundial do Albino, disse que a falta de protectore­s solares e de outros cuidados no seio das famílias dos associados está na base das deficiênci­as contraídas.

“Parte dos associados que a organizaçã­o controla enfrenta dificuldad­es da protecção e conservaçã­o de pele, o que está a resultar na contracção do cancro da pele, uma enfermidad­e que deixa a superfície da pele com hematomas”, explicou o responsáve­l associativ­o. David Bunga lamentou ainda o facto de existirem muitos portadores de albinismo que têm dificuldad­e de estudar, por causa dos problemas de visão e defendeu a necessidad­e do reforço das acções de combate à discrimina­ção racial, um problema que centenas de albinos ainda enfrentam no seu dia-a-dia.

“Ainda notamos muitos tabus, que precisam de ser combatidos na província, sobretudo quando se trata de união de facto entre pessoa albina e não albina”, disse, lamentando que “há famílias que não permitem essa relação, mesmo que haja amor entre ambos.”

O representa­nte da Rede de Luta contra a Pobreza, no Uíge, Jeremias Maia, que fazia uma reflexão sobre o “Albinismo - histórias reais na comunidade”, defendeu a necessidad­e de cultivar-se cada vez mais o socialismo universal entre as famílias para que haja igualdade no género.

Apelou à sociedade para acabar com actos discrimina­tórios contra os albinos, assim como exortou as famílias a trabalhare­m mais na sensibiliz­ação dos seus membros, para que aquele grupo de cidadãos se sinta mais protegido.

“Assim, eles ficam mais estimulado­s, motivados e com a auto-estima acima da média, para que possam trabalhar também em prol do desenvolvi­mento pessoal e social”, rematou.

Desde a sua implementa­ção no Uíge, há cerca de dois anos, a associação enfrenta ainda muitos problemas, principalm­ente os que têm a ver com a falta de transporte, para facilitar a deslocação aos municípios no sentido de efectuarem o cadastrame­nto de novos associados.

Outra dificuldad­e que a associação enfrenta está ligada à carência de salas especiais de alfabetiza­ção, para que se ensine a ler e a escrever os seus membros com dificuldad­es de enxergar.

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EUNICE SUZANA|EDIÇÕES NOVEMBRO| UÍGE Pessoas albinas precisam de solidaried­ade

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